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Separatista Puigdemont saiu da Espanha para a Bélgica

O ex-presidente catalão é procurado pela fracassada tentativa de secessão da região espanhola em 2017

Carles PuigdemontCarles Puigdemont - Foto: AFP

O líder do movimento separatista catalão Carles Puigdemont deixou a Espanha após o seu surpreendente e breve reaparecimento em Barcelona e a sua comitiva indicou nesta sexta-feira (9) que ele se dirige para a Bélgica, zombando da Justiça espanhola e lançando críticas ao dispositivo utilizado para prendê-lo.

"Está voltando para Waterloo", disse Jordi Turull, secretário-geral do partido Juntos pela Catalunha (JxCAT), de Puigdemont, à rádio catalã Rac1, referindo-se à cidade belga perto de Bruxelas onde o separatista passou a maior parte de seus sete anos no exterior, fugindo da Justiça.

"Não descarto que ainda esteja em Barcelona", disse Eduard Sallent, delegado-chefe dos Mossos d'Esquadra, a polícia catalã, "até que tenhamos provas de que está fora de nossa jurisdição(...), continuaremos procurando", afirmou.

O advogado de Puigdemont, Gonzalo Boye, disse ao Rac1 que seu cliente "está fora do Estado espanhol" e que "hoje ou amanhã" deverá prestar declarações.

O ex-presidente catalão é procurado pela fracassada tentativa de secessão da região espanhola em 2017. A Justiça determinou sua prisão, apesar da lei de anistia promovida pelo presidente do Governo, Pedro Sánchez, em troca do apoio do JxCAT a seu Executivo.

Figura-chave do separatismo catalão, Puigdemont reapareceu na quinta-feira perante milhares de apoiadores em Barcelona, em um palco montado perto do Parlamento regional, prestes a eleger o novo presidente catalão, o socialista Salvador Illa.

Segundo Turull, Puigdemont estava na capital catalã desde terça-feira.

Depois de um breve discurso, Puigdemont desapareceu, apesar do amplo esquema de segurança mobilizado para prendê-lo.

- A Justiça pede explicações -
A nova fuga provocou uma avalanche de críticas ao dispositivo para prender Puigdemont, que havia anunciado antecipadamente seu retorno.

Na mira está sobretudo a polícia catalã, cujas ações já foram questionadas durante a crise de 2017. Dois agentes foram presos na quinta-feira sob suspeita de terem colaborado com a fuga de Puigdemont.

Na sexta-feira, o juiz do Tribunal Supremo espanhol, Pablo Llarena, encarregado do caso contra Puigdemont, pediu ao Ministério do Interior e aos Mossos explicações para o "fracasso".

A polícia catalã se defendeu nesta sexta-feira. "Quero deixar bem claro que em nenhum momento foi negociada a detenção do senhor Carles Puigdemont, não negociamos nem acordamos nada", disse o chefe do Mossos d'Esquadra, que garantiu que estava tudo preparado para prender o separatista quando se aproximasse Parlamento, o que não aconteceu.

"Os fatos aconteceram muito rapidamente", disse o delegado-chefe, que lembrou que Puigdemont esteve sempre "acompanhado por uma massa de pessoas e autoridades catalãs" para "dificultar a intervenção" da polícia.

- "Indescritível" -
Puigdemont fugiu em um carro que os Mossos rapidamente perderam de vista. Imediatamente depois, a polícia montou uma série de postos de controle em Barcelona e outras partes da Catalunha, sem sucesso.

"Planejamos um dispositivo no qual o senhor Puigdemont teria a vontade de participar da sessão plenária de posse" no Parlamento, "o que, tanto à luz da investigação como dos fatos, está claramente descartado", acrescentou.

Os Mossos "não estavam preparados ou não previram tal comportamento inesperado" por parte de Puigdemont, criticou o ministro do Interior do governo catalão, Joan Ignasi Elena.

A nível nacional, a fuga de Puigdemont provocou a ira da oposição de direita e de extrema direita, que criticou o governo do socialista Pedro Sánchez.

"O que aconteceu ontem é indescritível e não pode ficar impune. (...) Diante desta farsa, o Governo não pode continuar de férias rindo dos espanhóis", escreveu no X Alberto Núñez Feijóo, líder do conservador Partido Popular, principal partido da oposição, que apelou à demissão, entre outros, do ministro do Interior.

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