Rússia admite que bombardeio ucraniano danificou um de seus navios na Crimeia
O ataque representa uma vitória para Kiev, que tenta demonstrar que pode manter a frota russa afastada da costa ucraniana, mesmo que não consiga impedir o avanço dos militares russos
A Rússia reconheceu, nesta terça-feira (26), que um de seus navios foi danificado em um ataque ucraniano em Feodosia, na península anexada da Crimeia, uma nova derrota para Moscou no Mar Negro, no momento em que reivindica avanços na área.
Por outro lado, o comandante em chefe das Forças Armadas ucranianas, Valeriy Zaluzhny, informou que suas tropas tinham recuado para os subúrbios de Marinka, uma localidade no leste do país que a Rússia afirma ter conquistado.
O presidente russo, Vladimir Putin, foi informado dos "danos" sofridos pelo navio de desembarque "Novocherkassk" por seu ministro da Defesa, Sergei Shoigu, disse à imprensa o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov, sem dar mais detalhes.
O Ministério da Defesa, citado pela agência RIA Novosti, informou que o navio foi "danificado durante a noite em um ataque das Forças Armadas ucranianas, que utilizaram mísseis de cruzeiro" na cidade de Feodosia.
O Exército ucraniano afirma ter "destruído" o navio que, segundo ele, transportava drones Shahed, de fabricação iraniana, utilizados por Moscou no conflito contra Kiev.
No Telegram, as forças ucranianas informaram que fizeram uso de mísseis de cruzeiro da "aviação tática" no ataque ocorrido por volta das 2h30 (21h30 em Brasília).
O comandante da Força Aérea, Mykola Oleshchuk, divulgou um vídeo no qual é possível ver uma explosão e chamas.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou, por sua vez, que o navio afundou e comentou, em tom irônico, o bom trabalho de seu Exército, ao adicionar "um novo navio à frota submarina russa no Mar Negro".
Segundo o governador da Crimeia, Sergei Aksionov, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas no ataque ucraniano à cidade situada nesta península anexada por Moscou em 2014.
Seis edifícios sofreram danos, e os moradores precisaram deixar suas residências nesta cidade que possui um importante porto comercial às margens do Mar Negro.
'Grande vitória'
O ataque representa uma vitória para Kiev, que tenta demonstrar que pode manter a frota russa afastada da costa ucraniana, mesmo que não consiga impedir o avanço dos militares russos no "front".
O Exército da Ucrânia conseguiu afastar os navios de Moscou do sudoeste do Mar Negro e reabrir um corredor marítimo para exportar cereais ucranianos.
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Zelensky comemorou o que classificou de "grande vitória da Ucrânia no Mar Negro".
Embora o porto da frota russa no Mar Negro esteja localizado em Sebastopol, a cerca de 190 km de Feodosia, vários navios russos estão atualmente estacionados no porto desta cidade, segundo a imprensa local.
O Mar Negro é uma importante rota para as exportações de cereais da Ucrânia, uma das maiores produtoras de grãos do planeta.
Também é estratégico para a Rússia, que o utiliza para enviar suprimentos para suas tropas no sul da Ucrânia.
As operações de Kiev no Mar Negro são um de seus poucos triunfos militares este ano, uma vez que, após várias recuos dos russos em 2022, a linha de frente de batalha permanece quase inalterada e, nas últimas semanas, as tropas de Moscou intensificaram sua pressão nas regiões leste e sul.
Na segunda-feira (25), o Exército russo anunciou que havia tomado o controle da cidade de Marinka, no leste, o que foi desmentido por Kiev.
Hoje, militares ucranianos disseram que o país foi alvo de uma nova ofensiva de drones Shahed, sobretudo, nas províncias de Kherson e Odessa. Treze dos 19 drones russos foram interceptados, segundo a mesma fonte.
Recuo aos subúrbios de Marinka
A Ucrânia confirmou nesta terça que teve que se retirar para os subúrbios de Marinka, localidade situada perto da cidade ocupada de Donetsk.
"Que tenhamos nos deslocado para a periferia de Marinka e, em alguns lugares, para além dos limites da localidade, não deve causar indignação geral", declarou o general Valeriy Zaluzhny, comandante em chefe das Forças Armadas ucranianas, em coletiva de imprensa em Kiev.
Segundo ele, os soldados ucranianos ainda estão na parte norte da cidade, mas suas forças "prepararam uma linha de defesa fora desta localidade" para onde recuar.
Marinka, que costumava ser uma praça fortificada, "já não existe", afirmou, em referência à destruição.
O ministro da Defesa russo assegurou nesta terça que seu Exército "continua tomando posições mais favoráveis e