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RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro: quem são as vítimas do tiroteio durante operação no Complexo de Israel

Seis pessoas são atingidas por tiros durante intenso confronto que fechou a Avenida Brasil; um idoso morreu baleado na cabeça

Uma das vítimas do tiroteio entre PMs e traficantes no Rio de JaneiroUma das vítimas do tiroteio entre PMs e traficantes no Rio de Janeiro - Foto: X/reprodução

Seis pessoas foram atingidas por tiros durante o tiroteio em operação policial no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quinta-feira. O confronto levou ao fechamento da Avenida Brasil.

No Hospital Federal de Bonsucesso, três pessoas foram atendidas. Renato Oliveira, de 48 anos, que foi baleado na cabeça, está sendo avaliado por neurologistas. O estado de saúde dele é gravíssimo.

Ele estava sentado em um banco do ônibus 493 (Central x Ponto Chic), da empresa Tinguá, cochilando, quando a bala o acertou.

O filho de Renato Oliveira chegou ao Hospital Federal de Bonsucesso antes das 9h, abalado com a notícia de que o pai fora baleado na cabeça dentro de um ônibus na Avenida Brasil. Ele não quis se identificar nem falar com a imprensa, saiu da unidade hospitalar para receber Adonias Cláudio dos Santos, de 39 anos, amigo de Renato que também estava no ônibus quando o tiroteio começou. Os dois deram um abraço emocionado e voltaram juntos para o hospital.

Segundo Adonias, o tiroteio começou rapidamente e obrigou os passageiros do ônibus Tinguá x Central a se jogarem no chão. Renato, contudo, não teve tempo de reação:

— Eu olhei para trás e vi o sangue saindo da cabeça dele. Como vai ser agora? Nós éramos vizinhos, nós víamos todo dia! A realidade do Brasil é essa, a gente sai de casa e não sabe se vai voltar.

Outro homem levou tiro no antebraço, foi atendido e teve alta. O terceiro internado foi ferido nas nádegas, informou a diretoria da unidade. Ele não foi identificado. Os três foram socorridos por equipes da Polícia Militar. A operação foi encerrada em razão da forte resistência dos criminosos.
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Outros três feridos foram levados para o Hospital Municipal Dr Moacyr Rodrigues do Carmo (HMMRC), em Duque de Caxias, segundo a Secretaria de Saúde daquele município.

As vítimas do tiroteio são: Paulo Roberto de Souza, de 60 anos, que chegou à unidade já morto, com um tiro na cabeça; Geneilson Eustáquio Ribeiro, de 49 anos, também ferido na cabeça, foi entubado e tem quadro gravíssimo; Alayde dos Santos Mendes, de 24 anos, baleado na coxa direita, em estado de saúde estável e em acompanhamento médico.

Funcionários e passageiros da Supervia também ficaram acuados devido ao tiroteio em estações da região. Cinco paradas suspenderam embarque e desembarque, por cerca de três horas. A Avenida Brasil foi reaberta às 8h30, podendo sofrer interdições intermitentes. Escolas e unidades de saúde foram impactadas, suspendendo as atividades nesta quinta-feira.

Operação encerrada antes do tempo
A porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudia Moraes, explicou que o tiroteio começou após traficantes reagirem à presença policial no Complexo de Israel. A operação acabou antes do previsto devido à forte resistência dos criminosos.

— As nossas tropas encontraram grande dificuldade em avançar no terreno. As regiões têm valas feitas pelos criminosos, o que atrapalha a entrada nas comunidades. A princípio, a informação que a gente tem é que as tropas devem se retirar, já que os criminosos estão com forte resistência — afirmou ao Bom Dia Rio.

Em nota, a Polícia Militar informou que equipes do 16º BPM (Olaria) estão realizando operação nas comunidades Cinco Bocas, Pica Pau e Cidade Alta, todas do Complexo de Israel. Segundo o comando da unidade, o objetivo da ação é coibir roubo de veículos e cargas. A ação teve início ainda de madrugada. Por volta das 4h, um blindado do batalhão entrou na Cidade Alta, que teria sido encurralado.

Escolas e unidades de saúde fechadas
Devido ao forte confronto nesta manhã, unidades de educação e de saúde foram fechadas.

