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Conflito na Ucrânia

Russos fogem para Finlândia temendo que a fronteira seja fechada 'para sempre'

Travessia pode se tornar complicada após decisão do governo finlandês de negar a entrada aos russos com visto de turismo europeu

Após o  anúncio de mobilização feito por Vladimir Putin há uma semana, o número de russos atravessando a fronteira duplicouApós o anúncio de mobilização feito por Vladimir Putin há uma semana, o número de russos atravessando a fronteira duplicou - Foto: Alessandro Rampazzo / AFP

Preocupados com um possível fechamento de fronteiras após uma nova mobilização de Moscou para a guerra na Ucrânia, russos em idade de combate fogem para a Finlândia, através do posto de Vaalimaa.

A travessia deve se tornar mais complicada, após a decisão do governo finlandês de negar a entrada aos russos com visto de turismo europeu para o espaço Schengen a partir da meia-noite (local) de segunda-feira.

"Acabo de passar. Não sei como os outros vão fazer. É muito triste", disse à AFP Andrei Stepanov, um russo de 49 anos, originário de Samara, perto da fronteira com o Cazaquistão.

"Já estamos atrás de um cortina de ferro. Agora esta cortina ficará ainda mais rígida", suspira Aleksander Veselov, um sexagenário de São Petersburgo.

Questionada sobre a entrada de russos, a ministra finlandesa do Interior, Krista Mikkonen, indicou nesta quinta-feira que os pedidos de asilo serão avaliados caso a caso.

Desde o anúncio de mobilização "parcial" feito por Vladimir Putin há uma semana, o número de russos atravessando a fronteira duplicou.

Procedentes de São Petersburgo, Viktor Zakharov, sua esposa e seus três filhos pretendem seguir para Israel.

"Ainda não há uma sensação de liberdade devido às noites sem dormir e o tempo dedicado a fazer malas", declarou o jovem pai de 35 anos. 

Entre 7.000 e 8.000 pessoas cruzam a fronteira todos os dias, a maioria pelo posto de Vaalimaa.

"Pelo menos já estou aqui"
Para Oleg, dono de um bar em Moscou, muitos temem que a fronteira "seja fechada para sempre e que tenham que viver em um Estado totalitário", expressou Oleg, que não quis ser filmado pela AFP.

Para ele, a ordem de mobilização foi apenas "o primeiro sinal" de um fechamento de fronteiras previsto para os próximos dias.

"Não posso dizer que estou feliz", admitiu Vadim, que chegou de ônibus de Moscou. "Pelo menos estou aqui", afirma.

Ele deixou sua mãe e seu apartamento mas espera retornar a seu país no futuro. "Fiquei preocupado porque ouvi dizer que muitos jovens foram levados à força e não puderam escapar da mobilização", comentou.

As filas atuais são administráveis, segundo os agentes de fronteira finlandeses, mas aumentaram muito na última semana. "Este é atualmente o maior ponto de passagem da Rússia a Finlândia", garantiu o tenente Jesse Pirttinen.

Antes da covid, 2,5 milhões de pessoas passavam todos os anos por Vaalimaa, mas durante a pandemia este número caiu para 250 mil. "Atualmente estamos a 90% do nível de 2019", informou o oficial.

Porém, as novas restrições do lado finlandês podem incentivar as tentativas de passagem ilegal.

Em paralelo a sua candidatura histórica de ingressar na Otan, ainda não efetiva, Helsinque apresentou um plano com novas valas e barreiras para reforçar sua fronteira leste.

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