OTAN

Rússia acompanha com "atenção máxima" cúpula da Otan que deve tratar sobre apoio à Ucrânia

Porta-voz da Rússia afirmou que retórica e decisões do encontro serão observadas de perto por Moscou

O presidente da Rússia, Vladimir PutinO presidente da Rússia, Vladimir Putin - Foto: Alexander Nemenov / AFP

A Rússia vai acompanhar com "atenção máxima" a reunião de cúpula da Otan, que reúne os líderes da aliança ocidental em Washington nesta terça-feira, anunciou o Kremlin, argumentando que o grupo de países enxerga Moscou como um "inimigo". Diante de possíveis trocas de poder nos países da aliança, o grupo se reúne com o apoio continuado à Ucrânia como um tema na pauta.

"É uma aliança que vê a Rússia como sua inimiga, sua adversária. Uma aliança que declarou abertamente, em repetidas ocasiões, seu objetivo de infligir uma derrota estratégica à Rússia no campo de batalha" afirmou o principal porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em uma entrevista coletiva.

"É por isso que vamos acompanhar com atenção máxima a retórica das conversas que acontecerão e as decisões que sejam tomadas" completa.

Originalmente, o encontro em Washington deveria ter um caráter mais festivo, para marcar os 75 anos da aliança de defesa coletiva entre as potências do norte global.

O encontro de três dias ainda deve ter momentos reservados à memória e à celebração da parceria, mas acontece em um momento em que instabilidades internas, como uma volta de Donald Trump à Casa Branca, e externas, com a guerra na Ucrânia sem um fim próximo, exigem da pauta de segurança.

Além dos 32 dirigentes dos países-membro da Otan, líderes convidados mostram as preocupações do Ocidente com a contenção de rivais estratégico.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deve ser uma das presenças mais importantes na cúpula, que também terá participação dos representantes de Austrália, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul.

Após o bombardeio de um importante hospital pediátrico em Kiev na segunda-feira, que observadores da ONU e especialistas em armamentos afirmam ter sido atingido por um disparo direto de míssil — a Rússia negou ter atacado o hospital e culpou um artefato de defesa antiaérea ucraniano pelo dano —, o presidente dos EUA, Joe Biden, cobrou publicamente um esforço coletivo para fortalecer as defesas da Ucrânia por ar.

— Anunciaremos novas medidas para fortalecer as defesas aéreas da Ucrânia para ajudar a proteger as suas cidades e civis dos ataques russos — antecipou Biden, que classificou o ataque de segunda como "um horrível lembrete da brutalidade russa".

— Vou me reunir com o presidente Zelensky para deixar claro que o nosso apoio à Ucrânia é inabalável.

Há um entendimento entre os aliados ocidentais de que a Rússia provavelmente não terá ganhos territoriais significativos na Ucrânia nos próximos meses, segundo fontes americanas ouvidas pelo jornal New York Times.

O argumento se sustentaria no fato de que os últimos avanços russos, nos últimos meses, cobraram um alto custo em número de soldados, deixando em operação forças menos treinadas para romper as defesas ucranianas, agora reforçadas com uma nova leva de equipamentos ocidentais.

— As forças ucranianas estão sobrecarregadas e enfrentarão meses difíceis de combate pela frente, mas uma grande conquista russa agora é improvável — disse Michael Kofman, pesquisador sênior no programa de Rússia e Eurásia do Carnegie Endowment for International Peace, que visitou recentemente a Ucrânia.

Enquanto autoridades ucranianas insistem que estão lutando para recuperar os territórios invadidos e anexados pela Rússia, um número crescente de autoridades dos EUA acredita que a guerra se tornou sobre o futuro da Ucrânia na Otan e na União Europeia.

A expectativa é de que, durante a cúpula, líderes ocidentais devem reforçar a promessa a Kiev de que eventualmente se tornará um aliado pleno, ao passo que devem prometer novos pacotes de ajuda econômica e militar.

Eric Ciaramella, ex-oficial de inteligência e agora especialista em Ucrânia trabalhando com Michael Kofman no Carnegie Endowment for International Peace, afirmou que ficou claro nos últimos 18 meses que nem a Rússia nem a Ucrânia "possuem capacidades para mudar significativamente as linhas de batalha".

Segundo ele, os EUA definiram como objetivo estratégico ter uma Ucrânia "democrática, próspera, europeia e segura".

Washington e seus aliados precisarão fazer investimentos de longo prazo para permitir que a Ucrânia mantenha suas linhas, desgaste a Rússia e cause danos.

— Ainda é um cenário altamente instável — disse Ciaramella. — É por isso que os líderes ocidentais também precisam realmente focar na integração da Ucrânia nas estruturas de segurança europeias e transatlânticas.

A União Europeia concordou no mês passado em iniciar negociações de adesão com a Ucrânia, um passo importante para o processo de adesão. Embora a Otan ainda não esteja pronta para convidar a Ucrânia para se juntar, os líderes aliados estão prontos para aprovar algum termo que prometa a Kiev uma integração futura. 

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