Afastamento

SDS afasta delegada que teve ligação interceptada com Rodrigo Carvalheira

Natasha Dolci deve ficar fora de suas funções por 120 dias após decisão do secretário Alessandro Carvalho publicada nesta quinta-feira (25); delegada nega interferência no caso

Delegada Natasha Dolci Delegada Natasha Dolci  - Foto: Reprodução/TV Globo

A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE) afastou por 120 dias a delegada Natasha Dolci, que foi flagrada em conversa por telefone com o empresário Rodrigo Carvalheira, investigado por cometer crimes sexuais contra mulheres. A decisão de Alessandro Carvalho, secretário da pasta, foi publicada em portaria, nesta quinta-feira (25). 

"Se mostra cabível o afastamento cautelar da Policial Civil, objetivando garantir à ordem pública, à instrução regular do processo disciplinar e à viabilização da correta aplicação de sanções disciplinares, já que recai sobre ela indícios de práticas de atos incompatíveis com as funções públicas", escreveu o secretário em um trecho da sua decisão, reforçando o processo administrativo especial que há em desfavor da delegada. 

Além de afastar Natasha de suas funções, a Diretoria de Recursos Humanos (DRH) deve recolher a identificação funcional, armas e utensílios funcionais que se encontram com a delegada. O prazo é de 24 horas. 

A ligação interceptada de Natasha Dolci com Rodrigo Carvalheira no dia 3 de abril foi fundamental para a prisão preventiva do empresário.

Delegada Natasha Dolci

A reportagem da Folha de Pernambuco entrou em contato com a delegada Natasha Dolci, que afirmou que já esperava o afastamento e negou qualquer tipo de interferência no processo de Rodrigo Carvalheira. 

"É só ler a ligação e ver que não tem nada. Eu começo perguntando para Rodrigo como estava o caso justamente porque eu não tenho acesso ao inquérito. Estou totalmente alheia, ele que me contava sobre esse caso desde o início. Se eu tivesse acesso, não perguntava para ele. Eu sou delegada adjunta de uma delegacia, não tenho acesso e nunca procurei saber sobre o inquérito dele. Era impossível eu interferir nas investigações", disse Natasha. 

Rodrigo Carvalheira está em liberdade

Rodrigo Carvalheira deixou o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no dia 17 de abril. Ele passou seis dias preso por suspeita de violência sexual contra três mulheres. 

O empresário de 34 anos recebeu o alvará de soltura e deixou a unidade prisional condicionado por uso de tornozeleira eletrônica.

A Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) indiciou Rodrigo em três inquéritos, que foram encaminhados ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). 

Cabe ao MPPE analisar se deve apresentar denúncia à Justiça ou fazer novas solicitações à Polícia Civil. Caso seja efetuada a denúncia, o Tribunal de Justiça de Pernambuco decide se torna o empresário réu ou arquiva o processo. 

Rodrigo Carvalheira foi denunciado por três mulheres por crimes de violência sexual que teriam sido cometidos em 2006, 2009 e 2019. O acusado foi enquadrado no artigo 217-A, que define a vulnerabilidade das vítimas em não ter condições de consentir com o ato sexual. 

Defesa de Rodrigo Carvalheira

Por meio de nota oficial, a advogada Graciele Queiroz, responsável pela defesa de Rodrigo Carvalheira, reforçou que ele "sempre esteve à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários" e destacou que recebeu com naturalidade "a decisão da Justiça Pernambucana, que acertadamente restabeleceu a liberdade de Rodrigo Carvalheira".

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