guerra no oriente médio

Rússia e China vetam resolução dos EUA na ONU sobre cessar-fogo em Gaza

Representante russo nas Nações Unidas afirmou que proposta americana não tinha uma determinação clara sobre o tema, tampouco sobre a libertação dos reféns

Explosão na cidade de Rafah, em GazaExplosão na cidade de Rafah, em Gaza - Foto: AFP

Com vetos da Rússia e da China, o Conselho de Segurança da ONU não aprovou a resolução dos Estados Unidos que pedia um "cessar-fogo imediato" na Faixa de Gaza. Os EUA, que repetidamente bloquearam pedidos de trégua no enclave nos últimos meses, haviam submetido um projeto para votação nas Nações Unidas nesta sexta-feira (22).

Durante a sessão, o representante russo afirmou que a proposta americana não tem uma determinação clara sobre o cessar-fogo imediato ou a libertação dos reféns, e que "isso significa que a representante dos Estados Unidos na ONU ou o Secretário de Estado dos EUA deliberadamente enganaram a comunidade internacional".

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o texto enviava "um sinal forte". Entenda, abaixo, o que dizia a resolução.

O que diz a resolução dos EUA?
O texto observava a necessidade de um "cessar-fogo imediato e sustentado para proteger civis de todos os lados, permitir a entrega de assistência humanitária essencial e aliviar o sofrimento humano".

Dessa forma, apoiava "esforços diplomáticos para garantir tal cessar-fogo em conexão com a libertação de todos os reféns restantes". Os críticos dos Estados Unidos, incluindo a Rússia, observaram que o texto não usava explicitamente a palavra necessária para indicar o pedido de cessar-fogo. Ele também defendia que a medida deveria ser condicional à libertação de todos os reféns.

Quais eram as chances de o texto passar?
O embaixador adjunto russo na ONU, Dmitry Polyanskiy, disse aos repórteres nesta quinta-feira: "Não estamos satisfeitos com nada que não exija um cessar-fogo imediato", o que já indicava que Moscou poderia usar seu veto. Um projeto de resolução concorrente também está circulando, que é mais explícito sobre um cessar-fogo imediato.

Os EUA afirmaram que seu projeto tinha o apoio de pelo menos nove dos 15 membros do Conselho de Segurança, o suficiente para a votação ser aprovada, desde que nenhum veto fosse usado por um dos cinco membros do Conselho de Segurança, como ocorreu nesta sexta-feira.

Isso importaria?
Diplomaticamente, os EUA poderiam se beneficiar ao mostrar uma liderança positiva na ONU e demonstrar que não estão tão isolados quanto pareceram em seu apoio a Israel. A maior parte do conteúdo operacional do texto era direcionado a Israel, e as críticas não eram explícitas. Ele reiterava os apelos para que a ajuda fluísse para o enclave, com medidas como a abertura de mais passagens terrestres e menos restrições aos bens permitidos a entrar em Gaza. O texto também demonstrava oposição ao deslocamento forçado de palestinos.

Se aprovado, esta também seria a primeira vez que a ONU condenaria coletivamente o grupo terrorista Hamas, pedindo restrições em suas finanças.

O que acontece após o veto?
O embaixador da França na ONU, Nicolas de Rivière, disse que se o texto dos EUA fosse rejeitado, então o projeto alternativo defendido pelos membros não permanentes do Conselho de Segurança, que pede um cessar-fogo imediato no Ramadã (mês sagrado muçulmano que teve início no último dia 10), "será colocado na mesa e submetido a votação". Ele declarou que era preciso primeiro de um cessar-fogo, e "depois de conversas".

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter