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Rússia descarta qualquer negociação devido à ofensiva ucraniana no seu território

Nesta segunda-feira, Zelensky afirmou que as suas forças controlam mais de 1.250 km2 e 92 localidades em território russo

Um especialista da polícia passa por carros queimados no local de um ataque russo na cidade de Sumy em 17 de agosto de 2024, em meio à invasão russa da UcrâniaUm especialista da polícia passa por carros queimados no local de um ataque russo na cidade de Sumy em 17 de agosto de 2024, em meio à invasão russa da Ucrânia - Foto: Genya Savilov / AFP

A Rússia descartou, nesta segunda-feira (19), qualquer negociação com a Ucrânia "na fase atual" devido à ofensiva lançada pelas tropas de Kiev há duas semanas na região russa de Kursk, que segundo o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, está alcançando seus objetivos.

Em meio a uma troca de farpas entre Moscou e Kiev, Zelensky assegurou que as suas forças estão "alcançando [os seus] objetivos" em Kursk, onde iniciaram uma operação em grande escala em 6 de agosto.

Nesta segunda-feira, Zelensky afirmou que as suas forças controlam mais de 1.250 km2 e 92 localidades em território russo.

O presidente ucraniano confirmou também que não informou previamente os seus aliados ocidentais sobre a ofensiva em território russo, considerando que as suas preocupações "ingênuas e ilusórias" em relação a uma escalada com Moscou não deram em nada.

"Devemos forçar a Rússia, com todas as nossas forças e os nossos parceiros, a fazer as pazes", disse ele. Segundo Kiev, um dos objetivos desta ofensiva surpresa é forçar o Kremlin a participar de "negociações justas" e não ocupar permanentemente os territórios ocupados.

Zelensky também pediu mais uma vez aos seus aliados ocidentais que autorizassem a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance para atacar em profundidade o território russo e assim poder "deter o avanço" das forças de Moscou no leste.

"Na fase atual, dada esta aventura, não vamos conversar", declarou Yuri Ushakov, conselheiro diplomático do presidente Vladimir Putin, à mídia russa Shot nesta segunda-feira.

"Neste momento, iniciar um processo de negociação seria totalmente inapropriado", frisou.

As negociações entre as duas partes estão completamente bloqueadas desde a primavera de 2022, pouco depois do início da ofensiva militar russa na Ucrânia.

Moscou exige que a Ucrânia aceite a anexação de parte do seu território enquanto Zelensky reitera que a paz só será possível se o Exército russo se retirar por completo, inclusive da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014.

O presidente ucraniano diz querer desenvolver um plano para novembro, data das eleições presidenciais nos Estados Unidos – um aliado vital de Kiev – que servirá de base para uma futura cúpula de paz para a qual o Kremlin deverá ser convidado.

- Progressão russa no leste -
Embora a ofensiva em Kursk tenha capturado todas as atenções, o epicentro dos combates continua sendo o leste da Ucrânia.

A Rússia anunciou nesta segunda-feira que tomou Zalizne, um "importante" assentamento na região de Donetsk, onde viviam cerca de 5 mil habitantes antes da guerra.

A captura de Zalizne (Artemovo em russo) ocorre em um momento em que as maiores e mais bem equipadas forças russas também se aproximam da cidade de Pokrovsk, um importante centro logístico localizado a cerca de 50 km de distância.

Depois de os russos terem tomado, nos últimos dias, várias localidades na direção de Pokrovsk, o governador regional anunciou nesta segunda-feira "a retirada forçada de famílias com crianças" nesta aglomeração de mais de 53 mil habitantes.

Segundo as autoridades ucranianas, os bombardeios russos mataram quatro pessoas em dois ataques separados em Toretsk e Zarichne, duas localidades próximas do front.

- Estado de emergência -
As hostilidades já forçaram dezenas de milhares de pessoas a evacuarem a zona fronteiriça em ambos os países.

As autoridades locais russas declararam estado de emergência na cidade de Proletarsk, no sudoeste da Rússia, onde um ataque ucraniano com drones incendiou reservas de combustível no domingo.

O governador regional, Vasili Golubev, indicou que 41 bombeiros ficaram feridos. Dezoito deles foram hospitalizados, entre eles cinco na unidade de tratamento intensivo.

O fogo ainda estava ativo nesta segunda-feira e, segundo Golubev, foram enviados meios adicionais para controlar as chamas.

Na frente diplomática, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, visitará a Ucrânia na quinta-feira e se reunirá com Zelensky, após ter se reunido no início de julho com Putin.

Esta será a primeira visita de Estado à Ucrânia de Modi, cujo país é um estreito parceiro de Moscou.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, visitará a Rússia e Belarus essa semana, em um contexto de crescente cooperação econômica e diplomática entre Pequim e Moscou.

Por sua vez, a Alemanha garantiu nesta segunda-feira que, apesar da sua intenção de reduzir os seus gastos orçamentários para Kiev em 2025, permanecerá "plenamente comprometida" com o seu apoio militar.

Para compensar esta redução, o segundo maior contribuinte de ajuda à Ucrânia planeja conceder um empréstimo de 50 bilhões de dólares (273 bilhões de reais na cotação atual) garantido por juros futuros gerados por ativos russos congelados.

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