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Recife

Segundo dia de julgamento de acusado de matar ex-esposa é marcado por depoimento da filha do casal

A adolescente é um dos dois informantes, que não prestam compromisso de dizer a verdade

Julgamento seguirá nesta quarta-feira (12)Julgamento seguirá nesta quarta-feira (12) - Foto: Melissa Fernandes/Folha de Pernambuco

Continuou, na tarde desta terça-feira (11), o julgamento de Guilherme José Lira dos Santos, acusado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) de jogar o carro em árvore e matar a ex-esposa, Patrícia Cristiane Araújo, no Recife.

O julgamento acontece na 1ª Vara do Tribunal do Júri Popular da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra,

Durante a manhã e um período da tarde, a última testemunha do MPPE, Dani Portela, que era amiga da vítima, foi ouvida. Depois, a sessão teve um intervalo. 

Com o depoimento emocionado da filha do casal, de 16 anos, o pleno retornou às 15h. 

A filha do casal é um dos dois informantes - que não prestam compromisso de dizer a verdade -. O segundo informante é o outro filho do casal, Pedro Vanderlei de Lira Santos, de 18 anos. Ambos foram arrolados pela defesa.

De acordo com ela, Patrícia, Guilherme e os filhos sempre tiveram uma convivência tranquila e nunca houve agressão física. Além disso, a filha afirmou que o pai era presente na vida das crianças. Ela destacou que havia uma convivência normal em casa. 

Quando se separaram, o pai alugou um apartamento perto do colégio das crianças. Os filhos passaram por todo o processo de separação morando com a mãe. 

Final de semana do acidente 
Segundo a jovem, no dia do acidente, à noite, ligaram para a casa dela e falaram para a família que a mãe tinha sofrido um acidente, mas não falaram do falecimento. No outro dia, explicaram toda a situação e a família foi para o funeral. 

Ao longo do depoimento, a jovem destacou que sempre foi mais amiga da mãe. 

"Por uma questão de convivência, por ser mulher, eu sempre fui mais amiga da minha mãe. A gente tinha uma relação mais junta. Ao mesmo tempo, sempre tive uma relação muito boa com o meu pai", disse.

Muito emocionada, a adolescente disse que, após a prisão do pai, perdeu os dois. "Em duas semanas eu perdi as duas pessoas mais importantes da minha vida", destacou. 

Depois do acidente, os filhos perderam o contato com o pai. Esse contato foi retomado após um ano, afirmou a filha. 

Ao falar pela primeira vez com o pai, a adolescente disse que ele queria explicar a situação, como era a relação do casal e que acabou perdendo o controle da situação e disse não saber que não tinha como salvar a relação.

Além disso, o pai pediu desculpa, porque de qualquer jeito tinha tirado Patrícia dos filhos, mesmo sem ser intencional, segundo a filha. 

Expectativa do julgamento 
A filha do casal reiterou que se o pai for absolvido, ficará feliz e finalmente terá paz depois de muitos anos. E que foi muito difícil perder duas pessoas fundamentais.

Após as perguntas da defesa, a acusação também questionou a adolescente, que terminou o depoimento chorando e bastante abalada. 

Em seguida, a juíza de Direito Ana Flávia de Carvalho Dias, depôs rapidamente como testemunha de defesa. Ela conheceu o casal na década de 1990, enquanto os dois eram namorados. Ao longo dos anos, a juíza se afastou do casal e não tinha detalhes do relacionamento dos dois.  

Após o depoimento da testemunha, às 17h, o julgamento foi suspenso e retorna nesta quarta-feira (12), às 9h, de acordo com a juíza de Direito Fernanda Moura, responsável pela condução do julgamento. Serão ouvidos três testemunhas de defesa, um informante, três peritos que atuaram na investigação, e o réu. Após isso, o julgamento segue com os debates e o conselho de sentença. 

O júri popular acontece na 1ª Vara do Tribunal do Júri Popular da Capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, em Ilha Joana Bezerra, na capital pernambucana. 

Entenda o caso 
Guilherme José Lira dos Santos é acusado pelo Ministério Publico de Pernambuco (MPPE) de jogar carro em árvore para matar ex-exposa no Recife, em novembro de 2018.

Na ocasião, Patrícia Cristina Araújo dos Santos, 46, estava no banco do passageiro quando o veículo colidiu na Rua Fernandes Vieira, no bairro da Boa Vista. A mulher faleceu e o condutor teve ferimentos leves. Após o caso, Guilherme foi preso.

O réu é julgado pelo crime de homicídio qualificado, cometido por “motivo torpe, mediante dissimulação ou recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido”; ainda, leva-se em consideração a condição de gênero da vítima, o que caracterizaria o crime como feminicídio.

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