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Siso pode matar? Davi, do BBB24, começou a sentir as dores do dente e levantou essa dúvida

Apesar de ser uma cirurgia comum e segura, procedimento necessita de cuidados principalmente no pós-operatório

Davi, participante do BBB24Davi, participante do BBB24 - Foto: Reprodução/Instagram

O participante do BBB 24, Davi, se queixou de dores no dente do siso. O baiano disse que seu terceiro molar está nascendo e que preferia até comer “de um lado só” por conta do incômodo que está sentindo. Em uma conversa an casa, ele se questionou: “Será que o dente siso mata?”.

Segundo dentistas, os dentes do siso geralmente não representam riscos, sendo considerado uma cirurgia segura e muito comum no país, porém, como qualquer intervenção cirúrgica há riscos e é necessário tomar certos cuidados antes, durante e após a cirurgia para evitar infecções e possíveis riscos maiores.

Em maio do ano passado, duas pessoas morreram após complicações decorrentes de uma extração do dente siso na cidade de Leme, em São Paulo, e em Fortaleza, no Ceará. Os sisos são terceiros molares que se formam por volta dos 15 anos e emergem na boca cerca de três anos mais tarde. No entanto, a evolução fez os seres humanos não precisarem mais dos dentes extras, com algumas pessoas até mesmo nascendo sem eles.

Com isso, quando o novo dente começa a emergir, o ortodontista avalia, por meio de exames de imagem, se ele está na posição correta, sem afetar nervos e estruturas próximas, e se há espaço na boca para o seu nascimento. