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Guerra na Ucrânia

Rússia reforça suas tropas após avanço ucraniano na região de Kharkiv

Envio foi feito após presidente ucraniano garantir que seu exército recuperou 30 localidades da região, que faz fronteira com a Rússia

Forças russas em Kiev Forças russas em Kiev  - Foto: Geir Olsen / NTB / AFP

O exército russo anunciou nesta sexta-feira (9) que enviou reforços à região ucraniana de Kharkiv, em resposta a um aparentemente bem-sucedido avanço das forças de Kiev nesta zona de fronteira com a Rússia.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, garantiu que seu exército continua sua contraofensiva e que já recuperou 30 localidades do nordeste. 

Autoridades ucranianas afirmaram na quinta-feira que reconquistaram nos últimos dias cerca de 1.000 km2 na região nordeste, especialmente a cidade de Balaklia.

Em Grakove, uma das localidades reconquistadas, jornalistas da AFP comprovaram nesta sexta as destruições deixadas pelos combates. A polícia exumou dois corpos na região, possíveis vítimas de crimes de guerra russo. 

"Foi assustador, houve bombardeios e explosões por todas as partes", contou Anatoly Vasiliev, de 61 anos, um dos poucos moradores que permaneceram na cidade. 

Apesar dos avanços das tropas ucranianas, o governador regional, Oleg Sinegubov, desaconselhou que os moradores retornassem a suas casas, já que ainda faltam eletricidade e gás.

O Ministério russo da Defesa anunciou a mobilização de forças nesta região e divulgou um vídeo que mostra vários caminhões militares transportando canhões e blindados.

Em Bruxelas, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou na quinta que o envio de reforços russos demonstra que Moscou paga um "alto preço" pela invasão da Ucrânia, iniciada há mais de seis meses.


Novas preocupações na usina nuclear

A agência nuclear da ONU indicou que novos bombardeios na cidade onde se encontra a usina nuclear ucraniana de Zaporizhzhia (sul), ocupada pelos russos, provocaram um corte de eletricidade que compromete "a segurança das operações" da planta.

"Isto é totalmente inaceitável. Não pode continuar", disse o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, que pediu um "cessar imediato dos bombardeios na área". 

A central nuclear de Zaporizhzhia, a maior da Europa, está ocupada por tropas russas desde março e foi cenário nas últimas semanas de bombardeios sobre os quais Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente.

O presidente da Energoatom, a agência de controle do setor nuclear ucraniano, denunciou que as forças russas que ocupam Zaporizhzhia mataram dois funcionários da central e torturam e assediaram dezenas de outros.

"Um regime de assédio dos funcionários foi se fortalecendo" desde o início da ocupação, denunciou o funcionário Petro Kotin, em entrevista à AFP.


"Combates violentos"

Como sinal do avanço ucraniano, as autoridades pró-russas dos territórios ocupados anunciaram a evacuação dos moradores a outras zonas sob controle de Moscou e até mesmo para a Rússia.

Um alto funcionário da administração da ocupação russa na região, Vitali Ganchov, afirmou na televisão estatal que "combates violentos" eram travados em torno da cidade de Balaklia. 

"Já não controlamos Balaklia. Estamos tentando dispersar as forças ucranianas, mas os combates estão intensos e nossas tropas permanecem nos arredores", afirmou.

Segundo Ganchov, combates também são travados nas proximidades de Shevchenkove, na mesma região de Kharkiv. "Neste local, as forças armadas ucranianas também tentam romper as defesas. Foram enviados reforços da Rússia, nossas tropas estão reagindo", afirmou.

Kharkiv, capital da região homônima e segunda cidade da Ucrânia (depois da capital Kiev) fica muito próxima à fronteira com a Rússia e esteve na linha de frente desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.


Unidade da Otan

Além do avanço na região, Kiev reivindicou uma série de reconquistas no leste e sul, com vários territórios retomados. Se confirmadas, seriam as mais importantes para a Ucrânia desde a retirada das tropas russas dos arredores de Kiev, no final de março. 

O secretário de Estado de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, elogiou as recentes conquistas da Ucrânia e destacou que as recentes entregas ocidentais de armas conseguiram "mudar a dinâmica no campo de batalha".

"Vemos vitórias em Kherson, em Kharkiv e tudo isto é muito animador", afirmou Austin em Praga.

Os ministros das Finanças dos 27 Estados-membros da União Europeia aprovaram um novo pacote de ajuda de cinco bilhões de euros para a Ucrânia na forma de empréstimos, destinados a enfrentar as consequências da guerra. 

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