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Guerra

Rússia se concentra em conquistar Bakhmut, que Ucrânia insiste em defender

Russos tentam tomar essa localidade na bacia do Donbass que é o cenário da batalha mais violenta desde o início da invasão da Ucrânia há pouco mais de um ano

Russos, liderados pelo grupo paramilitar Wagner, avançaram pouco a pouco e parecem já controlar os acessos norte, leste e sul da cidadeRussos, liderados pelo grupo paramilitar Wagner, avançaram pouco a pouco e parecem já controlar os acessos norte, leste e sul da cidade - Foto: Aris Messinis/AFP

A Rússia reiterou, nesta terça-feira (7), que Bakhmut é um alvo-chave de sua ofensiva militar na Ucrânia, que, por sua vez, está determinada a defender a cidade praticamente cercada e devastada por meses de combate.

Desde o último verão boreal, os russos tentam tomar essa localidade na bacia do Donbass, cenário da batalha mais violenta desde o início da invasão da Ucrânia há pouco mais de um ano. Ambas as partes reconheceram ter sofrido perdas humanas elevadas, sem dar números.

"Esta cidade é um importante centro de defesa para as tropas ucranianas no Donbass. Capturá-la permitirá novas operações ofensivas, invadindo as linhas de defesa das forças armadas ucranianas", disse o ministro da Defesa da Rússia, Sergei Shoigu, durante um encontro televisionado com autoridades militares.

Nas últimas semanas, os russos, liderados pelo grupo paramilitar Wagner, avançaram pouco a pouco e parecem já controlar os acessos norte, leste e sul da cidade.

Em contrapartida, a Ucrânia prometeu que seguirá defendendo Bakhmut, mas um de seus soldados na região disse à AFP que considerava sua queda inevitável e que algumas unidades haviam começado a se retirar.

Na noite de segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, disse que pediu ao Estado-Maior para "encontrar as forças adequadas" para continuar defendendo Bakhmut.

O conselheiro da Presidência, Mikhailo Podoliyak, afirmou que existe um "consenso" no Exército ucraniano sobre "a necessidade de continuar defendendo a cidade e esgotar as forças inimigas".

Fora de Bakhmut, no entanto, alguns soldados ucranianos disseram que Kiev está perdendo o controle da localidade.

"Bakhmut vai cair", disse à AFP um soldado exausto na cidade de Chasiv Yar, 10 quilômetros a oeste da linha de combate.

Segundo ele, algumas unidades ucranianas começaram a se retirar "em pequenos grupos".

De acordo com Kiev, restam atualmente menos de 4.000 civis em Bakhmut, cidade que contava com mais de 70.000 habitantes antes da intervenção militar russa.

Para auxiliar as forças de Kiev, a Polônia anunciou que enviará dez tanques Leopard esta semana.

Vídeo de execução de soldado ucraniano

A Ucrânia também afirmou nesta terça-feira que identificou um soldado cuja execução se tornou viral em um vídeo amplamente compartilhado nas redes sociais. Kiev pediu uma investigação ao Tribunal Penal Internacional.

A gravação mostra o que parece ser um soldado prisioneiro parado em uma trincheira, fumando um cigarro, sendo assassinado com uma arma automática depois de dizer "Glória à Ucrânia".

"De acordo com dados preliminares, o falecido é um soldado da 30ª brigada mecanizada, Tymofii Mikolaiovich Shadura", informou o Exército ucraniano nesta terça-feira pelo Telegram.

O soldado havia desaparecido em 3 de fevereiro, enquanto participava dos combates na cidade de Bakhmut, explicaram as forças armadas.

A AFP não conseguiu confirmar com fontes independentes onde ou quando as imagens foram gravadas, nem se elas mostravam, como afirmam as autoridades ucranianas, um prisioneiro de guerra ucraniano.

Na segunda-feira, Zelensky afirmou que o vídeo retrata o "assassinato brutal" de um soldado ucraniano pelas forças russas. "Encontraremos os assassinos", acrescentou.

Zelensky receberá na quarta-feira o secretário-geral da ONU, António Guterres, em Kiev, que chegou à Polônia nesta terça.

Belarus prende supostos sabotadores

Em Belarus, único aliado europeu da Rússia, o presidente Alexander Lukashenko relatou a prisão de mais de 20 pessoas que estariam envolvidas em uma suposta sabotagem de um avião militar russo perto de Minsk no mês passado.

O principal suspeito, apresentado como um russo-ucraniano que trabalhava para os serviços especiais de Kiev, e "mais de 20 de seus cúmplices que estavam em território bielorrusso" foram detidos até o momento, disse Lukashenko, citado pela agência estatal Belta.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, negou que o principal suspeito trabalhasse para Kiev e denunciou "uma nova tentativa de criar uma ameaça artificial".

No final de fevereiro, a oposição bielorrussa no exílio alegou que um avião militar russo havia sido destruído no campo de aviação de Machulishchy, perto de Minsk.

A imprensa indicou que se tratava de um avião de vigilância A-50.

O Kremlin se recusou a comentar o incidente, mas Lukashenko admitiu, nesta terça-feira, que um avião A-50 do Exército russo havia sido atacado.

Belarus não está diretamente envolvida na ofensiva russa na Ucrânia, mas emprestou seu território para o ataque inicial há um ano.

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