Sequestrador de ônibus disse que era cineasta "de filme para ajudar o Brasil" em audiência de 2019
Paulo Sérgio de Lima relatou ter tido sua câmera roubada dias antes do assalto a ônibus, que o levou à prisão naquele ano
Na ficha criminal de Paulo Sérgio de Lima, preso na última terça-feira após sequestrar 16 passageiros de um ônibus na Rodoviária Novo Rio, consta um assalto a coletivo em abril de 2019. Em sua sentença, a juíza Marta de Oliveira Cianni Marins mencionou que, ao confessar a autoria do crime, ele detalhou que faria um "filme para ajudar o Brasil". Segundo Paulo, ele havia formado um grupo através de uma rede social e que "estava criando uma história já com roteiro".
Na ocasião, Paulo contou ainda que já estava atuando em um filme na comunidade da Rocinha "com uma galera de arte e teatro que conheceu por lá" e que, quando estava prestes a fazer uma gravação na sexta-feira (12 de abril de 2019) anterior ao crime, teve sua câmera roubada dentro de casa.
Sua relação com o comparsa era a de cunhado: Edmilson Monteiro dos Santos contou que namorava a irmã de Paulo e que morava com ela, que tinha quatro filhas pequenas. Paulo Sérgio narrou que "não tinham nada para comer dentro de casa e para dar às crianças" e que, por isso, o cunhado "o chamou para ir à rua para arrumar dinheiro".
O roubo foi cometido num ônibus da linha 110 (Rodoviária—Leblon) dentro do Túnel Rebouças, e, ao desembarcar, também fez de vítimas passageiros de um ponto de ônibus na Praça Condessa Paulo de Frontin, no Rio Comprido. Edmilson foi o responsável por segurar uma arma, que se tratava de um simulacro (era de brinquedo), enquanto Paulo Sérgio recolheu os pertences.
Na confissão de Paulo Sérgio, ele afirmou que "só participou do roubo estendendo a mão". Os passageiros assaltados acionaram a polícia, que encontrou Edmilson ainda no local, enquanto Paulo foi encontrado mais à frente, com um bolsa próxima a ele com os pertences subtraídos das vítimas.
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Pelo crime, Paulo Sérgio de Lima foi condenado a 9 anos e 4 meses de prisão em regime fechado. Nesse período, ele foi beneficiado com a progressão de regime para o semiaberto e, em seguida, para o albergue domiciliar, em que poderia ficar em casa com o uso de tornozeleira.
Depois de alertas da Secretaria de Administração Penitenciária de que o apenado violava o uso da tornozeleira e pedidos do Ministério Público para que Paulo Sérgio tivesse regressão de regime, a Vara de Execuções Penais aceitou o pedido na última terça-feira, dia do sequestro.
Paulo Sérgio se entregou e foi encaminhado para a 4ª DP (Praça da República), onde ficou até a tarde desta quarta-feira. Da delegacia, ele foi encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques.