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Secretário-geral da ONU faz apelo a Putin e pede o fim do conflito na Ucrânia

De nada serviram as intensas negociações diplomáticas das últimas semanas para evitar a guerra e a imposição de sanções ocidentais contra a Rússia para dissuadir Putin

António Guterres António Guterres  - Foto: Mark Garten / ONU

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, enviou uma mensagem eloquente ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, para que acabe com o ataque militar à Ucrânia "em nome da humanidade".

Ao final da reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU na quarta-feira à noite, que coincidiu com o anúncio de Putin do início de uma operação militar de suas tropas na Ucrânia, Guterres declarou que este é "o dia mais triste" desde que assumiu o cargo à frente da ONU.

"Presidente Putin, em nome da humanidade, leve de voltas as tropas à Rússia", implorou. "Em nome da humanidade, não permita que comece na Europa o que poderia ser a pior guerra desde o início do século", completou Guterres, antes de fazer um apelo para que o conflito "pare agora". Pouco depois do anúncio de Putin foram ouvidas explosões na capital ucraniana Kiev e outras cidades e regiões do país.

De nada serviram as intensas negociações diplomáticas das últimas semanas para evitar a guerra e a imposição de sanções ocidentais contra a Rússia para dissuadir Putin, que concentrou entre 150.000 e 200.000 soldados ao longo da fronteira com a Ucrânia.
 

O governo dos Estados Unidos anunciou que apresentará uma resolução de condenação contra a Rússia no Conselho de Segurança durante a quinta-feira, texto que deve ser votado na sexta-feira. "O Conselho precisa agir", afirmou a embaixadora americana Linda Thomas-Greenfield.

Mas é improvável que a resolução prospere, pois a Rússia, além de exercer a presidência temporária do Conselho, tem direito a veto como membro permanente do organismo.

Os embaixadores da Rússia e da Ucrânia trocaram críticas durante a reunião de quarta-feira do Conselho em Nova York. "Não há purgatório para os criminosos de guerra. Vão diretamente para o inferno, embaixador", declarou o ucraniano Sergiy Kyslytsya a seu colega russo Vassily Nebenzia.
 

Nebenzia respondeu que a agressão de Moscou não é contra o povo ucraniano, e sim contra a "junta que está no poder em Kiev".

Ao final da reunião do Conselho, Guterres alertou para o enorme custo humano e o impacto devastador na economia mundial de uma guerra.

"O que tenho claro é que esta guerra não faz nenhum sentido... E provocará, se não parar rápido, um nível de sofrimento que a Europa não conhece desde pelo menos a crise dos Bálcãs", acrescentou.

Os temores de uma possível invasão da Rússia cresceram nas últimas semanas, após a concentração de tropas nas fronteiras com a Ucrânia e o reconhecimento no início da semana da independência de duas regiões separatistas no leste da Ucrânia.

Putin ignorou as críticas da comunidade internacional, o que levou alguns governantes a afirmar que ele não é racional.

O anúncio de uma intervenção militar aconteceu depois que o Kremlin anunciou que os líderes rebeldes no leste da Ucrânia haviam solicitado ajuda militar a Moscou para lutar contra o exército ucraniano, e antes da reunião de cúpula dos líderes da União Europeia em Bruxelas prevista para esta quinta-feira.
 

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