Rússia anuncia retirada de civis de Kherson ante contraofensiva da Ucrânia
Anúncio foi feito em meio a campanha de bombardeios russos que destruiu, em cerca de uma semana, 30% das centrais elétricas da ex-república soviética
O Exército russo anunciou, nesta terça-feira (18), que prepara a retirada dos moradores da cidade ucraniana de Kherson, ante uma contraofensiva que não lhe dá trégua, anunciou, nesta terça-feira, o comandante das tropas russas na Ucrânia.
O anúncio foi feito em meio a uma campanha de bombardeios russos que destruiu em pouco mais de uma semana 30% das centrais elétricas da ex-república soviética, segundo autoridades de Kiev.
Os bombardeios fazem parte da resposta a uma contra-ofensiva que permitiu às forças ucranianas recuperar milhares de quilômetros quadrados no sul e no leste conquistados pelas tropas russas após a invasão ao país, em 24 de fevereiro.
O general Sergei Surovikin, no comando das tropas russas na Ucrânia há 10 dias, ordenou a preparação de uma operação de retirada dos civis de Kherson (sul), principal cidade da região homônima, formalmente anexada por Moscou.
"O Exército russo irá garantir, antes de tudo, a evacuação segura da população" de Kherson, onde os bombardeios ucranianos à infraestrutura civil "criam uma ameaça direta", declarou Surovikin ao canal público Rossia 24. "A situação na zona da operação militar especial pode ser descrita como tensa. O inimigo não cede em suas tentativas de atacar as posições das forças russas", descreveu.
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O Exército russo havia relatado anteriormente um avanço na região leste de Kharkiv, o primeiro desde o lançamento da contraofensiva ucraniana, no começo do verão local.
Situação crítica
"Desde 10 de outubro, 30% das centrais ucranianas foram destruídas, o que provocou cortes em massa de eletricidade em todo o país", tuitou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Atualmente, 1.162 localidades (...) estão sem eletricidade", informou o porta-voz dos serviços de emergência, Oleksandr Khorunzhyi, depois que a Rússia voltou a atacar a infraestrutura energética nesta manhã. Nos últimos dias, a Rússia realizou cerca de "190 bombardeios com mísseis, drones suicidas e artilharia em 16 regiões ucranianas", apontou Khorunzhyi. Nessa ofensiva, 70 pessoas foram mortas e 240 ficaram feridas, acrescentou.
Após os ataques desta terça-feira, Volodimir Zelensky reiterou a recusa a negociar com o presidente russo, Vladimir Putin. A intenção das tropas de Moscou, denunciou, é "aterrorizar e matar civis".
O Exército russo confirmou que bombardeou infraestruturas de energia ucranianas. Várias localidades da região de Zhytomyr, ao oeste de Kiev, e a cidade de Dnipro ficaram sem energia elétrica.
"A situação é atualmente crítica em todo o país, porque nossas regiões dependem umas das outras", declarou o representante da presidência Kirilo Tymoshenko. "Todo o país deve se preparar para cortes no fornecimento de energia, água e aquecimento", acrescentou.
Os bombardeios russos das últimas horas atingiram Kiev, Kharkiv (leste), Mikolaiv (sul) e as regiões de Dnipro e Zhyomyr (centro). "A cidade não tem energia elétrica nem água", afirmou o prefeito desta última, Serguei Sukhomlin. "Os hospitais funcionam com energia de reserva."
A Ucrânia acusou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) de negligenciar o destino dos prisioneiros ucranianos capturados pelos russos, os quais a organização internacional ainda não visitou. "Infelizmente, a cada intercâmbio constatamos que a falta de ação do CICV levou nossos prisioneiros de guerra e reféns civis a serem torturados diariamente mediante a fome e a eletrocussões", afirmou o encarregado de direitos humanos ucraniano Dmytro Lubinets.
Drones do Irã
A Ucrânia afirmou que a Rússia usa drones suicidas de fabricação iraniana em seus ataques e pediu que sejam impostas novas sanções contra Teerã. O Ministério da Defesa ucraniano afirmou que suas tropas derrubaram 38 aviões não tripulados Shahed-136 de fabricação iraniana nas últimas 24 horas.
Segundo Volodimir Zelensky, "o fato de a Rússia pedir ajuda ao Irã é o reconhecimento do Kremlin de seu fracasso militar e político". O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Nasser Kanani, afirmou que essas acusações "não têm fundamento" e "são baseadas em informações falsas".
O governo russo indicou que ignorava se seu Exército usava drones iranianos na Ucrânia. "É usada tecnologia russa com nomes russos", afirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.