Racismo

Seguranças impedem jovem negro de entrar em shopping do Recife; adolescente filmou a abordagem

Sem explicações sobre o impedimento pelos terceirizados, jovem diz que o trataram como "marginal"; shopping RioMar emitiu nota com pedido de desculpas

Seguranças impediram a entrada do jovem no RioMar Shopping sem alegar explicaçõesSeguranças impediram a entrada do jovem no RioMar Shopping sem alegar explicações - Foto: Reprodução/Instagram

Matéria atualizada às 15h26 do dia 26 de dezembro.

Um adolescente negro, de 17 anos, teve entrada proibida no RioMar Shopping - no bairro do Pina, Zona sul do Recife - por três seguranças da empresa terceirizada SegurPro.

O jovem Mayck Raphael estava acompanhado do irmão, de 13 anos, e tentava subir as escadas rolantes que dão acesso às lojas. Caso aconteceu na noite da última quinta-feira(21).

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Ao ser impedido sem explicações sobre o porquê não poder ter acesso ao mall, Mayck começa a filmar a situação, que, segundo ele, durou cerca de seis minutos.

O estudante disse ao G1 que sofreu racismo porque outras pessoas estavam entrando no local, e só ele foi abordado. No vídeo que o adolescente fez e viralizou nas redes sociais, é possível vê-lo questionar a atitude dos seguranças.

"Por que eles podem subir e eu não posso? O que é que eles têm de diferente de mim?", questionou o adolescente.

No trecho do vídeo, uma mulher pergunta se "pode subir", sendo autorizada pelos seguranças. Mayck responde a ela dizendo "só quem não pode é a gente, que ele barrou não sei por quê".

Quando o supervisor chegou no local, ele explicou para o jovem que ele e irmão não poderiam entrar por que existe uma lei na qual crianças menores de 12 anos são proibidade de usar o elevador desacompanhadas de um adulto. Porém, os dois têm idade acima da estabelecida e estavam tentando subir pela escada rolante, e não pelo elevador.

"Em momento nenhum eles pediram para eu me identificar. Eles só disseram ‘não vai subir não, boy’, achando que eu ia fazer 'maloqueiragem' lá em cima. O supervisor até falou para mim que estava tendo muito marginal na praça de alimentação perturbando. Ou seja, ele me tirou como marginal, um maloqueiro", afirmou Mayck, que acredita ter sido barrado por causa da cor da pele.

"Eu entrei chorando na loja. Meu irmão ficou nervoso porque ele nunca tinha visto uma situação assim. É uma criança, né? Ele não quer nem ir para shopping mais", completou.

Boletim de ocorrência
O adolescente, junto com a mãe e um advogado, registrou nesta sexta (22) um boletim de ocorrência como crime de constrangimento ilegal e racismo estrutural no Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), no bairro da Madalena, na Zona Oeste do Recife.

 A Polícia Civil disse ao G1 que está investigando o caso como racismo/preconceito/discriminação, e que "um inquérito foi instaurado, e as investigações prosseguem até esclarecimento dos fatos".

Resposta do RioMar
O RioMar Shopping publicou nota de desculpas pelo ocorrido nas redes sociais e afirmou que o segurança que iniciou a abordagem de maneira equivocada foi afastado das funções. Sobre os outros dois envolvidos, não foi informado se houve punição.

Em nota enviada à reportagem nesta terça-feira (26), a SegurPro disse estar "à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos". Confira o comunicado na íntegra:

"A empresa informa que está ciente do ocorrido e está à disposição das autoridades para os devidos esclarecimentos e que adotará as medidas que forem cabíveis após a apuração do caso.

Reitera ainda que repudia qualquer tipo de discriminação e desempenha suas atividades respeitando a legislação em vigor. Reforça ainda que sua política interna promove o respeito aos direitos humanos como elemento essencial no desenvolvimento de suas atividades e aplica em suas práticas os direitos previstos na Declaração Universal de Direitos Humanos da ONU."

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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