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Sexo diminui o desempenho esportivo? O que a ciência aprendeu com os exemplos de Pelé e Muhammad Ali

Estudos científicos mostram que a atividade sexual não está diretamente relacionada com o desempenho, mas pode ser prejudicial em algumas circunstâncias

Casal em meio a um treino juntosCasal em meio a um treino juntos - Foto: Freepik

Estudos científicos mostram que a atividade sexual antes da competição não está diretamente relacionada com o desempenho de força ou resistência aeróbica. Um aspecto muito importante a destacar é o intervalo de tempo entre o ato e o momento da competição: pode ser negativo se for inferior a 2 horas. A ciência mostra que o sexo pode ser considerado um atividade física a mais, já que pode levar ao gasto de cerca de 100 calorias.

Além disso, implica uma frequência cardíaca entre 90 e 130 batimentos por minuto, com picos de até 170 batimentos por minuto. Da mesma forma, deve-se lembrar que o exercício melhora o apetite e a função sexual, portanto a atividade sexual pode ser considerada uma forma de atividade física que beneficia a saúde e o bem-estar, de modo que estamos diante de uma relação complexa entre o exercício e a sexualidade da atividade ao analisar o desempenho esportivo.

Muhammad Ali, o conhecido boxeador, manteve uma abstinência sexual de seis semanas antes da luta para não perder energia. No famoso filme Rocky fomos apresentados a um treinador que considerou que as pernas enfraqueciam depois de fazer sexo. E, por outro lado, são inúmeros os atletas que declararam abertamente que nunca tiveram problemas por terem relações sexuais antes das competições, como é o caso do jogador de futebol Ronaldinho. Até uma marca de calçados esportivos (Brooks Running), após realizar uma pesquisa entre corredores e corredores, relatou que eles percebiam que competiam melhor depois de terem feito sexo.

Na Grécia e Roma antigas já se considerava que a abstinência sexual permitia ao corpo não perder testosterona através da ejaculação, o que manteria a agressividade e a força muscular. Esse raciocínio estava relacionado à Teoria da Conservação do Esperma, que representava o perigo de perda da secreção do sêmen, o que poderia ser contraproducente mental e fisicamente. Tradicionalmente, a abstinência tem sido associada a uma maior agressividade nas competições , e não era bom perder energia antes da competição. Porém, seu lado positivo pôde ser visto, pois reduzem os níveis de ansiedade e têm um efeito relaxante, o que pode ajudar no desempenho.

A ciência explica
Portanto, movemo-nos no mundo dos mitos e das opiniões. Embora se possa afirmar que as evidências científicas sugerem que existe uma alteração fisiológica que diminui a capacidade competitiva por ter tido relações sexuais, as investigações não são conclusivas sobre quais parâmetros fisiológicos, metabólicos ou psicológicos poderiam ser afetados (positiva ou negativamente) quando realizar atividades extenuantes após fazer sexo.

No entanto, a ciência comprova que essa relação somente é negativa com um intervalo menor que duas horas entre a relação e o momento de competir. Alguns estudos mostram de forma anedótica que, se forem respeitadas 10 horas antes da competição e as rotinas individuais não forem perturbadas, isso poderá ter um efeito positivo. Da mesma forma, se a atividade sexual for combinada com a ingestão de álcool ou tabaco, poderão ser causados efeitos negativos. Portanto, o que afetaria o desempenho esportivo não é tanto a relação sexual, mas a perda de horas de sono e a piora da sua qualidade.

No aspecto psicológico, foram analisadas as variáveis relacionadas à agressividade, como motivação, estado de alerta ou atitude diante da competição. A conhecida hipótese do U invertido sugere que é necessário um nível adequado de alerta/ansiedade para o desempenho, e fazer sexo pode facilitar esse estado de disponibilidade. Porém, cabe ressaltar que, para outros atletas que não se interessam tanto por sexo, um sono adequado e reparador é benéfico para a competição.

Pelé preferiu descansar
Portanto, sem dúvida, estamos tratando de uma questão mais relacionada às preferências e rotinas individuais do que ao fato de ter ou não ter relações sexuais antes de competir. Como destacou o famoso jogador de futebol Pelé, alguns jogadores precisam fazer sexo para relaxar, e outros não ligam, é uma decisão pessoal. Como já indicamos, o problema não está no relacionamento, mas no intervalo antes do jogo ou da competição, fato que não é igual para todos os jogadores. Pelé preferiu descansar.

Ressalta-se que os atletas são muito ativos, jovens, e que geralmente apresentam maior apetite sexual do que a população não-atleta, aspecto que pode levar a um maior número de relações sexuais, como se sabe que ocorreu na Vila Olímpica nas últimas edições dos Jogos Olímpicos.

Desde os Jogos de Barcelona de 1992, os organizadores forneceram preservativos a todas as delegações: 70 mil foram entregues em Sydney 2000, 100 mil em Pequim 2008 e 150 mil em Londres 2012. Outro exemplo marcante é o da Copa do Mundo no Brasil, em 2014, onde todos os treinadores das seleções que participaram nas quartas de final do torneio responderam afirmativamente à questão de saber se permitiam que os seus jogadores tivessem relações sexuais na véspera do jogo. Novamente, o segredo é poder descansar entre 10 e 12 horas antes de competir para não ter um impacto negativo no desempenho na competição.

Estudos científicos apontam que ter relações sexuais com parceiro estável não implica mudança de rotina, ao passo que se for esporádico, em contextos inusitados fora da rotina do atleta, pode ter um efeito negativo. Lembremos as palavras de Pelé em referência aos colegas jogadores de futebol que foram à balada e beberam na véspera da competição para poderem ter relacionamentos esporádicos, alterando sua rotina e afetando seu desempenho na partida.

"O sexo em si não é problema, mas o aquecimento sim. O único problema para os jogadores é que primeiro têm que conhecer a pretendente, depois ir à balada, tomar uma bebida; para só depois fazerem sexo. E ai eles têm que treinar no dia seguinte" explicou.

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