Rússia usará todo seu "potencial" ante entrega de armas à Ucrânia
Na semana passada, vários países europeus concordaram, com a autorização de Berlim, em enviar tanques Leopard 2 de fabricação alemã para a Ucrânia
A Rússia advertiu, nesta quinta-feira (2), que usará todo seu "potencial" militar contra qualquer país que venha a ameaçá-la e equiparou o envio de tanques alemães de apoio à Ucrânia à ofensiva nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, acusou Moscou de concentrar tropas para lançar uma operação de "vingança" contra a Ucrânia e as potências europeias por volta do primeiro aniversário do início da ofensiva russa, em 24 de fevereiro.
Zelensky fez esse alerta junto com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na véspera de uma cúpula entre a Ucrânia e a União Europeia (UE), em Kiev.
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Na semana passada, vários países europeus concordaram, com a autorização de Berlim, em enviar tanques Leopard 2 de fabricação alemã para a Ucrânia.
"É incrível, mas estamos novamente ameaçados por tanques alemães", afirmou o presidente russo, Vladimir Putin, nas comemorações do 80º aniversário da vitória soviética contra as tropas de Hitler em Stalingrado.
A Rússia tem, contudo, "com o que responder" aos que a ameaçam, acrescentou.
"Quando as novas armas entregues pelo 'coletivo ocidental' aparecerem, a Rússia vai usar, plenamente, seu potencial existente para responder" a essas entregas, declarou mais cedo o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov, citado pelas agências locais de notícias.
Putin lançou a ofensiva na Ucrânia, alegando que as autoridades de Kiev eram "neonazistas" que estavam cometendo um "genocídio" contra os povos de fala russa do leste do país.
O ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, acusou a UE, por sua vez, de querer destruir a Rússia, em "uma derrota de modo que não se levante durante décadas".
Retrocesso econômico de "uma geração"
Em Kiev, a chefe do Executivo europeu anunciou que a UE vai lançar um décimo pacote de sanções contra a Rússia, "exatamente um ano depois do início da invasão".
Embora não tenha detalhado as novas medidas, Von der Leyen garantiu que as sanções já adotadas impuseram um atraso de "uma geração" à economia russa.
Implementada no início de dezembro pela UE, pelo G7 (grupos das maiores potências ocidentais) e pela Austrália, a limitação do preço do barril de petróleo bruto a US$ 60 custa a Moscou cerca de 160 milhões de euros (US$ 175 milhões) por dia, afirmou.
Zelensky pediu que essas sanções sejam adotadas o mais rápido possível e que se acelere o processo de adesão de seu país ao bloco europeu, uma das questões centrais da cúpula de sexta-feira (3).
Um dos critérios do processo de adesão é o combate à corrupção na Ucrânia. Nesse sentido, Von der Leyen elogiou as medidas policiais e judiciais dos últimos dias contra funcionários suspeitos de malversação de recursos públicos no país.
"Como ir embora?"
Depois de obter a promessa de tanques modernos, a Ucrânia agora reivindica mísseis de precisão com alcance de mais de 100 km para destruir as linhas de abastecimento russas e compensar sua inferioridade numérica em tropas e armas.
Até agora, os países ocidentais vêm-se mostrando reticentes, temendo que os disparos cheguem ao território russo.
Recentemente, as forças russas obtiveram algumas vitórias, em particular nos arredores de Bakhmut (leste), uma cidade que Moscou tenta conquistar há meses.
Sem recursos para irem embora, os últimos moradores desta cidade permanecem no local, ainda que as condições sejam infernais.
"Como poderia fugir?", pergunta Natalia Shevchenko, uma mulher de 75 anos que teme que partir seja caro demais.
Ela está escondida em um porão há tanto tempo que se sente "como uma toupeira" quando vai à superfície e sente que seus olhos precisam se ajustar à luz.
As forças russas também bombardearam a região de Kherson (sul), depois de se retirarem da principal cidade da área no ano passado.