ORIENTE MÉDIO

Quem era jornalista síria morta em ataque israelense com pelo menos quatro explosões em Damasco

Ataques ocorrem em meio à escalada de tensão no Oriente Médio, com Israel dando início à incursão por terra no território libanês

Jornalista síria Safaa Ahmad é morta em bombardeio israelense em DamascoJornalista síria Safaa Ahmad é morta em bombardeio israelense em Damasco - Foto: Reprodução/Redes sociais

A jornalista Safaa Ahmad foi uma das mortas em novo ataque de Israel ao Líbano. Foram relatadas quatro explosões em Damasco, na Síria, cidade que também é alvo recorrente da aviação israelense. Na televisão síria, ela trabalhou como locutora e apresentadora de muitos talk shows que abordavam vários tópicos sociais e culturais, além de outros programas.

Safaa Ahmad foi uma importante jornalista e apresentadora de televisão na mídia estatal síria. Ela teve uma carreira respeitada como apresentadora, desempenhando um papel significativo na transmissão de notícias e informações ao público.

A morte de Ahmad gerou grande comoção, com o Sindicato dos Jornalistas Sírios prestando homenagem às suas contribuições ao jornalismo e condenando o ataque que tirou sua vida. Durante sua carreira, Ahmad foi vista como uma profissional dedicada, trabalhando em tempos desafiadores na Síria.

"O inimigo israelense lançou uma agressão aérea com aviões de guerra e drones da direção do Golã sírio ocupado, visando vários pontos em Damasco", disse a agência de notícias oficial Sana. Segundo a agência, as defesas aéreas sírias interceptaram "alvos hostis" sobre a região.

Embora não seja a primeira vez que Israel bombardeia locais na Síria desde o início dos confrontos na região, as recentes ações expõem o papel estratégico do país na integração entre membros do chamado "Eixo da Resistência".

Sob o regime de Bashar al-Assad, a Síria faz parte da aliança informal entre países e grupos armados liderada pelo Irã, que tem como pauta comum a oposição à influência ocidental na região e ao Estado de Israel. Damasco não lançou nenhum ataque contra o território israelense desde o início do conflito em Gaza, porém é vista como um risco estratégico por estrategistas militares do Estado judeu por sua posição na região e sua participação na aliança.

A Síria ocupa uma localização central no Oriente Médio, fazendo fronteira com quatro países da região, além da Turquia. Ao longo do conflito, Israel apontou o território sírio como um canal de acesso usado pelo Irã para enviar armamentos para o movimento libanês Hezbollah. Apesar de Síria e Irã não compartilharem fronteira, estão separados apenas pelo Iraque — outro país com fronteira porosa e atividade de grupos do "Eixo da Resistência".

Fragilizada por uma guerra civil de mais de 10 anos, iniciada em 2011 no contexto da Primavera Árabe, que retirou do governo em Damasco o controle de parte do país, a Síria se transformou em um terreno fértil para a formação de grupos armados e a proliferação de armas. Ao longo dos anos, o país foi inundado por carregamentos de armamentos e munições, provenientes de diversas partes do mundo, incluindo Rússia e Irã.

O conflito interno também serviu de laboratório para os braços armados de diferentes grupos, como o próprio Hezbollah. Há registro da participação de combatentes do grupo libanês no país vizinho, contra o Estado Islâmico (EI) — organização radical de inspiração sunita, que se opunha violentamente contra correntes xiitas.

Visão geral da cidade de Tiro, no sul do Líbano, mostra uma nuvem de fumaça surgindo após um ataque aéreo israelense na vila de Qlayleh em 30 de setembro de 2024 Bombardeios israelenses deixam mortos no Líbano e na Síria | foto: Kawnat Haju/AFP

Escalada regional
Os ataques ocorrem em meio à escalada de tensão no Oriente Médio, com Israel dando início à incursão por terra no território libanês, no que o governo israelense considera ser a "nova fase" na guerra contra o Hezbollah, em meio a pesados bombardeios há pelo menos duas semanas. A ofensiva ocorre dois dias após a confirmação da morte do líder do grupo político-militar, Hassan Nasrallah, atingido por um bombardeio contra a base do Hezbollah nos subúrbios de Beirute.

Em comunicado, as Forças Armadas de Israel afirmaram que a operação realizará "ataques limitados, localizados e direcionados" contra o Hezbollah em áreas próximas à fronteira, e que esses locais representam "uma ameaça imediata às comunidades israelenses". O texto diz ainda que a operação, chamada de "Flechas do Norte” envolve forças terrestres, com o apoio da aviação e de artilharia, em um “em um esforço coordenado”.

Não há sinais, neste momento, que a operação possa se expandir para além dessas regiões: segundo o site Axios, citando integrantes do governo israelense, o objetivo é que a incursão seja limitada e rápida, e ela não inclui uma nova ocupação do sul do Líbano, como a ocorrida entre 1982 e 2000.

Pouco antes da confirmação da incursão militar no Líbano, o premier de Israel, Benjamin Netanyahu, fez um discurso em tom ameaçador voltado ao Irã, principal apoiador político, financeiro e militar do Hezbollah. O premier afirmou que a morte de Nasrallah e de outras lideranças do grupo libanês mostraram que “não há um lugar sequer no Oriente Médio que Israel não possa atingir”. E completou dizendo que a eventual queda do regime dos aiatolás “virá mais cedo do que as pessoas pensam".

"Quando esse dia chegar, a rede terrorista que o regime construiu em cinco continentes estará falida, desmantelada. O Irã prosperará como nunca antes: investimento global, turismo massivo, inovação tecnológica brilhante baseada nos tremendos talentos que existem dentro do Irã. Isso não soa melhor do que pobreza, repressão e guerra sem fim?" disse Netanyahu, chamando as lideranças iranianas de “pequeno grupo de fanáticos”.

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