Rússia volta a atacar Kiev com drones "suicidas"
Correspondentes da AFP em Kiev observaram drones sobrevoando um bairro central da capital
A Ucrânia denunciou, nesta segunda-feira (17), que a Rússia voltou a atacar Kiev com vários "drones suicidas", um ato de "desespero" de Moscou, de acordo com as autoridades ucranianas.
"Esta manhã, os terroristas russos atacaram novamente as infraestruturas energéticas da Ucrânia em três regiões", lamentou o primeiro-ministro, que mencionou "cinco ataques com drones" em Kiev e "ataques com mísseis" em Dnipropetrovsk (centro-leste) e Sumi (nordeste).
Ao menos seis pessoas morreram nos ataques, três em Kiev e três na região de Sumi, segundo as autoridades locais.
Entre os mortos na capital há "um jovem casal, um marido e sua esposa que esperavam um bebês. Ela estava grávida de seis meses", segundo o prefeito, Vitali Klitschko.
Correspondentes da AFP em Kiev observaram drones sobrevoando um bairro central da capital e o momento em que policiais abriram fogo contra os aparelhos. Também foram observadas colunas de fumaça provocadas por explosões em toda a cidade.
Sirenes antiaéreas tocaram pouco antes das explosões, que aconteceram às 6h35 e 6h54 locais.
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"O inimigo pode atacar nossas cidades, mas não conseguirá nos quebrar", afirmou o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, antes de confirmar que "drones suicidas e mísseis estão atingindo toda a Ucrânia".
Um dos bombardeios atingiu um edifício residencial. O prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, informou que o corpo de uma mulher foi encontrado entre os escombros e que três pessoas foram hospitalizadas.
Ataques às segundas-feiras
Os ataques aconteceram uma semana depois dos disparos em larga escala de mísseis por parte da Rússia, que duraram dois dias e atingiram cidades em toda a Ucrânia, provocando cortes de de energia elétrica.
"Parece que agora nos atacam todas as segundas-feiras", afirmou Sergiy Prijodko, enquanto aguardava do lado de fora da estação ferroviária central de Kiev.
"É a nova maneira de começar a semana", declarou à AFP.
Após os ataques, o chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andriy Yermak, afirmou que o país precisa de "mais sistemas de defesa antiaéreos o mais rápido possível".
"Os russos pensam que isto vai ajudá-los, mas demonstra apenas o seu desespero", destacou.
O ministério ucraniano da Defesa afirmou que "nas últimas 13 horas" os militares ucranianos derrubaram 37 drones Shahed-136 iranianos e três mísseis de cruzeiro lançados pela Rússia.
"Drones iranianos"
Na semana passada, Zelensky afirmou que os drones iranianos estavam sendo utilizados pelos russos para atacar a infraestrutura energética, embora Teerã negue que esteja fornecendo armas a Moscou para a guerra.
Em 10 de outubro, mísseis russos atacaram Kiev e outras cidades na campanha de bombardeios mais intensa em meses.
Os ataques deixaram pelo menos 19 mortos e 105 feridos, o que provocou a indignação da comunidade internacional.
Os disparos de Moscou voltaram a acontecer em 11 de outubro, mas em menor intensidade, e atingiram infraestruturas energéticas no oeste da Ucrânia, longe da linha de frente.
O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que os ataques foram uma resposta à explosão que danificou a ponte estratégica que liga a Rússia à península da Crimeia, anexada por Moscou
Na sexta-feira, Putin afirmou que estava satisfeito e que "no momento" não havia necessidade de executar mais ataques contra a Ucrânia.
Ele também afirmou que Moscou está fazendo tudo da "maneira correta" na ofensiva, apesar de alguns reveses consideráveis.
No sul da Ucrânia, as tropas de Kiev se aproximam de Kherson, que é única grande cidade ucraniana tomada pelos russos e que fica ao norte da Crimeia.
A região de Kherson é um dos quatro territórios ucranianos reivindicados como zonas anexadas por Moscou.
Após os ataques da semana passada, o governo dos Estados Unidos anunciou um novo pacote de ajuda militar de 725 milhões de dólares, incluindo sistemas lança-foguetes Himars.
Com a nova assistência, o total da ajuda militar concedida pelos Estados Unidos à Ucrânia chega a 17,6 bilhões de dólares desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro.