Serviço postal dos EUA retoma entrega de encomendas vindas da China
Decisão de suspender remessas, tomada logo após decreto de Trump taxando produtos de Pequim, foi revertida
O Serviço Postal dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira que está aceitando “todas as correspondências e pacotes internacionais” vindos dos correios da China e de Hong Kong, revertendo uma decisão tomada apenas algumas horas antes de suspender a entrada de remessas internacionais provenientes dessas localidades, pouco depois de o presidente Donald Trump impor novas tarifas a Pequim.
Leia também
• Déficit comercial dos EUA de bens com a China atinge US$ 295,4 bilhões em 2024
• Serviço Postal dos EUA suspende distribuição de encomendas da China
• China quer 'diálogo' com EUA por tensões comerciais
A agência está trabalhando com a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA para minimizar interrupções nas entregas enquanto implementa um “mecanismo eficiente de cobrança” para novas tarifas sobre produtos da China, segundo um comunicado enviado por e-mail.
A aceitação de pacotes está em vigor a partir da data de hoje, 5 de fevereiro.
A retomada do serviço normal encerrou cerca de 12 horas de incerteza, após o serviço postal ter anunciado, na noite de terça-feira, que suspenderia temporariamente as remessas de pacotes da China e de Hong Kong, sem fornecer explicações.
A medida abrupta ameaçava agravar a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e afetou as ações de varejistas como Alibaba Group e JD.com.
O episódio ocorre após o presidente Donald Trump revogar para a China uma antiga isenção tarifária que permitida que encomendas com preço inferior a US$ 800 (R$ 4,6 mil) entrassem nos EUA sem tarifas, modelo conhecido como ''de minimis'. Essa isenção, frequentemente utilizada por empresas chinesas de e-commerce, foi removida como parte de uma nova tarifa de 10% sobre produtos da China e de Hong Kong, que entrou em vigor logo após a meia-noite de terça-feira, no horário de Washington.
A revogação do modelo ''de minimis'' representa um “desafio significativo” para o Serviço Postal dos EUA na aplicação das novas regras tarifárias, disse Chelsey Tam, analista sênior de ações da Morningstar:
— Havia quatro milhões de pacotes de minimis por dia em 2024, e é difícil verificar todos os pacotes.
O modelo ''de minimis'' é similar ao brasileiro, que há seis meses instituiu imposto para produtos de até US$ 50, regra que ficou popularmente conhecida como "taxa das blusinhas".
Washington está reprimindo uma brecha que varejistas como Temu e Shein exploraram por anos para expandir suas operações nos EUA, permitindo o envio de grandes volumes de pequenos pacotes e obtendo vantagem sobre concorrentes como a Amazon.
Críticos afirmam que o grande fluxo de encomendas da China é difícil de rastrear e pode conter produtos ilegais ou perigosos.
Não ficou imediatamente claro se algum pacote chegou a ser bloqueado após o anúncio da suspensão. O Serviço Postal dos EUA disse, em seu comunicado original, que cartas e correspondências simples vindas da China e de Hong Kong não seriam afetadas.
'Taxa das blusinhas' na Europa
Nesta quarta-feira, a União Europeia lançou um plano para regulamentar o comércio eletrônico, que inclui tributar os pacotes vendidos e importados para o bloco europeu, com o objetivo de financiar controles alfandegários sobre produtos perigosos.
De acordo com a Comissão Europeia, o braço executivo do bloco formado pro 27 países europeus, nada menos que 4,6 bilhões de pacotes contendo mercadorias com valor inferior a € 22 (cerca de US$ 23 ou R$ 133) entraram na UE em 2024, um volume que é o dobro do de 2023 e três vezes o registrado em 2022.
No entanto, o custo de controlar essa montanha de remessas é alto, razão pela qual a UE agora propõe introduzir impostos e remover a isenção de direitos aduaneiros para pacotes com valor inferior a € 150 (cerca de US$ 156 ou R$ 903).