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EUA

Saiba quem é J.D. Vance, ex-crítico de Trump que tomou posse como seu vice-presidente

Ex-senador de Ohio é casado com Usha, filha de imigrantes com quem fundou grupo de estudos que inspirou seu livro de memórias

J.D. Vance e esposa, Usha, e a filha na posse como vice-presidente dos EUAJ.D. Vance e esposa, Usha, e a filha na posse como vice-presidente dos EUA - Foto: Saul Loeb/AFP

Com a posse de Donald Trump como 47º presidente dos Estados Unidos nesta segunda-feira, assume também como seu vice-presidente, J.D. Vance. Ex-senador por Ohio e jovem, Vance é antigo crítico do magnata, mas acabou modulando seu discurso para entrar em sintonia com o novo chefe. Ao seu lado está sua esposa, Usha Vance, filha de imigrantes indianos e formada em História, Direito e Filosofia.

O casal se conheceu na universidade há mais de uma década e fundaram juntos um grupo de estudos sob o título "declínio social na América branca". O casal se casou em 2014 e tem três filhos: Ewan, Vivek e Mirabel.

Vance era a alternativa mais jovem entre os pré-candidatos avaliados por Trump para assumir a vice-Presidência. Novato na política, ele entrou para o Senado apenas em 2023, mas passou esse tempo ascendendo metodicamente no firmamento conservador.

Outrora um crítico mordaz de Trump — atacando-o como "repreensível" e chamando-o de "heroína cultural" —, Vance ganhou o apoio do ex-presidente em sua candidatura ao Senado em 2022 ao abraçar totalmente sua política e suas mentiras sobre uma eleição roubada. O endosso o colocou à frente de uma disputa concorrida e, por fim, ao cargo de senador.

Um capitalista de risco do Vale do Silício que ficou mais conhecido por escrever o livro de memórias "Hillbilly Elegy", adaptado para os cinemas em 2020, Vance não se esqueceu disso. E rapidamente se tornou um dos principais defensores do ex-presidente nos corredores do Congresso e na televisão, seguindo as orientações de Trump e, ao mesmo tempo, contrariando com frequência as prioridades do senador Mitch McConnell, o líder republicano de longa data da Câmara.

O ex-parlamentar serviu no Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e chegou a ser enviado para missão no Iraque, antes de retornar ao seu país se formar em Ciência Política e Filosofia pela Universidade Estadual de Ohio e Direito pela Universidade Yale, onde foi editor do The Yale Law Journal e presidente da Associação de Veteranos de Direito de Yale, destacou Trump na publicação.

"J.D. teve uma carreira empresarial muito bem-sucedida em Tecnologia e Finanças e, agora, durante a campanha, se concentrará fortemente nas pessoas pelas quais lutou de forma tão brilhante, os trabalhadores e fazendeiros americanos da Pensilvânia, Michigan, Wisconsin, Ohio, Minnesota e muito além...", acrescentou Trump em sua rede social, Social Truth, durante a abertura da Convenção Nacional Republicana de 2024.

Usha: 'Guia espiritual'
Foi em Yale que Vance conheceu Usha. O grupo de estudos que fundaram junto com outros alunos viria a servir de base para o seu livro de memórias. Na obra, o vice-presidetne disse que "Usha foi como um guia espiritual em Yale", acrescentando que a advogada "entendia questões que eu nem sabia como perguntar e sempre me encorajou a buscar oportunidades que eu nem sabia que existiam."

Aos 38 anos, Usha trabalha desde 2019 em um escritório de advocacia de San Francisco que se define como "agressivamente progressista".

Segundo o jornal americano The New York Times, Usha atuou nas defesas da Universidade da Califórnia num caso de abuso sexual e da Walt Disney Company num processo sobre direitos autorais. Nesta segunda-feira, ela anunciou sua saída da companhia. Antes disso, a advogada havia passado por gabinetes de dois juízes conservadores que seriam nomeados para a Suprema Corte dos Estados Unidos: Brett Kavanaugh e John Roberts.

Quando Trump foi alvo de uma tentativa de assassinato em julho de 2023, durante um comício na Pensilvânia, Vance foi mais longe do que muitos de seus aliados, atribuindo diretamente o ataque à retórica do agora ex-presidente Joe Biden e de sua campanha, mesmo quando o Trump e sua campanha pediram união. "A premissa central da campanha de Biden é que o presidente Donald Trump é um fascista autoritário que deve ser detido a todo custo", escreveu Vance no X.

Com Vance, Trump escolheu um ideólogo ambicioso que gosta dos holofotes e já demonstrou que pode energizar os doadores em nome do candidato presumido — um fator importante em um país onde as vitórias políticas são obtidas ao custo de bilhões de dólares.

Sua juventude também pode ser uma vantagem para os republicanos, já que os eleitores expressaram preocupação com a idade de Trump e de Biden, que renunciou à reeleição após pressão de aliados e doadores. Vance é quase 40 anos mais novo do que Trump, além de ser o primeiro millennial indicado para uma chapa de um grande partido.

A escolha também posiciona Vance, intencionalmente ou não, como o republicano mais provável de levar o legado ideológico de Trump para além de um possível segundo mandato na Casa Branca.

Vance ficou famoso após a publicação, em 2016, de "Hillbilly Elegy", sobre como foi crescer pobre em Ohio e Kentucky. O momento coincidiu com a ascensão política de Trump, e Vance, então um conservador "anti-Trump", passou a ser cobiçado por sua perspectiva sobre o que alimentou a popularidade de Trump entre os eleitores brancos da classe trabalhadora.

Na época, Vance argumentou que Trump estava guiando "a classe trabalhadora branca para um lugar muito sombrio", especialmente por causa de seus comentários ofensivos sobre imigração e seus esforços para culpar os imigrantes pelos problemas econômicos.

Mas Vance disse que suas opiniões mudaram durante a presidência de Trump. E quando entrou nas primárias republicanas para uma vaga no Senado em Ohio em 2021, ele havia adotado as mensagens de extrema direita do magnata e renunciado às suas opiniões anteriores sobre imigração e comércio.

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