HISTÓRIAS

Saiba quem é Dona Dá, "recifense nata" que foi abraçada por Olinda

Jodecilda Airola da Silva nasceu no Recife, mas encontrou acolhida e reconhecimento na cidade vizinha

"São cidades extremamente importantes no contexto histórico brasileiro, e ser cidadã de ambas é algo que me enche o peito de orgulho", afirma"São cidades extremamente importantes no contexto histórico brasileiro, e ser cidadã de ambas é algo que me enche o peito de orgulho", afirma - Foto: Júnior Soares/Folha de Pernambuco

Além da data de aniversário e da maior festa de Carnaval do mundo, Recife e Olinda, aniversariantes do dia, dividem também uma cidadã ilustre, bastante conhecida pelos amantes da Folia de Momo: Jodecilda Airola da Silva, de 85 anos, mais conhecida como Dona Dá.

Nascida no Recife em 25 de maio de 1938, no bairro de Santo Amaro, visitou Olinda pela primeira vez quando ainda era criança, por volta dos quatro anos de idade, em 1942. Na ocasião, a mãe precisou fazer uma viagem para o Rio de Janeiro, deixando-a com os irmãos na casa de um parente, na rua do Piza, no bairro de Santa Tereza.

A moradia na cidade alta só foi fixada anos depois, após o casamento, aos 20 anos, com o olindense Julio da Silva. Mas foi após a morte do marido que passou para o número 207 da rua da Boa Hora. Sempre nutriu grande consideração pelas duas cidades. “O meu carinho pelas duas cidades é imenso, é puro amor. Sou recifense nata, mas Olinda me abraçou e me acolheu”.

Carnavalesca, mudou o itinerário e a programação da festa de carnaval na cidade. Por esses feitos, recebeu o título de Cidadã Olindense em 25 de maio de 2018, dia em que completou 80 anos. “Até hoje sou bastante grata pelo título. Sou cidadã das cidades mais bonitas do Brasil, meu país Recife, e Olinda a mãe da república. São cidades extremamente importantes no contexto histórico brasileiro, e ser cidadã de ambas é algo que me enche o peito de orgulho. Foi um presente de aniversário que eu nunca vou esquecer”, falou Dona Dá com os olhos emocionados.

Tradição
A “Festa da Quarta-feira de Cinzas” nasceu em 1985, quando, com 47 anos, Dona Dá, amante da folia, estava inconformada com a pouca movimentação carnavalesca na rua. De acordo com ela, o local já havia sido palco de brincadeira de boi, de Manoel Borba, no passado. Assim, resolveu buscar apoio dos vizinhos com uma ideia: distribuir troféus às agremiações que passavam diante da sua casa, na rua da Boa Hora. 

Com coordenação de Dona Dá, a vizinhança deu uma festa para arrecadar dinheiro em prol da confecção dos troféus. Para as agremiações, foram enviados ofícios informando que aquelas que passassem pela via receberiam a honraria. O que surgiu como estratégia para animar a rua virou uma tradição de Carnaval. O Encontro de Bois de Dona Dá, que ficou conhecido como “A Festa da Quarta-feira de Cinzas”, cresceu e passou a acontecer anualmente desde 2000, na Quarta de Cinzas.

O Encontro 
Todos os anos, na Quarta de Cinzas, Dona Dá vai ao Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa) pela manhã e, no decorrer do dia, a família vai chegando à rua da Boa Hora para ajudá-la na manipulação dos alimentos que serão servidos no jantar do Encontro de Bois. 

À noite, os brincantes de cada grupo se reúnem nos locais de origem ou nos respectivos pontos de encontro para realizar o esquenta. São locais distintos, e cada um segue um percurso diferente. Ao longo do caminho, ocasionalmente, encontram-se uns com os outros. 

Porém, o que todos os grupos têm em comum é o encontro em frente à casa de Dona Dá, local onde ano após anos, depois de firmarem a tradição, se dirigem para visitar a moradora. Ela recepciona os brincantes com a animação de uma criança do começo ao fim da festa, que em média dura cerca de seis horas. 

Consagração
Pelo feito carnavalesco honroso, Dona Dá já foi homenageada pelo Carnaval de Olinda, em 2004 e em 2016, e pelo Homem da Meia Noite em 2011, entre outras homenagens como o Boi da Macuca, o Cariri Olindense e o II Prêmio Gigante Cultural, celebrada como patrimônio vivo da história de Pernambuco.

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