Saiba quem é Karina Milei, irmã de presidente nomeada secretária de governo após mudança em lei
Ultradireitista Javier Milei nomeou sua irmã caçula Karina como secretária-geral da Presidência
Em um dos seus primeiros atos como presidente da Argentina, o ultradireitista Javier Milei nomeou sua irmã caçula Karina como secretária-geral da Presidência — modificando uma lei sobre nepotismo assinado pelo ex-presidente Mauricio Macri, um dos seus principais aliados no novo governo.
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Segundo o texto, publicado em 2018, "não serão permitidas nomeações de pessoas, em qualquer modalidade, em todo o setor público nacional, que tenham algum vínculo de parentesco tanto em linha reta como em linha colateral até o segundo grau, com o presidente e vice-presidente da Nação, chefe de gabinete de ministros, ministros e demais funcionários com rango e hierarquia de ministro".
No entanto, em um dos 13 decretos anunciados no seu primeiro dia na Casa Rosada, Milei estabeleceu uma exceção à regra: "nomeações que o presidente realiza em virtude das faculdades que lhe são conferidas". O ultraliberal justificou a mudança argumentando que a Constituição lhe confere o direito de nomear quem quiser com base no "princípio da idoneidade para o acesso aos cargos públicos". Antes do anúncio, porém, ele havia dito que Karina seria apenas uma assessora, sem um cargo formal na máquina pública.
Como secretária-geral, Karina Milei será responsável pela gestão das atividades administrativas e operacionais dentro da Presidência. De acordo com a imprensa argentina, ela também ajudará o presidente na formulação de políticas públicas, preparação de comunicados, participação em atividades cerimonias e protocolares, além de atuar como uma espécie de relações públicas de Milei.
Braço direito do irmão, Karina já posava de primeira-dama na posse no domingo antes mesmo de ser nomeada ao novo cargo, já que o presidente não é casado e namora há poucos meses a comediante Fátima Florez, que ficou famosa na Argentina fazendo imitações de personalidades como a ex-presidente Cristina Kirchner.
Magra, pequena, loira tingida, muitos na Argentina consideram Karina Milei o cérebro cinzento por trás da trajetória meteórica do novo presidente eleito. A irmã mais nova do presidente eleito é a pessoa em quem ele mais confia, sua estrategista de campanha, sua estilista, alguém que ele chama de "o Messias". Caso houvesse alguma dúvida, no momento mais importante de sua vida, a primeira pessoa a quem Milei agradeceu por sua vitória retumbante foi a caçula.
— Sem ela, nada disso teria sido possível — declarou.
Karina Elizabeth Milei é dois anos mais nova que seu único irmão. Pouco se sabe sobre ela — apenas o que o político disse e o que os aliados e detratores de um e de outro vazaram, em geral. Ela mantém um perfil discreto. Não dá entrevistas, poucos ouviram sua voz.
Eles são filhos de um motorista de ônibus e uma dona de casa. Cresceram no bairro de Villa Devoto, em Buenos Aires, e estudaram na mesma escola católica. Ambos são solteiros, sem filhos. E atuam como parceiros profissionais há anos.
Karina sempre teve um relacionamento muito próximo com Javier, que quando criança foi maltratado pelo pai com o silêncio cúmplice da mãe — algo pelo qual ele nunca os perdoou — e que sofria bullying dos colegas de escola. O filho não conversou com seus pais durante anos e, em público, os chamava de "progenitores". Karina nunca rompeu o relacionamento com seus pais. Na solidão que acompanhou o presidente eleito Milei na infância e na adolescência, a irmã foi muitas vezes a única companheira.
Como representante do partido A Liberdade Avança, ela assinou a carta em que o partido denunciava uma "fraude colossal" na reta final da campanha, da qual a sigla se retratou no dia seguinte. Mas Karina nem sequer se dignou a comparecer à convocação das autoridades eleitorais.
— Sempre é preciso ter alguém a quem se reportar. No meu caso, eu me reporto à minha irmã — disse Milei em outra entrevista.
Ela é a pessoa que há anos gerencia sua agenda, suas entrevistas, suas conferências na Argentina e no exterior. Ela é também a guardiã, a pessoa que controla quem tem acesso, e quem não tem, ao economista que irrompeu na política argentina como um terremoto. Um controle que ela exerce com mão de ferro à medida que seu irmão mais velho avançava em sua carreira rumo à Presidência.
Formada em relações públicas, ela estudou confeitaria, é escultora amadora e foi coproprietária de uma loja de pneus. Quando seu irmão era apenas um economista que estava começando a aparecer na TV como apresentador de talk show, ela ficou encarregada de administrar seus bens.
Foi também Karina quem convenceu Javier a abandonar os ternos e adotar o visual de roqueiro veterano com jaquetas de couro, como a que ele usou neste domingo para votar na eleição presidencial. O candidato da ultradireita só saiu do carro depois que “O Chefe” Karina inspecionou o cordão de guarda-costas particulares organizados para protegê-lo até chegar ao corredor cercado pelo qual ele entrou na seção eleitoral.
— É a pessoa mais maravilhosa do mundo — disse ele sobre a irmã em outra entrevista.