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Seis corpos encontrados no norte do México são de jovens sequestrados

Um jovem do grupo de sete amigos foi encontrado vivo e ferido e vai testemunhar

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador  - Foto: Alfredo Estrella/AFP

As autoridades do México confirmaram, na quinta-feira (28), a morte de seis dos sete jovens sequestrados no domingo no estado de Zacatecas (centro-norte), um dos mais assolados pela violência do narcotráfico.

"O Ministério Público foi ao local [...], realizou os laudos periciais, os trabalhos forenses e, ontem à noite, os familiares já conseguiram identificar os jovens", disse o secretário do governo local, Rodrigo Reyes, à rede Milenio.

Um jovem do grupo de sete amigos, identificado como Sergio Yobani Acevedo, de 18 anos, foi encontrado vivo e ferido na quarta-feira (27).

As vítimas, com idades entre 14 e 18 anos, foram sequestradas na madrugada de domingo por um grupo armado em uma fazenda na localidade de Villanueva, onde participaram de uma festa. Quatro delas eram menores de idade.

Os corpos e os sobreviventes foram encontrados em uma área rural do município, durante as operações de resgate realizadas pelas forças estaduais e federais.

Mais cedo nesta quinta-feira, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, lamentou o ocorrido e disse que o jovem ferido "está testemunhando para apurar o motivo destes crimes".

Reyes explicou que Acevedo está em condição “estável” em um hospital da cidade de Zacatecas, onde recebe atendimento para lesões na cabeça e no rosto.

O promotor de Zacatecas, Francisco Murillo, informou que dois adolescentes, de 15 e 16 anos, foram detidos por vínculo provável com o crime.

“Temos testemunhas que confirmam que eles podem fazer parte do grupo armado que levou as vítimas”, disse.

A morte dos seis jovens aconteceu um mês e meio depois do sequestro e possível assassinato de outros cinco rapazes, amigos de infância, em Lagos de Moreno, no estado de Jalisco (oeste), um caso que chocou o país.

Motivação ainda não está clara
O Ministério Público mexicano ainda não informou quais seriam as motivações do crime de Zacatecas, onde atuam diversos cartéis do crime organizado, que disputam o controle de rotas do tráfico de drogas e praticam extorsões, que às vezes incluem sequestros, entre outras atividades ilegais.

O MP descartou inicialmente que se tratava de um recrutamento convocado por parte desses grupos, uma prática que costuma visar homens jovens em muitos estados do México onde operam os cartéis do narcotráfico.

"Estas pessoas estavam adormecidas [...] quando, aparentemente, por volta das quatro da manhã, começou a ver a presença de um grupo de criminosos de pessoas que chegaram em veículos, os pegam e os levam", relatou na segunda-feira o promotor de Zacatecas, Francisco Murillo.

No começo de agosto, o sequestro e suposto homicídio de cinco jovens em Lagos de Moreno, envolvidos comoção no país, pois seu cativeiro e tortura foram divulgados em foto e vídeo pelas redes sociais. Nenhum deles foi localizado.

Outras sete pessoas, membros da comunidade LGBTQIA+, também desapareceram em 1º de setembro em um centro de reabilitação no estado de Guerrero (sul).

Onda de violência
Zacatecas é palco de disputas entre o Cartel Jalisco Nova Geração e o Cartel de Sinaloa, duas das principais organizações criminosas do país.

"Nesta guerra de cartéis [...] há uma particularidade de recrutamento convocado de jovens para que sejam incorporados às fileiras dos traficantes", comentou à AFP David Saucedo, especialista em segurança.

Neste estado foram registrados 721 homicídios neste ano, enquanto 3.649 pessoas estão desaparecidas, a grande maioria homens com entre 15 e 30 anos.

Além disso, duas de suas principais cidades, a capital Zacatecas e Fresnillo, estão entre os municípios onde a população se sente mais insegura, segundo levantamentos oficiais.

O episódio de Zacatecas se inseriu em uma onda de violência que assolou várias regiões do país. Na quarta-feira, bandidos armados bloquearam várias estradas do estado de Nuevo León, na fronteira com os Estados Unidos, e incendiaram veículos. Um dia antes, pelo menos sete corpos esquartejados apareceram em diferentes pontos de Monterrey (norte), capital estadual e a cidade mais industrializada do México.

Além disso, no fim da semana passada, em Chiapas (sul), ocorreu um desfile inédito de membros fortemente armados do Cartel de Sinaloa, que disputavam com o Cartel Jalisco Nova Geração o controle de localidades fronteiriças com a Guatemala.

O México soma mais de 420 mil mortos e cerca de 100 mil desaparecidos, a maioria atribuída a organizações criminosas, desde o lançamento de uma polêmica incidência militar antidrogas, em dezembro de 2006.

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