Saiba o que são mísseis "storm shadow" e por que a Ucrânia quer permissão para usá-los
Embora Kiev já possua esse tipo de armamento, atualmente está limitada a utilizá-los apenas dentro de suas fronteiras
O aumento de bombas planadoras guiadas (ou "glide bombs") russas atingindo cidades ucranianas recentemente injetou nova urgência em um longo debate sobre se a Ucrânia deve ter permissão para lançar mísseis fornecidos pelo Ocidente contra alvos militares no interior do território russo.
A questão do fornecimento de armas estará em pauta quando o presidente americano, Joe Biden, encontrar-se em Washington nesta sexta-feira com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, depois que os dois líderes enviaram seus principais diplomatas a Kiev na quarta-feira para ouvir os últimos apelos do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Leia também
• Ataque de míssil russo mata 4 de 5 membros da mesma família em Lviv, cidade que era a mais segura da
• F-16 de fabricação americana cai ao repelir ataque de míssil russo na Ucrânia
• Ucrânia: voo abatido faz 10 anos com acusados impunes e indícios de míssil fornecido por Putin
Há meses, a Ucrânia pede o uso de armas ocidentais de longo alcance para atacar mais instalações militares russas, usadas para lançar mísseis e abrigar aviões de guerra. Embora a Ucrânia já possua esses mísseis, atualmente está limitada a usá-los apenas dentro de suas fronteiras. Kiev tem solicitado a remoção dessas restrições por parte dos aliados ocidentais, argumentando que é essencial para responder aos constantes bombardeios russos.
Uma das principais armas em questão é o Storm Shadow, um míssil de cruzeiro anglo-francês com alcance de cerca de 250 km. A França chama o sistema de Scalp.
Altamente eficaz para penetrar bunkers fortificados e depósitos de munição, o Storm Shadow é lançado a partir de aeronaves e voando a uma velocidade próxima à do som. Devido ao alto custo de cada míssil (segundo a BBC, em torno de US$ 1 milhão, ou R$ 5,6 milhões), eles são frequentemente usados em conjunto com drones mais baratos, numa tentativa de sobrecarregar e confundir as defesas inimigas — uma estratégia também adotada pelas forças russas.
Segundo a BBC, esses mísseis já foram usados com grande efeito pelas forças ucranianas, atingindo o quartel-general naval russo no Mar Negro, em Sebastopol, e tornando toda a Crimeia insegura para a marinha russa.
O interesse no Storm Shadow, diz Kiev, é atingir bases aéreas russas, de onde partem grande parte dos ataques com bombas planadoras às instalações ucranianas, prejudicando os esforços defensivos. Além disso, alegam que, apesar de já haver uma estratégia envolvendo drones de longo alcance, estes carregam pequenas cargas e são frequentemente interceptados.
Mesmo que as restrições do uso dessas armas de longo alcance sejam suspensas, alguns analistas têm dúvidas sobre o impacto do Storm Shadow na resposta ucraniana. O motivo é que Moscou já tomou medidas preventivas, movendo suas aeronaves e mísseis para locais mais distantes da Ucrânia. Apesar disso, o uso dos mísseis pela Ucrânia poderia complicar a logística russa e a defesa aérea em áreas mais amplas, forçando Moscou a repensar posições de defesa e, possivelmente, facilitando ataques ucranianos com drones.