Rússia ataca infraestruturas portuárias ucranianas perto da Romênia
A capital Kiev também foi alvo de dispositivos explosivos, mas todos foram derrubados
Vários ataques russos com drones provocaram danos significativos nesta quarta-feira (2) às infraestruturas portuárias da Ucrânia no Danúbio, cruciais para a exportação de grãos.
A capital Kiev também foi alvo de dispositivos explosivos, mas todos foram derrubados, segundo as autoridades ucranianas.
Dois pequenos portos fluviais ucranianos na fronteira com a Romênia, Reni e Izmail, na região de Odessa, se tornaram a principal rota de saída para os produtos agrícolas ucranianos desde que a Rússia abandonou, no fim de julho, o acordo que permitia a Kiev exportar cereais apesar da guerra.
Desde então, Moscou intensificou os ataques contra as infraestruturas portuárias ucranianas.
Os drones, do tipo Shahed e de fabricação iraniana, atingiram o sul da região de Odessa, informou o exército ucraniano no Telegram, sem mencionar a localização. O comunicado destaca que "o alvo evidente do inimigo era a infraestrutura portuária e industrial da região".
A Procuradoria-Geral da Ucrânia afirmou em um comunicado que "as instalações portuárias e a infraestrutura industrial no Danúbio foram afetadas": um elevador, vários silos de grãos, tanques de terminais de carga, depósitos e áreas administrativas foram atingidos.
As autoridades ucranianas informaram que esses ataques "danificaram" quase 40.000 toneladas de grãos destinados à exportação.
Os ataques provocaram um incêndio, mas nenhuma vítima foi relatada, segundo o governador da região, Oleg Kiper.
As autoridades ucranianas, que divulgam poucas informações e não autorizam o acesso da imprensa aos portos - considerados estratégicos -, não citaram os locais exatos atingidos pelos ataques.
Porém, como o gabinete da Procuradoria de Izmail assumiu a investigação, tudo indica que a destruição aconteceu neste distrito.
O porto de Reni também foi atacado em 24 de julho pela Rússia.
"Inaceitável"
Os bombardeios nessa área começaram após o fim do acordo que, sob os auspícios da ONU e da Turquia, havia permitido a exportação de 33 milhões de toneladas de grãos e oleaginosas ucranianos, apesar da invasão russa.
Neste sentido, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan disse em um telefonema a seu homólogo russo, Vladimir Putin, que "nenhuma medida deve ser tomada para aumentar as tensões na guerra entre Rússia e Ucrânia".
Ele também destacou a importância do acordo, que vê como uma "ponte para a paz", segundo um resumo da conversa do gabinete do líder turco.
Na mesma ligação, Putin pediu a Erdogan que ajude a Rússia a exportar grãos para "os países mais necessitados" devido à escassez de alimentos.
"Há um desejo de cooperar nesta área com a Turquia", disse o Kremlin em um comunicado nesta quarta-feira com um resumo da conversa.
A Rússia também anunciou nesta quarta-feira que iniciou exercícios navais no mar Báltico, envolvendo cerca de 30 navios de guerra. Durante os exercícios, a Marinha praticará a proteção das rotas marítimas, o transporte de tropas e cargas militares e a defesa da costa, de acordo com o Ministério da Defesa da Rússia.
O presidente da Romênia, Klaus Iohannis, denunciou no antigo Twitter, agora renomeado X, que "os ataques contínuos da Rússia contra a infraestrutura civil ucraniana no Danúbio, perto de seu país, são inaceitáveis".
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, afirmou que "o mundo deve reagir" e denunciou "os terroristas russos que voltam a atacar portos, grãos e a segurança alimentar mundial".
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Nesta quarta-feira, a França acusou a Rússia de colocar em risco "deliberadamente" a segurança alimentar mundial "destruindo infraestruturas essenciais".
Em Lisboa, o papa pediu que a Europa seja uma "construtora de pontes" para a paz na Ucrânia.
Antes dos portos do Danúbio, as tropas russas atacaram as infraestruturas portuárias ucranianas do Mar Negro diversas vezes nas últimas semanas, em particular Odessa, a partir de onde os cereais ucranianos eram exportados.
Kiev também foi alvo de um ataque de drones nesta quarta-feira. O comandante da administração militar da capital, Sergiy Popko, informou que vários drones Shahed entraram ao mesmo tempo na cidade a partir de várias direções.
"Todos os alvos, mais de 10 drones, foram detectados e destruídos a tempo", declarou.
Destroços dos aparelhos caíram em três distritos, mas não provocaram vítimas, apenas danos em áreas não residenciais e algumas estradas.