'Se tirar a dor dos pais, me condenem', diz responsável por acionar artefato que iniciou incêndio
Luciano Bonilha, afirmou que se considera inocente, mas que está pronto para ser condenado "se for para tirar a dor dos pais" das vítimas
No nono dia de júri do caso Boate Kiss, realizado em Porto Alegre nesta quinta-feira (9), um dos réus, Luciano Bonilha, afirmou que se considera inocente, mas que está pronto para ser condenado "se for para tirar a dor dos pais" das vítimas.
Bonilha era auxiliar da banda Gurizada Fandangueira e acionou o artefato pirotécnico que iniciou o fogo na boate, em janeiro de 2013. O incêndio deixou 242 mortos na cidade de Santa Maria. Além de Bonilha, são os réus Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, ex-sócios da casa, e Marcelo dos Santos, músico da banda.
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"O coração dos pais não está entendendo a minha dor, mas eu não tenho como entender a dor deles. Se eu tivesse morrido lá, hoje a minha mãe estaria sentada junto com eles. Mesmo eu sabendo que sou inocente, que sou uma vítima, se (for) para tirar a dor dos pais, eu estou pronto, me condenem", declarou.
Bonilha disse ter participado de 14 shows da banda até a data da tragédia, e que em pelo menos nove foram usados artefatos similares aos que provocaram o incêndio na Kiss. Primeiro a ser interrogado nesta quinta-feira, ele abraçou a mãe antes da audiência e chorou.
Na quarta-feira (8), o primeiro dos quatro réus a depor, Elissandro Spohr, afirmou que não deu autorização para a banda fazer show pirotécnico. Ele disse que a espuma colocada no teto, que pegou fogo com o artefado acionado, teve aval de um engenheiro.
Os fogos provocaram as chamas que se espalharam facilmente graças à espuma, tóxica e inflamável, segundo a investigação. De acordo com o depoimento de Kiko, o engenheiro recomendou a espuma porque os vizinhos reclamavam do barulho. Kiko também disse que gostaria de poder “dar um abraço” nos familiares das vítimas da tragédia.