Santuário: Polícia Civil instaura inquérito para apurar causas de desabamento do teto
Estrutura do imóvel, na Zona Norte do Recife, havia recebido a instalação de placas de energia solar seis dias antes da tragédia que matou duas pessoas e deixou várias feridas
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Depois da comoção pública causada pelo desabamento do teto do Santuário da Igreja do Morro de Nossa Senhora da Conceição, na Zona Norte do Recife, na tarde da última sexta-feira, surge a pergunta: quais as possíveis causas da tragédia? Enquanto não sai o resultado do inquérito já instaurado pela Polícia Civil, vem a indagação sobre o que poderia ter causado o desabamento do teto, que recebeu placas de energia solar seis dias antes do ocorrido.
Um drone da Defesa Civil do Estado fez um sobrevoo para captar imagens e compartilhar com as autoridades responsáveis pelo caso, além de fazer uma avaliação prévia da estrutura realizada por engenheiros.
Secretário
O secretário de Defesa Social (SDS), Alessandro Carvalho, responsável pela maior parte do efetivo que atuou no local depois do desabamento, lamentou a tragédia. “Primeiro, quero expressar minhas condolências e solidariedade às vítimas e suas famílias. Foi um colapso estrutural que envolveu todo o telhado da igreja. Num primeiro momento, populares prestaram auxílio, mas a resposta dos serviços de emergência foi muito rápida. Em menos de dez minutos, equipes do Corpo de Bombeiros e policiais já estavam no local", disse o secretário.
Associação
A Associação Pernambucana de Energias Renováveis (Aperenováveis) garante que a empresa que fez a instalação das placas solares no Santuário não integra a lista dos seus mais de 70 associados. A instituição também divulgou uma carta aberta à sociedade, ontem, após o desabamento. Além de lamentar o ocorrido, o presidente da entidade, Rudinei Miranda, que assina a carta, colocou-se à disposição para auxiliar na compreensão do ocorrido.
Até o fechamento desta matéria, a assessoria de imprensa do Santuário não havia revelado o no nome da empresa responsável pela obra. Alegou que, no momento, a prioridade é ajudar as vítimas e seus familiares, e que é preciso aguardar os resultados da perícia.
Estrutura
O engenheiro civil Raphael Guimarães falou sobre as várias possibilidades que podem ter contribuído para um desabamento como esse, embora reitere que é preciso fazer as investigações e estudos necessários para chegar à causa.
Segundo ele, que costuma realizar laudos estruturais para empresas instaladoras de placas solares antes do serviço ser realizado, uma série de fatores pode ter contribuído para o acidente.
A primeira possibilidade, diz ele, pode ter sido algum vício de construção (falhas no projeto ou na execução da obra que acarretam em rachaduras, vazamentos e outros tipos de depreciação do imóvel).
“É preciso um laudo para saber se a estrutura tem capacidade de suportar aquela sobrecarga, mas, pelas imagens (mostradas pela TV), a gente vê que as tesouras metálicas (estruturas triangulares que ajudam a sustentar o peso do telhado e distribuí-lo pelas paredes e fundações da estrutura) estavam simplesmente apoiadas, sem estar fixas com parabolt (parafusos fixados na estrutura) ou os picos de solda para as tesouras simplesmente não ficaram apoiadas no pilar”, explicou Guimarães.
O engenheiro usa como comparação um palito de picolé apoiado dos dois lados sem estar preso. “Se você colocar um peso no meio, chegará um momento em que o palito vai envergar tanto que os cantos vão se soltar porque não estão fixados”, explicou.
Indagado se já viu algum tipo de acidente semelhante ao do Santuário, Raphael Guimarães contou que isso é muito comum em postos de gasolina. Nesse caso, o colapso estrutural acontece por força dos ventos. Como esse tipo de construção é toda aberta, lembrou ele, há a influência do vento, que joga o telhado para cima e quando desce, faz o teto desmoronar.