Logo Folha de Pernambuco

Nobel

Rússia volta a ser convidada para cerimônia do Nobel, e parlamentares suecos prometem boicote

Fundação que organiza o prêmio também chamou embaixadores da Bielorrússia e do Irã, que ficaram de fora do evento em 2022 devido a questões humanitárias

Yan Rachinsky, vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2022, participa de conferência em Oslo, na NoruegaYan Rachinsky, vencedor do Prêmio Nobel da Paz 2022, participa de conferência em Oslo, na Noruega - Foto: Fredrik Varfjell/AFP

Embaixadores da Rússia e da Bielorrússia foram convidados para a cerimônia do Prêmio Nobel deste ano, após terem sido excluídos da lista em 2022 devido à invasão da Ucrânia, informou a Fundação Nobel nesta sexta-feira. O Irã também foi chamado para o evento, que acontece em dezembro, na Suécia, após ser deixado de fora da edição do ano passado.

Em uma declaração na quinta-feira, Vidar Helgesen, o diretor executivo da fundação, que administra os prêmios anuais, disse que a decisão tinha o objetivo de reduzir as barreiras entre Estados e grupos em um momento de crescente divisão geopolítica.

"Está claro que o mundo está cada vez mais dividido em esferas, onde o diálogo entre aqueles com pontos de vista diferentes está sendo reduzido", declarou, acrescentando que os Prêmios Nobel "representam o oposto da polarização, do populismo e do nacionalismo".

Nem todos ficaram satisfeitos com a decisão e vários congressistas e lideranças políticas da Suécia disseram nesta sexta-feira que boicotarão o evento.

O primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, disse à agência de notícias sueca TT que não teria permitido a participação da Rússia se fosse sua escolha.

— Para isolar a Rússia de todas as formas possíveis, militarmente, economicamente, é necessário — declarou, sem informar se iria ou não à cerimônia de premiação do Nobel.

Outros foram mais diretos. Muharrem Demirok, líder do pequeno partido de oposição da Suécia, o Partido de Centro, disse que estava ansioso para participar da cerimônia, “mas enquanto a Rússia estiver travando uma guerra contra a Ucrânia, não posso participar da mesma festa que o embaixador deles”.

Märta Stenevi, do Partido Verde, concordou, dizendo que "não há nada para comemorar junto com o embaixador da Rússia". O ministro do trabalho da Suécia, Johan Pehrson, chamou a decisão de "extremamente injusta", e Karin Karlsbro, membro sueco do Parlamento Europeu, de "extremamente inapropriada".

— A decisão prejudica a unidade europeia contra a invasão da Ucrânia pela Rússia — afirmou Karlsbro em uma entrevista à rádio sueca.

Os vencedores do prêmio Nobel deste ano serão anunciados no início de outubro.

A Fundação Nobel concede prêmios todos os anos nas áreas de física, química, fisiologia ou medicina, economia, literatura e paz. No ano passado, embora os diplomatas russos e bielorrussos não tenham sido convidados para a cerimônia, o Prêmio da Paz foi concedido à Memorial, uma organização russa de direitos humanos, e a Ales Bialiatski, um ativista bielorrusso, juntamente com o Centro de Liberdades Civis da Ucrânia.

Na cerimônia, Berit Reiss-Andersen, presidente da Comissão Norueguesa do Nobel, que seleciona os ganhadores do Prêmio da Paz, disse que as escolhas do ano passado tinham o objetivo de sinalizar que a guerra na Ucrânia precisa acabar.

— Às vezes, um esforço pela paz está na sociedade civil e não apenas nas ambições do Estado — comentou Reiss-Andersen na ocasião.

Os representantes iranianos foram desconvidados no ano passado após a brutal repressão de Teerã aos protestos que eclodiram depois que Mahsa Amini, uma mulher curda, foi presa pela polícia de moralidade do Irã sob a acusação de violar as regras conservadoras do código de vestimenta do país e morreu sob custódia. As manifestações logo extrapolaram para alvos como o regime clerical e queixas incluindo corrupção, crise econômica e restrições sociais e políticas.

Na repressão que se seguiu, as forças de segurança prenderam milhares de manifestantes e mataram centenas, de acordo com o Iran Human Rights, um grupo com sede na Noruega, e as Nações Unidas. Pelo menos sete foram executados.

Embora as manifestações tenham se acalmado em grande parte, as autoridades continuam a assediar ou deter pessoas, inclusive parentes de manifestantes que foram mortos, em um esforço para silenciá-los antes do aniversário dos protestos neste mês. (Com The New York Times)

Veja também

Argentina rejeita ordem de prisão do TPI porque 'ignora' direito de defesa de Israel
POSICIONAMENTO

Argentina rejeita ordem de prisão do TPI porque 'ignora' direito de defesa de Israel

Coroação do rei Charles III custou R$ 528 milhões ao Reino Unido
FAMÍLIA REAL

Coroação do rei Charles III custou R$ 528 milhões ao Reino Unido

Newsletter