Secretário de Defesa dos EUA destaca no Brasil 'devoção pela democracia'
Lloyd Austin participou da abertura da XV Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA), realizada em Brasília, nesta quarta-feira (26)
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, declarou nesta terça-feira que a América está unida pela "devoção pela democracia", e defendeu que as Forças Armadas estejam sob "firme controle civil".
Austin falou na abertura da XV Conferência de Ministros da Defesa das Américas (CMDA), realizada em Brasília, dias após o presidente Jair Bolsonaro lançar sua candidatura à reeleição com ataques ao Supremo Tribunal Federal e à Justiça Eleitoral e questionar a confiabilidade do sistema de voto eletrônico do país diante de embaixadores estrangeiros.
"Como já disse o presidente (Joe) Biden, a democracia é a marca registrada das Américas. E acreditamos que todo o Hemisfério Ocidental pode ser seguro, próspero e democrático. (..) Estamos unidos por nosso compromisso com o Estado de Direito e nossa devoção à democracia", garantiu o secretário americano, sem citar o Brasil ou nenhum outro país.
Na terça-feira (19), a embaixada dos Estados Unidos no Brasil afirmou em comunicado que as eleições brasileiras "servem como modelo para o mundo". A declaração aconteceu após Bolsonaro questionar, sem provas, a suposta vulnerabilidade das urnas eletrônicas em uma reunião com dezenas de embaixadores e diplomatas estrangeiros.
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"Quanto mais aprofundamos nossas democracias, mais aprofundamos nossa segurança", acrescentou Austin, enfatizando que "a dissuasão credível requer forças militares e de segurança" que estejam sob "firme controle civil".
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, disse nesta terça-feira (26) que o Brasil respeita a Carta da Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Carta Democrática Interamericana e seus valores, princípios e mecanismos", um documento o qual afirma que os governos têm a obrigação de defender a democracia.
A CMDA, composta por 34 países, reúne a cada dois anos ministros da Defesa da região para promover e trocar ideias e experiências sobre defesa e segurança. A XV conferência vai até quinta-feira, quando os participantes devem assinar uma declaração conjunta com as conclusões dos debates e compromissos assumidos durante o encontro em Brasília.
Bolsonaro disse em várias ocasiões, sem apresentar provas, que houve fraude na eleição de 2014 (vencida por Dilma Rousseff) e na eleição de 2018, na qual afirma ter vencido no primeiro turno.
Opositores e alguns analistas avaliam que a posição de Bolsonaro faz parte de uma estratégia para não reconhecer uma eventual derrota nas eleições presidenciais deste ano e afetar o processo eleitoral.