Guerra

Sem avanços decisivos na frente de batalha, onde russos e ucranianos lutam por cada metro

Nenhum dos beligerantes parece ter registrado um avanço decisivo

Nenhum dos beligerantes parece ter registrado um avanço decisivoNenhum dos beligerantes parece ter registrado um avanço decisivo - Foto: Sergey Shestak/AFP

As tropas russas conseguiram alguns avanços no leste da Ucrânia e as forças de Kiev tiveram tímidos progressos no sul, o que faz com o que a linha de frente siga, em grande medida, congelada mais de um mês depois do início da contraofensiva ucraniana.

Nenhum dos beligerantes parece ter registrado um avanço decisivo.

O Exército ucraniano retomou 37 quilômetros quadrados controlados pelos russos no sul e no leste em uma semana, anunciou, nesta segunda-feira (3), a vice-ministra da Defesa, Ganna Maliar.

"A semana passada foi difícil, mas realizamos progressos. Avançamos passo a passo", resumiu no Telegram o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, depois de Moscou ter fortificado durante meses suas linhas de defesa, que, às vezes, têm estruturas de mais de 30 quilômetros de profundidade.

Para o almirante Rob Bauer, presidente do Comitê Militar da Otan "há um número considerável de russos na Ucrânia. Há consideráveis obstáculos ofensivos".

"A contraofensiva é difícil. A gente nunca deve pensar que é uma caminhada fácil", afirmou, defendendo que os militares ucranianos sejam "cautelosos".

Para complicar a tarefa dos ucranianos, as forças russas lançaram recentemente ataques em várias regiões do Donbas, no leste, uma região que Moscou anexou oficialmente em 2022, mas que não conquistou integralmente e é um dos seus principais objetivos.

A Ucrânia afirma que há ofensivas russas em Avdiivka, Marinka e Lyman, em Donetsk e em Svatove, em Luhansk.

O historiador militar francês, Michel Goya, afirmou que é imprudente tirar conclusões precipitadas, já que explicou à AFP que a frente permanece, em grande medida, imóvel, sem que nenhum dos dois lados disponha dos meios para sufocar o outro.

Falta de munição
"Faz sete meses que a frente mal se moveu", explicou o autor do livro: "L'ours et le renard: histoire immédiate de la guerre en Ukraine" (O urso e a raposa: história imediata da guerra na Ucrânia, em tradução literal).

Para o especialista, isso se deve à solidez das linhas defensivas, mas também à "falta de apoio", sobretudo de artilharia, para neutralizar as defesas inimigas, e lançar a infantaria e os carros de combate.

"O problema para a ofensiva ucraniana no sul, por exemplo, é que há muito menos unidades de apoio que de combate. Por isso, os ucranianos estão apenas utilizando uma fração das suas brigadas: não podem apoiar mais", apontou Goya.

Para o especialista, um avanço requer lançar uma enorme quantidade de projéteis e os ucranianos não os têm.

"E os russos também não, embora tenham tido em algum momento", concluiu, destacando que o exército de Vladimir Putin conta "com mais peças de artilharia do que os ucranianos, mas reduziu seus esforços devido à falta de uma quantidade suficiente de munições".

A Ucrânia tem que ponderar os progressos feitos pelo outro lado, que aprendeu com a sua experiência no terreno.

"A Ucrânia enfrenta um exército russo que é claramente diferente do de 2022", indicou Ivan Klyszcz, pesquisador do Centro Internacional para a Defesa e a Segurança (ICDS), sediado na Estônia.

Após os erros dos russos nos primeiros dias da guerra, "as forças de Moscou se adaptaram ao campo de batalha e ajustaram suas táticas e métodos", apontou o especialista.

Um exemplo é a bem-sucedida utilização, nos últimos meses, de pequenos drones explosivos Lancet para atacar diariamente as baterias de artilharia ocidental que as forças ucranianas possuem.

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