O impacto na educação foi:

uma escola da rede estadual, segundo a Secretaria de Estado de Educação

três unidades municipais nas comunidades de Cinco Bocas e Pica-Pau

cinco escolas municipais em Vigário Geral e Parada de Lucas

oito unidades municipais na Cidade Alta

A Secretaria municipal de Saúde confirma que o Centro Municipal de Saúde (CMS) Iraci Lopes e a Clínica da Família Heitor dos Prazeres "acionaram o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspenderam o funcionamento" nesta manhã.

Já o CMS José Breves dos Santos suspendeu o início do funcionamento e "agora avalia a possibilidade da abertura". A pasta destaca que neste ano, até o momento, foram registrados 900 fechamentos temporários de unidades de saúde devido a episódios de instabilidade e violência em diversas regiões da cidade.

Momentos de tensão
O momento do confronto foi de pânico para quem passava pelo local. Passageiros e motoristas abandonaram carros, motos e ônibus e procuraram abrigo a fim de se proteger. Muitos chegaram a pular a mureta que separa as pistas em busca de abrigo.

Muitas pessoas desistiram de seguir viagem. Mesmo com a reabertura das pistas, que podem sofrer interdições intermitentes, muitos motoristas seguem receosos de trafegarem pela importante via expressa.

Segundo os passageiros de um ônibus, a vidraça do coletivo foi quebrada por eles mesmo, na tentativa de sair, uma vez que o motorista demorou para abrir as portas.

Segundo o Rio Ônibus, mais de 20 linhas de ônibus foram afetadas com o fechamento da Avenida Brasil e todas as linhas que tem o centro da cidade como destino estão prejudicadas. Em nota, reforçaram que "mais um dia em que o direito de ir e vir da população carioca é prejudicado pela falta de segurança pública da cidade".

Cidade em estágio 2
O Centro de Operações da Prefeitura do Rio informa que o município do Rio de Janeiro entrou no estágio 2 às 8h35 desta quinta-feira, em razão de uma troca de tiros que interdita a Avenida Brasil, na altura da Cidade Alta, e afeta significativamente o corredor Transbrasil.

Segundo o COR, no momento, Avenida Brasil com interdições intermitentes, mas com reflexos nos dois sentidos, causando impactos na mobilidade urbana.

'Descontrole da segurança'
Em vídeo publicado no X, o prefeito Eduardo Paes comentou o fechamento da Avenida Brasil em recado ao secretário de Segurança Pública, Victor Cesar Carvalho dos Santos. Os dois travaram um impasse nesta quarta-feira ao falarem sobre a confusão generalizada no Recreio, na Zona Oeste da cidade, com torcedores do uruguaio Peñarol.

"Essa loucura que está acontecendo hoje na Avenida Brasil, principal via da cidade. Fechando trem, BRT, carros parados, pessoas atrás das muretas. Essa vergonha que mostra o total descontrole da segurança [...] Secretário, você vai ser cobrado pelo prefeito porque a cidade não aguenta mais essa irresponsabilidade. A cidade está entregue à criminalidade, sem que a gente veja uma política de segurança pública", afirmou Paes.

Mobilidade na região
Às 10h, a Supervia informou que o Ramal Saracuruna entrou em processo de normalização. As estações Penha Circular, Brás de Pina, Cordovil, Parada de Lucas e Vigário Geral foram reabertas após cerca de três horas com serviço suspenso.

Às 9h15, a Mobi-Rio, que opera o sistema BRT, informou que, com a liberação da via, os intervalos das linhas que operam no corredor Transbrasil estão em processo de normalização. Mais cedo, no momento do confronto, a circulação no corredor foi temporariamente suspensa.

A Avenida Brasil foi reaberta às 8h30, mas os motoristas ainda evitam passar pela via, que pode sofrer interdições intermitentes. O Centro de Operações Rio (COR) indica rotas alternativas para os motoristas evitarem a região no momento.

Saindo da Baixada Fluminense ou Centro, a indicação é a Linha Vermelha.

Saindo da Zona Oeste, uma das rotas indicadas é Estrada Intendente Magalhães, Rua Goiás, Avenida Marechal Rondon e Avenida Rei Pelé. Outra é seguir Avenida Pastor Martin Luther King Jr., Linha Amarela e Linha Vermelha.

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