Rodoviários param ônibus no Centro do Recife em protesto contra violência sofrida pela categoria
Segundo o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, o problema da segurança é antigo e afeta tanto usuários quanto os profissionais
Um ato organizado pelo Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco paralisou a circulação de ônibus no Centro do Recife, no final da manhã desta quarta-feira (21). Alguns veículos foram estacionados sobre a ponte Duarte Coelho e na avenida Guararapes.
De acordo com o sindicato, a mobilização é em reação à violência sofrida por rodoviários.
"Não vamos tolerar mais tanta violência, fica cada dia mais evidente a necessidade de outro trabalhador no ônibus junto com o motorista. Para nós rodoviários basta, não nos falta coragem para lutar. Outros protestos ocorrerão se nada for feito por parte do público", afirma nota enviada pela entidade.
A Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) informou que os rodoviários ocupam uma faixa da via e ainda não há desvios feitos por agentes.
Segundo o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, o problema da segurança é antigo e afeta tanto usuários quanto os profissionais. "Os passageiros sofrem com isso, os motoristas também, e os órgãos competentes não dão uma solução, sequer elaboram uma política de combate à violência no transporte público", disse.
"Os rodoviários se queixam dos assaltos, os casos de vandalismo, a prática do 'surfe' nos veículos, agressões que os motoristas vêm sofrendo constantemente, entre outros problemas. Os responsáveis pela segurança pública no estado precisa se fazer presente nessas discussões, o que não tem acontecido. Assim, o sindicato não encontra outra alternativa a não ser denunciar essa realidade através da manifestação", completou Aldo.
Ao longo da paralisação, os passageiros que pegam ônibus nos arredores da Avenida Guararapes precisaram se deslocar em direção a rotas alternativas; alguns, como a marisqueira Gleice Carla, 41, desceram dos veículos para aguardar o fim da manifestação. "Prejudica a gente, mas também temos que ver o lado do motorista, que também é o nosso, já que a violência afeta a todos", disse.
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"Tem que protestar para ver se chega a algum lugar, estamos correndo riscos também. Já presenciei assaltos e até ameaças a motoristas que não deixaram as pessoas pularem catracas", completou a passageira.
A Urbana emitiu, na tarde desta quarta-feira (21), nota de repúdio ao ato.
Confira o comunicado na íntegra:
A Urbana-PE repudia a paralisação ilegal do serviço de transporte público por ônibus promovida nesta quarta-feira (21) pelo Sindicato dos Rodoviários. As empresas foram surpreendidas pelo movimento e sequer foi apresentada uma pauta com os pleitos dos rodoviários. A paralisação também não observa a antecedência mínima exigida aos serviços essenciais.
Conforme apurado na imprensa, a paralisação foi motivada por questões de segurança e atos de violência contra rodoviários. A Urbana-PE se preocupa com a causa e vem dialogando com o Governo do Estado e com o órgão gestor em busca de soluções para prover maior segurança ao serviço de transporte público. Entretanto, desrespeitar a população e prejudicar a economia local não é maneira adequada para alcançar os resultados desejados.
Movimentos dessa natureza têm sido utilizados reiteradamente pelas lideranças rodoviárias nos últimos anos. Diante disso, Urbana-PE informa que o Tribunal Superior do Trabalho publicou um acórdão no mês de maio deste ano declarando abusividade das paralisações realizadas em setembro de 2020, similares à desta quarta-feira, atestando motivação política e destacando irregularidades, como o descumprimento da Lei 7.783/1989, que exige aprovação do movimento pela categoria em assembleia, garantia de serviços essenciais e comunicação prévia.
A Urbana-PE informa ainda que tomará as devidas providências para evitar novos transtornos à população e à economia local.
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) também emitiu nota nesta quarta-feira (21).
A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco vem realizando esforços no enfrentamento à violência no sistema de transporte coletivo. Estão em curso diversas ações de prevenção e repressão que já mostram resultados positivos na redução desse tipo de crime, através da Força-Tarefa Coletivos e das Operações Agamenon Magalhães e Transporte Seguro.
Somente este ano, foram presos 20 acusados de roubos em coletivos, com ações coordenadas pela Força-Tarefa Coletivos. A FT Coletivos já realizou seis reuniões este ano, nas quais se estuda o perfil das ocorrências, com mapeamento das áreas e horários de maior incidência desse crime. Isso permite identificar mais rapidamente os grupos criminosos ou os indivíduos que praticam esse tipo de delito.
Pela Polícia Militar, a Operação Transporte Seguro se faz presente nos terminais e nos principais corredores de circulação de ônibus com efetivo reforçado na Região Metropolitana. Nos fins de semana, a Operação Viagem Segura combate o "surf" em ônibus. Também está reforçada a atuação do Batalhão de Choque e das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam) com foco na segurança dos usuários e trabalhadores do transporte coletivo.
A partir dessas estratégias, os crimes no sistema de transporte público vêm caindo nos últimos três meses. Somente em maio, foram registradas 36 ocorrências de roubo a ônibus, contra 42 em maio do ano passado (queda de 14,28%). Em abril, manteve-se o índice de 48 ocorrências tanto em 2022 quanto em 2023. Já em março, a diminuição foi de 12,5%, com 8 casos a menos em relação ao ano passado (de 64 para 56).