Rússia abre investigação por 'terrorismo internacional' após suposta sabotagem em gasoduto
Conselho de Segurança da ONU se reunirá, nessa sexta-feira (30), a pedido da Rússia para discutir a suposta sabotagem
Suspeita de sabotar os gasodutos Nord Stream no mar Báltico, a Rússia contra-atacou nesta quarta-feira (28), abrindo uma investigação por "terrorismo internacional" e acusou implicitamente os Estados Unidos.
"A partir dos elementos apresentados pela Procuradoria-geral russa [...], o órgão de investigação dos FSB [serviços de segurança russos], uma ação criminal foi iniciada com uma investigação preliminar", declarou a Procuradoria em nota divulgada no Telegram, na qual destacou o "grave prejuízo econômico" que o incidente causou na Rússia.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá nessa sexta-feira (30) a pedido da Rússia para discutir a suposta sabotagem, anunciaram, nesta quarta (28) Suécia e França.
Porém, há muitas dúvidas sobre os vazamentos de gás, mas na Suécia, onde os serviços de inteligência foram encarregados de investigar os fatos, a hipótese de sabotagem deliberada parece se confirmar. A Polícia de Segurança Sueca (SAPO) anunciou que conduziria uma investigação e mencionou em nota uma "sabotagem qualificada".
Na véspera, a Ucrânia denunciou um "ataque terrorista planejado" pela Rússia "contra a Europa".
Já a diplomacia russa acusou implicitamente os Estados Unidos, pedindo "respostas" ao presidente Joe Biden sobre a eventual implicação de seu país nos vazamentos.
O pedido foi feito pela porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, com base em uma declaração de Biden feita em fevereiro, quando afirmou que "se a Rússia invadisse [a Ucrânia], não haveria mais Nord Stream 2".
Ainda são desconhecidas as causas dos vazamentos detectados em dutos do Nord Stream 1 e 2, que conectam Rússia e Alemanha.
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Acusar os Estados Unidos é "ridículo"
A Casa Branca classificou como "ridícula" a hipótese de envolvimento de Washington nas supostas sabotagens.
"Todos sabemos que a Rússia tem um amplo histórico de divulgação de notícias falsas e o faz novamente", disse Adrienne Watson, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, chamou de "estúpida e absurda" a suspeita sobre a Rússia e destacou "os benefícios dos fornecedores americanos de gás natural liquefeito, que multiplicaram suas entregas ao continente europeu" desde o início da guerra.
A União Europeia (UE) advertiu que qualquer possível ataque contra suas infraestruturas energéticas enfrentará "uma resposta robusta", nas palavras do chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell. As informações disponíveis indicam que os vazamentos foram provocados por explosões em um "ato deliberado", afirmou uma declaração em nome dos 27 membros da UE.
A Alemanha informou que reforçará a vigilância para proteger suas infraestruturas críticas.
A estimativa é que os dutos danificados sejam inspecionados entre uma e duas semanas, devido a uma ebulição provocada pelos vazamentos, informou o ministro dinamarquês da Defesa, Morten Bødskov. O diretor da autoridade dinamarquesa de Energia, Kristoffer Böttzaw, indicou que "claramente a maior parte do gás já saiu dos dutos" e que o restante deve vazar "até domingo".
Os vazamentos foram identificados na segunda em frente à ilha dinamarquesa de Bornholm, entre o sul da Suécia e a Polônia.
Tensão geopolítica
As duas tubulações do gasoduto Nord Stream estão no centro das tensões geopolíticas nos últimos meses. São administrados por um consórcio formado pela gigante russa Gazprom e grupos ocidentais e não estão em operação devido à guerra na Ucrânia. Porém, ambos estavam cheios de gás.
O gasoduto Nord Stream 2, concluído em 2021, deveria dobrar a capacidade de exportação da Rússia para a Alemanha. Mas seu desenvolvimento foi suspenso por represálias ocidentais contra Moscou devido ao conflito.
Os vazamentos afastam a perspectiva de que o fornecimento de gás para a Europa através do Nord Stream 1 seja retomado em um futuro próximo. A Gazprom reduziu gradativamente os volumes destinados à Europa até que, no final de agosto, paralisou o duto, alegando que as sanções ocidentais atrasaram sua manutenção.
Os europeus, muito dependentes do gás russo, acusam Moscou de utilizar o abastecimento de gás como arma de guerra.