Guerra na Ucrânia

Rússia intensifica ataques às vésperas da decisão da UE sobre candidatura da Ucrânia ao bloco

Kharkiv Kharkiv  - Foto: Sergey Bobok/AFP

A Rússia intensificou nesta segunda-feira (20) os ataques contra as regiões de Kharkiv e Donetsk, no nordeste e leste da Ucrânia, poucos dias antes de os 27 países da União Europeia (UE) discutirem a candidatura de Kiev ao bloco. 

No início de uma semana de intensa atividade em torno da candidatura da Ucrânia ao bloco europeu, o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, afirmou que a Rússia está cometendo um "verdadeiro crime de guerra" ao bloquear as exportações de cereais e grãos ucranianos.

Em um momento de crescentes temores pelas consequências da invasão nos preços dos alimentos, a Alemanha organiza na sexta-feira uma reunião internacional sobre o assunto, que contará com a participação do chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken. 

A ministra das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, pediu à Rússia que "pare de brincar com a fome no mundo". 

Nesta segunda-feira, "começa uma semana realmente histórica", afirmou Zelensky no domingo em seu discurso diário.

Os 27 países da UE se reúnem na quinta e sexta-feira para decidir se o país pode receber o status de candidato, decisão que deve ser tomada por unanimidade.

"Nosso exército resiste"

"Obviamente esperamos que a Rússia intensifique seus ataques esta semana", alertou o presidente ucraniano. "Nosso exército resiste", afirmou. 

Em seu relatório matinal, a Presidência da Ucrânia informou que há um aumento dos bombardeios na região de Kharkiv e um aumento dos ataques "em toda a linha do front" em Donetsk, no leste, onde foi registrado um morto e sete feridos.  

No Donbass, a cidade de Severodonetsk concentrou a ofensiva para assumir toda esta bacia de mineração oriental, parcialmente controlada por separatistas pró-Rússia desde 2014. 

"Os russos controlam a maioria dos bairros residenciais" de Severodonetsk, mas "se você contar toda a cidade, mais de um terço ainda é controlado por nossas forças armadas", disse o chefe da administração municipal, Oleksandr Striuk. 

Serguei Gaidai, governador de Luhansk, uma das regiões que compõem o Donbass, confirmou na televisão a queda no controle russo de Metiolkiné, na periferia de Severodonetsk.

No fronte sul, o exército ucraniano afirma que as forças russas "não conseguem avançar no terreno" e apenas continuam com os bombardeios.

Por sua vez, a Rússia acusou as forças ucranianas de terem atacado plataformas de perfuração de petróleo no mar da península da Crimeia.

"Nesta manhã, o inimigo atacou as plataformas de perfuração da Chernomorneftegaz", indicou no Telegram o governador da região, Serguey Aksyonov, nomeado pela Rússia após a anexação da Criema em 2014. "Confirmamos que há três feridos e sete desaparecidos e garantimos que a busca continua", acrescentou.

 Restrições "hostis"

As consequências da guerra continuaram sendo notadas mais além das fronteiras da Ucrânia, com a Rússia ameaçando a Lituânia, membro da UE, por suas restrições "abertamente hostis" ao trânsito de mercadorias por ferrovia até o enclave russo de Kaliningrado.

O Ministério russo de Relações Exteriores afirmou que, caso o trânsito de bens entre Kaliningrado e o resto do país não seja totalmente restabelecido, Moscou "reserva o direito de agir para defender seus direitos nacionais".

Tanto a Lituânia como o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmaram que a medida se ajusta às sanções ordenadas pela União Europeia contra Moscou.

Discussões "construtivas" 

Por sua parte, a Turquia deu um novo golpe nas esperanças da Finlândia e da Suécia de aderirem em breve à Otan, ao afirmar que a cúpula da Aliança da próxima semana em Madri não garante um prazo para decidir sobre esses pedidos.

O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou que as negociações entre Turquia, Suécia e Finlândia em Bruxelas foram "construtivas" mas admitiu que a Turquia tem "preocupações legítimas".

A Turquia acusa os dois países nórdicos de abrigar militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), classificado como "terrorista" pela Turquia e seus aliados ocidentais.

Por outro lado, o presidente americano, Joe Biden, disse que é "improvável" que visite a Ucrânia durante a viagem que fará pela Europa no final dessa semana.

Retorno ao carvão

Contra a UE, a Rússia usa seus hidrocarbonetos como arma e cortou o fluxo de gás para vários países na semana passada.

Em contraste, as importações russas de petróleo para a China aumentaram 55% em maio, em comparação com o ano passado.

Em uma tentativa de reduzir a dependência da Rússia e para reduzir o consumo de gás, a Alemanha recorrerá às usinas de carvão.

"É amargo, mas é indispensável", disse o ministro da Economia, o ambientalista Robert Habeck. O governo, no entanto, disse nesta segunda-feira que essa medida é "limitada" e que a promessa de abandonar o carvão antes de 2030 será cumprida.

A Áustria também anunciou no fim de semana a reativação de uma usina de carvão fechada em 2020.

Veja também

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela
Venezuela

Maduro diz que González Urrutia lhe pediu 'clemência' para sair da Venezuela

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios
Queimadas

'Estamos tentando evitar o fim do mundo': Flávio Dino defende gastos com incêndios

Newsletter