Rússia afirma que impediu tentativa de "invasão" ucraniana na fronteira após bombardear Kiev
O bombardeio mais recente aconteceu na madrugada desta quinta-feira (1º) e deixou três mortos no bairro de Desnyanskyi
A Rússia afirmou, nesta quinta-feira (1º), que impediu uma tentativa de "invasão" ucraniana na região fronteiriça de Belgorod, onde intensos bombardeios levaram seus moradores a fugir.
As autoridades ucranianas anunciaram horas antes que Kiev havia sido bombardeada de novo e que três pessoas morreram.
A capital da Ucrânia foi alvo de vários bombardeios noturnos em maio, além de um incomum ataque diurno na segunda-feira passada, que obrigou os moradores a se refugiarem em abrigos.
Moscou afirmou, na quinta-feira, ter evitado uma tentativa da Ucrânia de "invadir" a região de Belgorod com tanques e soldados.
"Por volta das 03h, unidades ucranianas formadas por até duas companhias de infantaria motorizada, reforçadas com tanques, tentaram invadir" o território, alertou, em nota, o Ministério da Defesa russo, acrescentando que "até 70" homens armados haviam "participado do ataque".
A ação foi antecedida pelo "bombardeio de instalações civis", depois que "três ataques de grupos terroristas ucranianos foram repelidos" pelos militares russos, apoiados pela aviação, que efetuou 11 bombardeios, e pela artilharia, que realizou 79, prosseguiu.
"No total, foram eliminados mais de 50 terroristas ucranianos, quatro veículos blindados de combate, um veículo lança-foguetes múltiplo BM-21 Grad e uma caminhonete", detalhou o ministério russo da Defesa.
Um grupo chamado "Corpo de voluntários russos", composto por combatentes russos pró-Kiev e que havia reivindicado um papel na incursão em Belgorod na semana passada, afirmou na quinta-feira que seus homens travaram combates no território russo próximo a Shebekino, um distrito dessa mesma região.
Até o momento, não foi possível verificar essa informação de maneira independente.
Bombardeios ininterruptos
Os bombardeios e as incursões aumentaram nas últimas semanas na Rússia, ao mesmo tempo em que Kiev afirma que está finalizando uma grande contraofensiva para recuperar os territórios ocupados por Moscou desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.
O governador de Belgorod, Vicheslav Gladkov, informou sobre "bombardeios ininterruptos" no distrito de Shebekino, de 40.000 habitantes, onde 12 pessoas ficaram feridas.
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Na cidade homônima de Belgorod, duas pessoas ficaram feridas nesta quinta-feira, após a queda de um drone, indicou o governador.
"Um artefato desconhecido explodiu em Belgorod. Segundo as primeiras informações, um drone caiu em cima de uma calçada. Há dois feridos", informou ele pelo Telegram, acompanhando sua mensagem com a fotografia dos supostos restos do equipamento.
Diante do aumento das incursões e dos ataques na região fronteiriça, as autoridades anunciaram, na quarta-feira, o início da retirada dos moradores do local.
Gladkov informou, nesta quinta, que pessoas de Shebekino já estavam chegando, entre elas, menores de idade.
"O maior centro de acolhida temporário municipal enche progressivamente, por isso todos os que chegam de Shebekino são enviados de forma de organizada para outros centros vazios", disse Gladkov.
A Rússia denunciou a falta de condenações após os bombardeios ucranianos em Belgorod.
"A comunidade internacional tem todas as possibilidades de ver imagens, de ler artigos onde se descrevem os bombardeios contra edifícios residenciais", declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"E não há ainda uma só palavra criticando ou condenando o regime de Kiev por isso", acusou.
Mais de um ano depois do início da invasão, a Rússia começou a sofrer ataques em seu território. Na terça-feira, foi registrada uma incursão sem precedentes com drones em Moscou, o que provocou um grande choque entre os moradores da capital.
"A situação é realmente alarmante", disse Peskov na quarta-feira, antes de atribuir o aumento dos ataques às potências ocidentais.
Kiev negou qualquer "envolvimento direto" no ataque contra Moscou.
Três mortos em Kiev
A Força Aérea ucraniana conseguiu interceptar e derrubar 10 mísseis balísticos e de cruzeiro que a Rússia lançou a partir da região de Briansk, no sul.
O prefeito da capital, Vitali Klitschko, informou que três pessoas morreram perto de uma clínica quando tentavam chegar a um refúgio.
"O fragmento de um foguete caiu na entrada de um centro médico quatro minutos após o anúncio de um ataque aéreo. E as pessoas estavam tentando procurar abrigo", declarou.
O ministro do Interior, Igor Klymenko, afirmou que as pessoas morreram porque o refúgio ao qual tentavam chegar estava fechado.
O marido de uma das vítimas, Yaroslav Ryabchuk, confirmou que o local estava fechado e que tentou procurar ajuda.
"Quando retornei, já havia muito sangue. Crianças e mulheres no chão. Havia gritos e poeira", contou à AFP.
O homem, que tem vários filhos, perdeu a esposa no ataque. "Nada mais importa", lamentou.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou a Rússia de "aterrorizar" a população civil. Moscou, no entanto, alega que ataca apenas instalações militares.