Síndrome de Guillain-Barré: quantos casos há no Brasil?
No Brasil são estimados cerca de 535 casos por ano de doença que levou o Peru a declarar emergência
O governo peruano declarou emergência nacional de saúde por 90 dias, neste domingo, devido a um surto incomum de casos de síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune considerada rara que afeta o sistema nervoso. O país registrou a morte de quatro pessoas pela condição.
A síndrome se manifesta como uma fraqueza muscular progressiva que surge em um período de duas a quatro semanas e pode afetar o sistema respiratório. Um de seus sintomas mais frequentes é o formigamento e a falta de força nas extremidades. Ela costuma ser provocada por um processo infeccioso anterior.
Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, diversas infecções são associadas à Síndrome de Guillain-Barré, sendo a causada pelas bactérias Campylobacter, que provoca diarreia, a mais comum. A doença leva o próprio sistema imunológico a atacar partes do sistema nervoso que conectam o cérebro com outras partes do corpo.
Outras infecções encontradas na literatura cientifica que podem desencadear essa doença incluem Zika, dengue, chikungunya, citomegalovírus, vírus Epstein-Barr, sarampo, vírus de influenza A, hepatite A, B, C, HIV, entre outros. Muitos vírus e bactérias já foram associados temporalmente com o desenvolvimento da Síndrome de Guillain Barré, embora em geral seja difícil comprovar a verdadeira causalidade da doença.
Ainda segundo o órgão brasileiro, a maior parte das pessoas percebe como primeiros sintomas da síndrome uma sensação de dormência ou queimação nas extremidades dos membros inferiores (pés e pernas) e, em seguida, nos superiores (mãos e braços).
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O Ministério afirma que são registrados de 1 a 4 casos da síndrome a cada 100 mil pessoas anualmente no Brasil, especialmente entre os 20 e 40 anos de idade. Levando em conta que o país tem, atualmente, uma população de 214 milhões de habitantes, estima-se que possa ter cerca de 535 casos da doença no país por ano.
Quais são os sintomas da Síndrome de Guillain-Barré?
Sonolência;
Confusão mental;
Coma;
Crise epiléptica;
Alteração do nível de consciência;
Perda da coordenação muscular;
Visão dupla;
Fraqueza facial;
Tremores;
Redução ou perda do tono muscular;
Dormência, queimação ou coceira nos membros.
Dor neuropática lombar (nervos, medula da coluna ou no cérebro) ou nas pernas pode ser vista em pelo menos 50% dos casos. Fraqueza progressiva é o sinal mais perceptível ao paciente, ocorrendo geralmente nesta ordem: membros inferiores, braços, tronco, cabeça e pescoço.
O principal risco é quando ocorre o acometimento dos músculos respiratórios. Nesse último caso, a síndrome pode levar à morte, caso não sejam adotadas as medidas de suporte respiratório, tendo em vista que coração e pulmões param de funcionar.
Segundo o ministério da saúde, aproximadamente 5% a 15% dos casos podem evoluir para óbito, geralmente resultante de insuficiência respiratória, pneumonia aspirativa, embolia pulmonar, arritmias cardíacas e sepse hospitalar.
Tratamento
A síndrome não tem cura, porém há tratamentos que conseguem aliviar os sintomas e impedir o avanço da doença. Ele pode envolver medicamentos como imunobiológicos, procedimentos de transfusão de plasma sanguíneo e técnicas de reabilitação.
No Brasil, a doença não é de notificação compulsória. O país conta hoje com 136 Centros Especializados em Reabilitação, que atendem pacientes com a Síndrome de Guillain-Barré pela rede pública de saúde.