Rússia prende opositor por espalhar 'informações falsas' sobre o exército
O opositor Vladimir Kara-Murza é um dos principais críticos do Kremlin
A Rússia ordenou nesta sexta-feira (22) a prisão preventiva do opositor Vladimir Kara-Murza, um dos principais críticos do Kremlin, como parte de uma investigação sobre "informações falsas" em relação as atividades do Exército na Ucrânia, disse seu advogado.
Um tribunal de Moscou "enviou Vladimir Kara-Murza para detenção até 12 de junho", declarou o advogado Vadim Prokhorov em um comunicado publicado no Facebook.
O tribunal confirmou essa informação em um comunicado publicado por agências de notícias russas.
Prokhorov anunciou pela manhã que Kara-Murza estava sendo interrogado pelo Comitê de Investigação russo como parte de uma investigação sobre a disseminação de "informações falsas" sobre o exército.
A divulgação de "informações falsas sobre o uso das forças armadas russas" é punível com até 15 anos de prisão, de acordo com um novo artigo do código penal aprovado pelas autoridades no início de março.
O arsenal legal do país foi reforçado para controlar o que é publicado sobre a operação militar na Ucrânia. Usar as palavras "guerra" ou "invasão" para descrever a intervenção é suficiente para a abertura de um processo.
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Nas últimas semanas, Kara-Murza, de 40 anos, criticou repetidamente a intervenção na Ucrânia, inclusive nas redes sociais.
Em 12 de abril, foi condenado a 15 dias de detenção por desacato.
Kara-Murza é um ex-jornalista próximo do opositor Boris Nemtsov, que foi assassinado perto do Kremlin em 2015, e de Mikhail Khodorkovsky, um ex-oligarca que se tornou crítico do presidente Vladimir Putin.
O opositor, que continua morando na Rússia, afirmou que foi envenenado duas vezes, em 2015 e 2017, devido as suas posições políticas.
Kara-Murza foi declarado "agente estrangeiro" nesta sexta-feira junto com vários jornalistas, incluindo Alexei Venediktov, diretor da estação de rádio Eco de Moscou, agora desmantelada.
O Ministério da Justiça russo disse em comunicado que adicionou oito pessoas à sua lista de "agentes estrangeiros", incluindo Leonid Volkov, o braço direito de Alexei Navalny, o líder da oposição russa, e o veterano jornalista Alexander Nevzorov.