Saiba os cuidados que deve tomar quem for furado por agulha no Carnaval
Chegou a 69 o número de vítimas de ataques com agulhas de seringas em festas carnavalescas de Pernambuco nos últimos dias
O número de ataques com agulhas de seringas a foliões no carnaval de Pernambuco vem aumentando nos últimos dias. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), 69 pessoas já relataram terem sido furadas em Recife e Olinda, além do município de Orobó, no Agreste. Até o momento, 41 do sexo feminino e 28 masculino fizeram os relatos. As vítimas precisam seguir algumas recomendações médicas para evitarem a contaminação pelo HIV, hepatites virais e outras infecções.
Segundo Filipe Prohaska, médico infectologista da Universidade de Pernambuco (UPE), o primeiro procedimento é buscar ajuda imediata em uma unidade de saúde especializada. Localizado no bairro da Tamarineira, na Zona Norte do Recife, o Hospital Correia Picanço é a referência estadual em doenças infecto-contagiosas.
“No hospital, o paciente faz os testes rápidos e recebe as medicações necessárias”, explica Filipe. Em relação ao HIV, quem foi perfurado tem até 72 horas para dar início ao uso do coquetel antirretroviral e evitar a contaminação. “No caso da hepatite, existe uma imunoglobulina específica para o pós-exposição, mas a melhor profilaxia é a vacinação”, alerta o médico.
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O risco maior de transmissão, de acordo com Filipe, é o da hepatite de tipo B, que ataca o fígado, inflamando o órgão e alterando sua funcionalidade. “O vírus do HIV, que é o maior medo das pessoas, não vive muito tempo fora do organismo. A transmissão depende de alguns fatores, como o contaminador ter uma carga de vírus muito e a penetração da agulha ter sido grande. As chances de contágio são baixas, mas existem”, afirma. Os índices de transmissão por meio de picadas com agulhas infectadas são de apenas 0,3%, segundo dados da SES.
Ainda de acordo com o médico, as vítimas dos ataques que procuraram ajuda podem ficar tranquilas. “A profilaxia, que é feita para evitar a propagação do vírus e da doença, é extremamente eficaz, tanto as hepatites como para o HIV”, assegura. Após a avaliação inicial, os pacientes são orientados a retornar à unidade de saúde em 30 dias para darem continuidade ao tratamento.
Confira a nota na íntegra da Secretaria Estadual de Saúde e Secretaria de Defesa Social:
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informa que, por meio do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância à Saúde (Cievs), notificou, até 24 de fevereiro, 69 casos de pessoas, 41 do sexo feminino e 28 masculino, que alegaram terem sido furadas por agulhas durante as festas de Carnaval em Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes, além do município de Orobó. Após triagem no Hospital Correia Picanço, referência estadual em doenças infecto-contagiosas, 65 pacientes realizaram a profilaxia pós-exposição (PeP) para prevenir a infecção pelo HIV e outras infecções.
Os demais, ou se recusaram a fazer o teste rápido (pré-requisito para o uso da medicação), e, consequentemente, o tratamento, ou já tinham passado da janela de 72 horas preconizadas para início da medicação. Todos foram liberados após avaliação médica, com a orientação de retorno após 30 dias para conclusão do tratamento.
Os pacientes também foram orientados a realizarem o monitoramento permanente de possíveis infecções no próprio Hospital Correia Picanço ou nos Serviços de Atenção Especializada (SAE), espalhados por vários municípios do Estado. É importante ressaltar que os índices de transmissão por meio de picadas com agulhas infectadas são considerados baixos, em média apenas 0,3%. Todos os pacientes também receberam a indicação de procurarem os órgãos policiais para investigação das ocorrências.
Em 2019, cerca de 300 pessoas deram entrada no Hospital Correia Picanço alegando terem sido furadas por seringas durante os festejos de Momo. Não houve casos positivos relacionados a este evento.
SEGURANÇA - A Polícia Civil de Pernambuco informa que registrou, durante o Carnaval, 43 boletins de ocorrência com denúncias de pessoas relatando terem sido atingidas por algum tipo de objeto perfurocortante. Foram dez denúncias no sábado (22), 15 foram feitas no domingo (23) e mais 18 na segunda-feira (24), sendo 11 em diversos pontos de Olinda e sete no Recife. Inquéritos foram instaurados e os casos estão sendo apurados.
Uma parte dos denunciantes relatou a exposição, neste Carnaval, a outras formas de risco de contração do HIV e outra não soube descrever com precisão as circunstâncias e o momento em que foram tocadas por objeto perfurocortante.
As denúncias foram registradas no posto de atendimento 24h que a PCPE instalou no Hospital Correia Picanço. A unidade conta com equipes formadas por delegados, escrivães, agentes e peritos papiloscopistas. Os policiais civis coletaram os depoimentos, dentro do procedimento das diligências, para identificar e capturar os suspeitos dessa prática.