RIO DE JANEIRO

Rio celebra chegada de 2024 com sentimento de esperança e pedidos de paz

Foi montado o maior esquema de segurança do Réveillon da cidade

Público à beira-mar da Praia de CopacabanaPúblico à beira-mar da Praia de Copacabana - Foto: Tércio Teixeira/AFP

O que é sinônimo de paz para você? Saúde? Dinheiro no bolso? Segurança? Igualdade social? Sossego? Na chegada do Ano-Novo, esses e outros votos costumam ser renovados em meio aos festejos da virada. No último dia de 2023 — um ano marcado por guerras no mundo e problemas na segurança no Rio — o desejo de paz em 2024 ganhou significados novos e mais profundos.

Morador de Campo Grande, com toda a família reunida ontem para o réveillon no calçadão de Copacabana, o supervisor técnico Fábio Luiz de Oliveira Teixeira, de 43 anos, falou sério. E bonito:

— Quero a paz da igualdade social, mais segurança, mais emprego e educação no Rio e no Brasil. Aqui muitas pessoas não têm oportunidades e educação. Qual o futuro de uma criança que nasce em uma comunidade?

Fábio apontou alguns caminhos: e um ano que começa bem tem mais chance de segui-los até o fim. O réveillon é o segundo maior evento da cidade, depois do Carnaval. Promete, segundo estudo da prefeitura, injetar R$ 3 bilhões na economia local — o que seguramente trará mais paz aos cofres do município. É de bom tom, portanto, que tudo corra bem com a atração principal da virada, a festa na Praia de Copacabana.

Para tentar garantir que todos celebrassem pacificamente a chegada de 2024, foi montado o maior esquema de segurança desde que o réveillon do bairro da Zona Sul carioca ganhou programação oficial com queima de fogos e shows que sempre atraem uma impressionante multidão.

Garrafas barradas
Para entrar na área da festa, todos tiveram que passar por bloqueios com detectores de metal e revista. Desavisados, que não sabiam da proibição de garrafas de vidro na área, tiveram que deixar para trás o espumante que seria usado para brindar o novo ano. Houve até quem, no improviso, transferiu o precioso líquido para garrafas plásticas. Suficiente para garantir o brinde.

Quem foi à praia passou ainda pelo crivo de câmeras com reconhecimento facial instaladas pela Polícia Militar. O equipamento cruzou as imagens captadas com um banco de dados de 28 mil foragidos da Justiça. Foi assim que Fábio Cardozo Bansemer, acusado de tentativa homicídio qualificado e que estava foragido desde março terminou o ano preso quando se encaminhava para a praia no acesso pela Rua Miguel Lemos. Ele foi levado para a 13ª DP (Ipanema). O esquema deu certo. Até as 22h nenhum registro de roubo ou furto havia sido feito na delegacia.

— Paz para mim está atrelada a segurança. Eu vim de metrô e me senti seguro, mas muitas vezes aqui no Rio a gente se sente exposto. Hoje eu estou me sentindo bem em Copacabana, o esquema que montaram fez muita diferença. Espero que continue assim em 2024— diz Ricardo Augusto, de 50 anos, morador da Tijuca.

Já o que tira a paz da aposentada Maria Helena, de 78 anos, é a saúde e a preocupação constante com a violência de gênero:

— Eu espero que tenha menos feminicídio, tivemos índices preocupantes neste ano. Como eu estou com um problema de saúde, quero que que em 2024 eu tenha a paz de superá-lo — disse a moradora de Campo Grande enquanto esperava ansiosa pela queima de fogos em Copacabana.

Se é verdade que o desejo de paz, no contexto carioca — e de boa parte do Brasil, diga-se —, está inapelavelmente ligado às questões de segurança pública, a força positiva que a chegada de um novo ano é capaz de emanar desperta nas pessoas a vontade que de expandir o conceito para algo ainda mais abrangente. É como pensa, por exemplo, o militar Paulo César Braga de Lima, de 67 anos, morador de Copacabana.

— A paz que quero em 2024 é saúde para mim e para a minha família, para todos de um modo geral. No mundo, tem que ter haver mais respeito e compreensão entre os povos e suas religiões. Se a economia mundial fosse mais estável ajudaria, não teria esse abismo tão grande entre os povos — acredita.

Agito na areia
Uma das palavras usadas para expressar ideia oposta a de paz é agitação. Nesse sentido, não é possível dizer que o clima nos palcos de Copacabana esteve pacífico. Longe disso. O público dançou e cantou muito com as apresentações de Tereza Cristina, Gloria Groove, Ludmilla, Belo, Jorge Aragão, Diogo Nogueira, entre muitos outros.

No show de Luísa Sonza, o agito ganhou uma dose extra, com as pessoas empolgadas reproduzindo a “coreografia de joelho” na praia. Em outros dez palcos espalhados pela cidade — da Praça Mauá, no Centro, à Praia de Sepetiba, na Zona Oeste — também sobrou animação com atrações musicais para todos os gostos.

Antes da festa começar pra valer, um pequeno susto. Uma das balsas com fogos, que estava fundeada no trecho próximo ao Posto 6, se soltou das amarras . Um rebocador conseguiu resgatar a embarcação já no trecho em frente ao hotel Copacabana Palace e reposicioná-la a tempo para o espetáculo.

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