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guerra na ucrânia

Sirenes, mísseis e drones fazem parte do dia a dia dos ucranianos em Kiev

Nesta madrugada, segundo sites da Ucrânia, os russos lançaram um ataque contra instalações militares

Pessoas ao lado de entrada de abrigo antibombas em Kharkiv, na UcrâniaPessoas ao lado de entrada de abrigo antibombas em Kharkiv, na Ucrânia - Foto: Sergey Bobok / AFP

No final da tarde de terça-feira (28) ouvi pela primeira vez as sirenes tocarem em Kiev e confesso que fiquei impactada. Esse impacto durou apenas alguns segundos, porque rapidamente percebi que os ucranianos e estrangeiros ao meu redor estavam tranquilos, afinal, eles ouvem sirenes com frequência e já sabem quando há motivos para se preocupar. Todos continuamos conversando, como se nada estivesse acontecendo.

Nesta madrugada, a situação foi diferente. Estava dormindo e fui acordada por uma colega jornalista, após as sirenes tocarem duas vezes. Recebemos a orientação de descer ao abrigo do hotel, levando nossos passaportes, celulares e o que mais conseguíssemos pegar rápido. Eram 4 da manhã em Kiev, mas sabíamos que grande parte de seus moradores estavam acordados, em abrigos espalhados pela cidade.

Os ucranianos e estrangeiros que moram na Ucrânia têm em seus celulares aplicativos que avisam quando existe uma situação de risco e indicam se, em cada caso, é preciso ir até um abrigo.

Em tempo real, os aplicativos informam que tipo de míssil ou drone foi lançado pela Rússia, por onde ele está passando e, finalmente, qual foi o objetivo atingido. Nesta madrugada, sabíamos que os mísseis passariam perto de Kiev, mas durante algum tempo não tínhamos certeza sobre quão perto ele poderia chegar. Negar o medo é inútil, e nessas horas a única alternativa é aprender a administrá-lo.

Enquanto esperávamos no abrigo, contactamos fontes ucranianas, que nos pediram que ficássemos lá até nova ordem. Ninguém estava em pânico, os ucranianos já aprenderam a atravessar este tipo de situações com relativa calma, o que acaba ajudando a acalmar quem está com eles. Ficamos todos olhando os aplicativos, tentando entender o que estava acontecendo, se o míssil passaria por Kiev e se, de fato, estávamos seguros.

No total, fiquei pouco mais de uma hora no abrigo. Por volta das 5 da manhã (23h de quarta-feira em Brasília) um dos aplicativos que consultamos confirmou que a Rússia lançou, além de mísseis, drones UAV “Shahed”, que atravessaram várias regiões do país e, um deles, atingiu Khmelnytska. De acordo com o site ucraniano Pravda.com, nesta madrugada os russos "lançaram um ataque com mísseis contra instalações militares e infraestruturas críticas da Ucrânia, utilizando 19 mísseis e 32 "Shahedy". Todos os drones e 7 mísseis de cruzeiro foram abatidos”.

Exatamente às 05h19 hs (23h19 de quarta-feira, em Brasília), um dos aplicativos indicou que “o alerta terminou em Kiev”. Respiramos aliviados. Foi uma madrugada difícil, na qual várias sensações se misturaram. Também foi difícil voltar a dormir.

Nesta manhã, uma ucraniana que conheci esses dias me escreveu perguntando se eu tinha ouvido as sirenes e ido para um abrigo. Respondi e imediatamente mudamos de assunto. Foi, para os que já estão acostumados, apenas mais uma noite de sono interrompida por sirenes.

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