América do Sul

Revisão de Tratado de Itaipu é um processo de integração, afirma presidente eleito do Paraguai

Segundo Santiago Peña, relações diplomáticas não podem ser 'ideologizadas"

Lula se encontra com Santiago Penã, o presidente do Paraguai Lula se encontra com Santiago Penã, o presidente do Paraguai  - Foto: Evaristo Sá/ AFP

A revisão do Tratado de Itaipu, prevista para agosto deste ano, e a maior integração entre os países sul-americanos, incluindo a Venezuela, foram temas discutidos, nesta terça-feira (16), em uma reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña.

Ele venceu a eleição com 95% e pertence ao conservador Partido Colorado.

Peña destacou a importância da usina hidrelétrica binacional Itaipu para a economia de seu país e lembrou que, neste ano, será revisado do chamado Anexo C, que trata da forma de pagamento pela energia comercializada.

Ele não entrou em detalhes sobre como seria essa negociação, mas afirmou que as conversas precisam levar em conta outros pontos de vista, além do financeiro.

— Nossa conversa não pode estar somente embasada em investimentos ou em dinheiro. Tem que ser realmente um processo de integração — afirmou, acrescentando que uma de suas promessas de campanha é a criação de 500 mil empregos nos próximos cinco anos.

O acordo que criou a hidrelétrica, com sede em Foz do Iguaçu (PR), completou 50 anos. No dia 13 de agosto, técnicos dos dois países vão revisar os termos financeiros, uma vez que as dívidas para a construção da usina foram quitadas.

Esta foi a primeira viagem de Peña ao exterior como presidente eleito. Ele destacou que tem “lindas lembranças” dos dois primeiros mandatos de Lula.

Santiago Peña citou o restabelecimento das relações de seu país com a Venezuela. Disse que foi uma decisão por ele anunciada antes das eleições e relatou ter comunicado sua posição em um telefonema ao presidente venezuelano Nicolás Maduro.

—Estou convencido de que esses próximos anos serão os melhores da história de nossos países — afirmou.

— Historicamente, sempre tivemos uma relação com o povo da Venezuela e isso não nos impedia que tivéssemos uma posição crítica ante a ausência de direitos humanos e de realização de eleições — ressaltou.

— Eu disse que [Lula] poderia contar comigo nesse processo de integração, onde todos os países temos que ser respeitosos das missões de cada um. Não podemos ideologizar as relações diplomáticas e a integração do nosso povo.

Ele relatou ter dito ao presidente brasileiro que apoiará o processo de integração na região. Mencionou como exemplos o Mercosul, a União de Nações Sul-Americanas (Unasul), a Comunidade dos Estados Latino -Americanos e Caribenhos (Celac) e o próprio Fórum para o Progresso de Desenvolvimento da América do Sul (Prosul), criado com o apoio de governos de direita, como o do Brasil na época de Jair Bolsonaro, em 2019.

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