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Rússia celebrará vitória de 1945, apesar do coronavírus

O desfile militar estava inicialmente agendado para 9 de maio, como acontece todo o ano, mas foi adiado devido à disseminação do novo coronavírus

Vladimir Putin, presidente russoVladimir Putin, presidente russo - Foto: Mikhail Klimentyev / Sputnik / AFP

Milhares de soldados marcharão na Praça Vermelha na quarta-feira (24), na presença do presidente Vladimir Putin, para comemorar o 75º aniversário da vitória sobre o nazismo, em um momento de comunhão patriótica, apesar da pandemia de Covid-19 e antes de um referendo destinado a consolidar ainda mais seu poder.

Esse desfile militar estava inicialmente agendado para 9 de maio, como acontece todo o ano, mas o Kremlin foi forçado a adiá-lo, devido à disseminação do novo coronavírus.

Embora a Rússia ainda tenha milhares de novos casos diários, e Moscou, apesar de seu desconfinamento, continue proibindo reuniões públicas, Putin quer organizar esse desfile em 24 de junho. A data é simbólica, porque marca o primeiro desfile desse tipo, em 1945.

Com esse evento, uma semana antes de um referendo para permitir que ele permaneça na Presidência até 2036, Putin também transmite a impressão de uma normalidade no país. A Rússia é o terceiro país mais afetado pelo coronavírus, com 584.680 casos registrados até domingo e 8.111 mortes. Quinze cidades preferiram cancelar seus desfiles militares.

Quase 13.000 soldados russos e de 13 outros países, incluindo Índia e China, desfilarão nas ruas de Moscou. O presidente russo, que participará de uma das primeiras saídas públicas desde o início da pandemia, também poderá supervisionar mais de 200 veículos blindados e peças de artilharia.

O equipamento inclui modelos recentemente desenvolvidos, mas não as modernas armas hipersônicas "invencíveis", que Putin elogiou nos últimos anos.

O discurso de Putin nas edições anteriores também foi uma oportunidade para celebrar o poder russo no cenário internacional, da Síria ao conflito na Ucrânia.

Além do retorno à normalidade, o assunto do momento é o referendo de 1º de julho - originalmente programado para 22 de abril - para validar a reforma constitucional anunciada para surpresa de todos em janeiro e realizada a toda velocidade pouco antes de a Covid-19 interromper o processo.

Durante as discussões parlamentares, foram adicionados aspectos sociais, como a proibição do casamento gay, e o ponto principal: dar a Putin o direito de exercer dois mandatos adicionais e permanecer no poder até 2036, quando ele teria 84 anos.

O calendário foi criticado pela oposição, que o considerou a razão para o rápido desconfinamento de Moscou. Em apenas três semanas, a capital russa passou do confinamento total para uma reabertura quase geral.

O prefeito de Moscou, Serguei Sobianin, e o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, pediram ao público que acompanhe o desfile pela TV.

Peskov, convalescente da Covid-19, considerou que votar "não é mais perigoso do que ir às compras". O desfile não será, porém, tão grandioso como se pretendia, já que nenhum líder ocidental estará presente.

Em um longo discurso na semana passada, Putin acusou o Ocidente de "revisionismo" histórico anti-Rússia, o que desestabiliza "os princípios do desenvolvimento pacífico" do mundo.

Também renovou o apelo a uma reunião de cúpula dos cinco grandes membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Rússia, China, França, Reino Unido, Estados Unidos), que considera os garantidores da ordem internacional estabelecida em 1945.

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