Rodoviários aprovam indicativo de greve dos ônibus em mais duas empresas do Grande Recife
Com isso, o indicativo já foi aprovado em um total de 10 permissionárias; e expectativa é de greve geral nos próximos dias
Os rodoviários aprovaram, na manhã desta terça-feira (6), o indicativo de greve - um aviso legal que indica uma possível paralisação - em mais duas empresas: São Judas Tadeu e Caxangá.
Com isso, o indicativo já foi aprovado em um total de 10 permissionárias de ônibus do Grande Recife. No momento, a expectativa é de uma paralisação geral da categoria, ainda sem data para acontecer. Os trabalhadores buscam, entre outras demandas, reajuste salarial e implementação de plano de saúde.
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Desde a semana passada, o Sindicato dos Rodoviários realiza assembleias, logo no início da manhã, nas empresas de ônibus da região. Além da São Judas Tadeu e Caxangá, eles já passaram por Borborema, Metropolitana, Itamaracá, Globo, Consórcio Recife, Viação Mirim, Rodotur e Vera Cruz.
Falta agora fazer a assembleia com os trabalhadores das empresas Cidade Alta e Mobibrasil. A reunião acontece nesta quarta-feira (7). A expectativa, para ambas permissionárias, é de aprovação da categoria pelo indicativo.
"A expectativa é que tenha greve. A categoria não tá concordando com o que os empresários estão oferecendo. Depois da quarta-feira a gente vai anunciar que a categoria está pedindo por greve, e esperar o posicionamento dos empresários. Estamos abertos a negociação", contou o secretário-geral do Sinsicato dos Rodoviários, Josival Costa, em contato com a Folha de Pernambuco.
Vale ressaltar, ainda, que essas assembleias costumam causar transtornos para os passageiros, já que os ônibus acabam por sair atrasados das garagens. Nesta terça, por exemplo, esse atraso foi de duas horas nas empresas impactadas - veículos que deveriam ter começado a rodar às 3h30, foram para as ruas apenas às 5h30, segundo o sindicato.
As assembleias acontecem em meio a um movimento de pressão da categoria, que começou com um protesto no Centro do Recife no último dia 26 de julho. Na ocasião, eles buscavam um posicionamento do Governo do Estado sobre a pauta, e afirmaram que podem "protestar mais" caso não haja um acordo.
O que diz a Urbana-PE
A reportagem entrou em contato com a Urbana-PE, que afirmou, por meio de nota, que o sindicato "continua realizando paralisações ilegais do serviço de transporte público por ônibus". O impacto das assembleias desta terça, segundo a empresa, afetou permissionárias " responsáveis pelo deslocamento diário de 225 mil pessoas".
Veja, abaixo, a nota oficial abaixo.
A Urbana-PE informa que o Sindicato dos Rodoviários continua realizando paralisações ilegais do serviço de transporte público por ônibus. Hoje mais mais duas empresas tiveram as suas garagens bloqueadas pelas lideranças rodoviárias, causando novos transtornos para a população e para a economia local. As empresas afetadas nesta terça-feira (06) são responsáveis pelo deslocamento diário de 225 mil pessoas. Esta foi a sexta paralisação ilegal em apenas uma semana, e a 28ª em 2024. As paralisações ilegais desta última semana ocorrem sob o pretexto de deliberação sobre a negociação coletiva da categoria, mas as lideranças têm impedido a circulação dos ônibus para discutir temas que sequer constam nas convocações, como a arrecadação de fundos para o custeio do Sindicato dos Rodoviários. Reiteramos que é inaceitável que a população continue refém de uma minoria política, muitos sem qualquer vínculo com os rodoviários, que, de forma irresponsável e inconsequente, vem prejudicando sistematicamente o direito de ir e vir da população.
Reprovação das propostas
Os rodoviários negociam reajustes com a Urbana-PE, que gere as empresas de transporte no Grande Recife, há cerca de um mês. Segundo o sindicato, no entanto, as propostas que não apresentaram melhorias significativas. Os motoristas alegam ainda que a empresa é capaz de oferecer, financeiramente, condições melhores do que foi proposto até agora.
Uma das propostas atuais é de 0,5% de aumento do salário acima da inflação. O pedido dos rodoviários, no entanto, foi de 5% de reajuste real.
A Urbana-PE propôs, ainda, um valor de R$ 400 para o vale-alimentação, além de um abono de R$ 180 para quem exerce a dupla função - também não aceitos pela categoria. Há, ainda, a instituição de um plano de saúde para os trabalhadores, que até hoje não contam com o benefício, assim como o controle das horas trabalhadas.
Relembra a última greve
No ano passado, entre os dias 26 e 31 de julho, a população do Grande Recife passou por dificuldades na última greve dos rodoviários.
Em seis dias de paralisação, usuários do transporte público da região enfrentaram longas filas e ônibus lotados - nos poucos veículos que seguiram rodando após contratos temporários das empresas.
À época, a categoria conseguiu reajuste salarial de 4%, além do abono de 70% dos dias de greve para os trabalhadores. Houve também a compensação das horas extras ou complementares, ponto importante para o sindicato.
De lá para cá, no entanto, o clima não esfriou. Somente neste ano a categoria já realizou diversos protestos, com paralisação dos ônibus. As motivações, dentre outras, são cobranças por melhoria das condições de segurança para os trabalhadores, que passaram por casos de violência recorrentes.