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Negociação

Rússia e Ucrânia avançam em discussão para desbloquear exportações de grãos pelo Mar Negro

Países anunciam que voltarão a se reunir com diplomatas da ONU e da Turquia para novas discursões na próxima semana

Rússia e Ucrânia se reuniram com autoridades da ONU e da Turquia em uma tentativa de romper um impasse de meses sobre as exportações de grãosRússia e Ucrânia se reuniram com autoridades da ONU e da Turquia em uma tentativa de romper um impasse de meses sobre as exportações de grãos - Foto: Handout / TURKISH DEFENCE MINISTRY / AFP

Ucrânia e Rússia fizeram avanços importantes nesta quarta-feira (13) para tentar acabar com o bloqueio às exportações de grãos pelo Mar Negro, durante conversas com diplomatas da ONU e da Turquia, que anunciou novas discussões sobre o tema na próxima semana.

As discussões entre especialistas militares das quatro partes, as primeiras cara a cara reunindo russos e ucranianos desde 29 de março, terminaram após três horas, segundo um comunicado do Ministério da Defesa turco.

A Ucrânia é um dos maiores exportadores mundiais de trigo e outros cereais. Cerca de 20 milhões de toneladas de grãos estão atualmente bloqueadas nos portos da região de Odessa pela presença de navios de guerra russos e minas, colocadas por Kiev, para defender sua costa.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, declarou que as negociações ofereceram "um raio de esperança para mitigar o sofrimento humano e aliviar a fome no mundo". Embora tenha se mostrado otimista sobre um acordo, reconheceu que "ainda não se chegou" a um pacto formal.

O ministro da Defesa turco indicou que um acordo final sobre o desbloqueio dos cereais pode ser anunciado na próxima semana. "Nessa reunião que faremos na próxima semana todos os detalhes serão revisados novamente e o trabalho que fizemos será assinado", disse Hulusi Akar.

Em jogo está a segurança alimentar de milhões de pessoas que lidam com a disparada dos preços devido ao conflito, que começou em 24 de fevereiro, com a invasão russa à Ucrânia.
 

Controles comuns

Um dos fatores que dificultam as negociações são as suspeitas crescentes de que a Rússia tenta exportar os grãos que roubou dos agricultores ucranianos nas regiões sob seu controle. Autoridades russas da região ucraniana de Kherson, no entanto, afirmaram hoje que as forças de Kiev estavam queimando deliberadamente algumas plantações.

A agência espacial americana revelou na semana passada dados que mostram que 22% das terras agrícolas da Ucrânia estão sob controle russo.

Em entrevista ao jornal espanhol "El País", o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba, mostrou-se relativamente confiante em um resultado positivo da reunião. "Estamos a dois passos de chegar a um acordo com a Rússia", estimou. "Se eles realmente quiserem, as exportações de grãos começarão em breve."

No entanto, algumas barreiras permanecem. A Rússia indicou ontem que, entre as suas exigências, está o direito de "vistoriar embarcações para evitar o contrabando de armas", condição que Kiev negou.

O acordo inicial ao qual se referiu o turco Arkar inclui, segundo ele, "controles comuns" nos portos e nos trajetos, para "garantir a segurança das vias de transferência" de mercadorias. Kiev também pediu à Turquia que escolte suas embarcações por "corredores de grãos" seguros, que evitem os locais com minas no Mar Negro.

Segundo especialistas, a desminagem da área poderia levar meses, um tempo muito longo para enfrentar a ameaça crescente de uma crise alimentar mundial.

A Turquia, membro da Otan e aliada de ambos os lados no conflito, diz que tem 20 navios mercantes esperando no Mar Negro que podem ser rapidamente carregados com grãos ucranianos.


Bombardeios no sul

A reunião em Istambul precedeu o encontro da semana que vem em Teerã entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que acontecerá paralelamente a uma reunião de cúpula tripartite com o Irã sobre a Síria. 

O objetivo de Erdogan é colocar Putin e o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky na mesa de negociações, mas por enquanto a situação no terreno não parece permitir isso.

A Ucrânia aguarda uma nova ofensiva russa na região de Donetsk, que faz parte do Donbass, parcialmente sob o controle de separatistas pró-Rússia desde 2014. 

A outra província do Donbass é Lugansk, que as forças russas afirmam estar totalmente sob seu controle.

O Exército russo não lançou uma grande ofensiva desde que reprimiu os últimos redutos de resistência ucraniana em Lugansk no início deste mês. No entanto, os bombardeios russos, no domingo, em um prédio residencial em Chasiv Yar, na mesma região, deixaram 48 mortos, de acordo com o último balanço da segurança ucraniana.

Especialistas acreditam que os russos fazem uma "pausa operacional" para se rearmarem e reunirem forças antes de investirem contra Sloviansk e Kramatorsk, centro administrativo do leste da Ucrânia.

Alguns funcionários americanos consideram que os russos tentam negociar a aquisição de centenas de drones de combate do Irã. Moscou não quis comentar essa informação hoje.

A Ucrânia, por sua vez, tenta frear as tropas russas realizando ataques cada vez mais potentes com novos sistemas de foguetes americanos e europeus dirigidos a depósitos de armas.

Os bombardeios continuavam em outras partes do país. Em Mikolaiv, no sul, um ataque russo destruiu um prédio e matou cinco civis, informou hoje o vice-chefe da administração presidencial, Kiril Tymoshenko.

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