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Da Gaza para o Brasil

Saiba quem são os repatriados do Brasil após deixarem a Faixa de Gaza

Ao todo, 24 brasileiros, sete palestinos com residência no país e três parentes esperavam deixar o território desde o início do conflito; duas pessoas desistiram da repatriação

Lula recebe o grupo de resgatados da Faixa de GazaLula recebe o grupo de resgatados da Faixa de Gaza - Foto: Canal Gov/Reprodução

Após semanas de espera e tentativas frustradas, o grupo do Brasil na Faixa de Gaza, que cruzou a fronteira de Rafah e chegou ao Egito no domingo (12), aterrissou em território brasileiro na noite desta segunda-feira (13).

Ao todo, 34 pessoas, sendo 24 brasileiros, sete palestinos com residência no país e três parentes aguardavam a repatriação, mas uma mãe e sua filha de 12 anos decidiram permanecer em Gaza por "motivos pessoais", segundo o Itamaraty.

Entre as crianças, duas estão "em situação de desnutrição", sendo as primeiras a serem retiradas da aeronave e encaminhadas diretamente para atendimento médico.

O resgate aconteceu após longas negociações diplomáticas do Brasil e mais de um mês depois do início do conflito entre Israel e o grupo fundamentalista islâmico Hamas, em 7 de outubro.

Conheça alguns deles:

 

Shahed Al-Banna integrou grupo de resgatados da Faixa de GazaShahed al-Banna | Canal Gov/Reprodução

Shahed al-Banna
A palestina com cidadania brasileira, Shahed al-Banna, de 18 anos, estava em Gaza há um ano e meio e, desde o início do conflito, relatou a situação vivida na região. Quando a guerra Israel X Hamas explodiu, Shahed foi para a casa de uma tia. Depois, passou vários dias em uma escola que servia de abrigo para um grupo de brasileiros e palestinos. Quando todos foram orientados a sair do local com urgência, ela disse que o grupo estava “desesperado”.

Banna nasceu em Gaza, mas passou seis anos em São Paulo, terra de sua mãe. Voltou para o enclave palestino apenas no ano passado. Sua mãe, com câncer, queria se despedir da família.

Noura Bader
Noura Bader, de 37 anos, é conhecida em São Paulo: seu rosto está estampado desde 2022 em um mural localizado em frente ao Museu do Imigrante, na Zona Leste da cidade. A obra é do artista Kobra, que pintou outros sete rostos de estrangeiros no local.

Quando a obra foi pintada por Kobra, a palestina morava com a família em São Paulo como refugiada. Ela, o marido Monir Bader, de 38 anos, e os dois filhos mais velhos — o menino Bader Monir Bader, de 11 anos, e a menina Rose Monir Bader, de 9 — nasceram nos territórios palestinos. O mais novo, Mohamed Monir Bader, de 4 anos, nasceu no Brasil. Todos os cinco, porém, têm passaporte brasileiro.

Em janeiro deste ano, eles foram ao Egito, onde o marido ficou por pouco tempo. Em fevereiro, partiram para a Faixa de Gaza. Monir trabalhava como motorista, e Noura estava com dificuldades para conseguir emprego.

Bader Monir Bader
Filho mais velho de Noura, Bader, de 11 anos, chamou a atenção após ter gravado um vídeo em que dizia estar feliz por conseguir abrigo em uma escola. Pouco depois, quando Israel cortou a energia da Faixa de Gaza, a criança pediu ajuda e disse não ter mais casa.

— Eu queria sair de Gaza para ficar em mais segurança porque aqui [em Gaza] a gente pode morrer. Lá no Brasil, a gente vai estar com mais segurança — afirma o menino na gravação.

Hasan Rabee faz parte do grupo de pessoas resgatadas da Faixa de GazaHasan Rabee | Canal Gov/Reprodução



Hasan Rabee
O palestino com cidadania brasileira Hasan Rabee, de 30 anos, morava em São Paulo desde 2014, quando fugiu de Gaza e viajou para o Brasil. Na cidade, recebeu status de refugiado e conseguiu emprego como vendedor de acessórios para celulares.

Quinze dias antes do início do conflito, ele havia viajado para Gaza para visitar alguns parentes. Surpreendido pelo confronto, ficou preso na região, e disse temer pela vida da esposa e das filhas, de três e seis anos, que são brasileiras e viajaram com ele.

No Instagram, nesta sexta-feira, Hasan mostrou o momento da despedida de outros parentes, que não têm cidadania brasileira e teve de deixar para trás.

“(A coisa) mais difícil na vida é deixar a minha mãe e duas irmãs e viajar. Elas estão sem condições de vida, espero (que) essa segunda lista de familiares saia logo como prometeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva”, escreveu Hasan na publicação.

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