Simpósio do Instituto Pipa e Sudene cria laços para desenvolvimento da primeira infância
Encontro aconteceu na tarde desta quinta-feira (7), no Auditório Sudene, na Zona Sul do Recife
O Instituto Primeira Infância Plantar Amor (Pipa) e a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) promoveram, na tarde desta quinta-feira (7), um encontro para abordar o desenvolvimento sustentável a partir do investimento na primeira infância. O objetivo do evento foi criar laços com setores distintos para defender os primeiros passos das crianças.
Realizado no Auditório Sudene, na Zona Sul do Recife, o simpósio “Aliança pela primeira infância - Ano 1” teve como tema “A promoção do desenvolvimento sustentável do Nordeste a partir do investimento na primeira infância” e recebeu uma série de convidados.
No evento, foi assinada uma carta de intenção entre o Instituto Pipa e a Sudene para a criação de incentivos ao investimento na primeira infância, para que empresas se sintam confortáveis e seguras em se envolver na causa.
O que é primeira infância?
A primeira infância é o período que vai do nascimento até os seis anos de idade e, segundo estudos científicos, é uma fase crucial para o desenvolvimento humano. Nesses primeiros anos, o cérebro da criança passa por um processo de amadurecimento, formando as bases para o aprendizado, as habilidades sociais e emocionais que a acompanharão por toda a vida.
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“Temos vários órgãos públicos priorizando essa causa. Além de celebrar um ato de parceria, estamos trazendo muito desses atores para uma aliança pela primeira infância em Pernambuco. Com esse encontro, nosso objetivo é causar impacto, hoje, para o futuro do Estado”, contou o diretor executivo do Instituto Pipa, Rogério Morais.
Instituto Pipa
O Instituto Pipa é uma SocialTech que foca em desenvolver e acelerar a transformação da sociedade através da primeiríssima infância. Criado em 2018, a instituição já atingiu mais de 1.200 famílias e usa a força do mercado para solucionar os problemas pautados no desenvolvimento infantil.
“No final de tudo, precisamos chegar na ponta, mudar a qualidade de vida, proporcionar direitos e dar vida digna para estas famílias. A ideia é somar todas as ações no que diz respeito à primeira infância, para que isso aconteça de forma coordenada e forte, com continuidade, e no longo prazo fazer essa transformação”, seguiu Morais.
Além de Rogério, a mesa-redonda contou com nomes como Danilo Cabral, superintendente da Sudene; Pedro Moura, fundador e conselheiro do Grupo Viana e Moura; Isabella de Roldão, vice-prefeita da Cidade do Recife; Marcos Holanda, presidente do Fórum Norte e Nordeste da Indústria da Construção; e Jailson Correia, médico pediatra e professor de doenças infecciosas.
De acordo com Cabral, a ideia é que empresários, governos e terceiro setor trabalhem juntos no intuito de impactar positivamente no que diz respeito à educação infantil.
"Estamos dando um foco, uma lupa para que possamos integrar essas políticas com recursos que já existem, não só no Fundeb, que é o principal instrumento da educação básica no Brasil, como através dos mecanismos que a própria Sudene tem, de estabelecer financiamento, incentivos fiscais ou recursos para pesquisas e desenvolvimentos", pontuou.
Marcas da desigualdade
Ainda segundo o superintendente da Sudene, o Nordeste ainda tem marcas da desigualdade na educação infantil.
"Temos, no Nordeste, pouco mais de um terço da faixa de até seis anos garantindo esse direito, abaixo da média nacional. Cabe à Sudene, quanto a órgão de articulação, integração, mobilização, fazer a materialização dessa política dialogando com governadores, com os municípios e a iniciativa privada, que tem papel importante para complementar essas parcerias", explicou.
Tema deve ir além
A vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão, afirmou que a pauta da primeira infância deve ir além. De acordo com ela, o tema deve, sim, ser abordado. Contudo, ela enfatizou que a pauta de gênero deve estar totalmente interligada ao assunto.
“Basta a gente parar para pensar quem gesta essa primeira infância. Toda essa discussão recai sobre as responsabilidades das mulheres. Claro que queremos uma sociedade onde haja partilha de cuidados, mas determinadas coisas ficam sobre cargo e responsabilidade das mulheres. Trabalha na pauta de igualdade de gênero que você terá uma sociedade próspera e uma primeira infância garantida e segura”, salientou a gestora.
“Quando a gente fala da primeira infância, de investimento social, um dos argumentos mais falados hoje em dia, que é o argumento econômico, é que é o melhor investimento social que um governo ou que uma empresa pode fazer", destacou Rogério Morais.
"O ganhador do Nobel de Economia do ano 2000, o professor James Heckman, que ganhou o prêmio com a tese demonstrando esse melhor retorno, prova que para cada dólar investido no cuidado de uma criança nos primeiros anos de vida há um retorno de 14 centavos ao ano para o resto da vida do cidadão”, disse ele.
Embaixadores da 1ª infância
Antes de tornar definitivo, o acordo entre o Instituto Pipa e Sudene passará por maiores estudos e aprofundamentos por parte das companhias para analisar as viabilidades de implementação.
“Tem empresário que talvez já saiba a força da primeira infância e essa lógica de investir na base, mas tem muito empresário que nunca ouviu falar sobre esse estudo de James Heckman. Hoje a gente tem argumentos científicos muito fortes, estudos mostrando do ponto de vista neurológico, de desenvolvimento cerebral, estudo econômico, que mostram melhora de toda a trajetória escolar do estudante, aumentando a chance de ele chegar no ensino médio. Aumenta a chance dele chegar no ensino superior, consequentemente, aumenta a renda média do país”, afirmou diretor executivo do Instituto Pipa.
“A gente entende que há um momento muito positivo para a causa da primeira infância em Pernambuco. Você vê o prefeito João Campos priorizando, você vê a governadora Raquel também priorizando. Caruaru, inclusive, é uma das cidades que prioriza muito a causa”, complementou Rogério.
Em 2024, o governo do estado de Pernambuco destinou mais de R$ 2 bilhões para a primeira infância em áreas como saúde, educação, assistência social, através da emenda do Orçamento da Criança. Esta foi a primeira vez que o Estado incluiu um orçamento específico para essa faixa etária.