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'Se é religioso, não deveria se portar como intocável', diz Janaína Paschoal sobre padre Júlio

Júlio Lancelotti preferiu não entrar em debate com Janaina, mas a convidou para conhecer o trabalho que ele e seus voluntários desenvolvem

No fim de semana, ela criticou a atuação do padre Júlio na cracolândia, sob o argumento de que a distribuição de comida na região incentiva a criminalidadeNo fim de semana, ela criticou a atuação do padre Júlio na cracolândia, sob o argumento de que a distribuição de comida na região incentiva a criminalidade - Foto: Reprodução/ Facebook

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"Se ele é religioso, não deveria se portar como um intocável", afirma a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) a respeito do padre Júlio Lancelotti.

No fim de semana, ela criticou a atuação do padre Júlio na cracolândia, sob o argumento de que a distribuição de comida na região incentiva a criminalidade. "As pessoas que moram e trabalham naquela região já não aguentam mais. O padre e os voluntários ajudariam se convencessem seus assistidos a se tratarem e irem para os abrigos", disse.

Seu comentário, feito ao compartilhar notícia do portal UOL, provocou uma avalanche de respostas, boa parte das quais em defesa do padre. O próprio religioso reagiu, publicando em seu perfil do Twitter algumas charges que ironizam a observação de Janaina.

Por esse motivo, aliás, a deputada considera difícil aceitar o convite que o padre lhe fez mais cedo nesta segunda-feira (9). Júlio Lancelotti preferiu não entrar em debate com Janaina, mas a convidou para conhecer o trabalho que ele e seus voluntários desenvolvem, pois acredita que esta é uma questão que não deve ser tratada de forma superficial.

"Ela é uma deputada super bem votada no estado de São Paulo, então ela tem uma representatividade grande", diz. "E uma representatividade que tem que ser levada em conta e tem que ser levada a sério. Ela não pensa assim sozinha."
Questionada pela reportagem sobre o convite, a deputada disse que já conhece o trabalho do padre e manifestou seu incômodo: "Apesar de religioso, [ele] segue fazendo publicações questionáveis a meu respeito nas redes sociais".

À reportagem a deputada afirma que não criticou o ato de dar comida a moradores de rua. Diz que tampouco atacou o padre Júlio pessoalmente. "Eu só questionei o fato de alimentarem pessoas flagrantemente viciadas, na área em que adquirem e usam a droga".

Alguns dos comentários no post da deputada são de internautas que apontam ausência de propostas da própria deputada para melhorar a situação dos dependentes químicos da região da cracolândia.

Sobre essas críticas, Janaina diz que o trabalho dos parlamentares não se restringe a apresentar projetos. Também inclui, afirma a deputada, posicionar-se "diante da realidade vivida e verbalizar o que o povo que não tem voz sente e pensa".

Janaina diz acompanhar pessoas que moram na região central da cidade e que, durante o mês de julho, reuniu-se com autoridades a fim de ajudar a situação de crianças que não conseguem ir para escolas localizadas naquela área.

"[As crianças] têm medo até de sair de casa, algumas saem do prédio e vão correndo para não serem abordadas. Eu entrei nesta história por causa dessas crianças. Os pais morrem de medo. Não são pessoas ricas. Elas não importam?"

A deputada diz ainda que os moradores da região reportaram a ela que os usuários de drogas recebem muita comida, mas, na maioria das vezes, dão "duas garfadas e jogam as quentinhas no chão, levando a prefeitura a gastar milhões para limpar a área três vezes por dia".

Assim como fizera nas redes sociais, a deputada voltou a dizer à reportagem que só se fala da distribuição de comida sob o ponto de vista da caridade, "mas nunca [as pessoas] avaliam até que ponto essa atuação finda por manter a cracolândia como está".

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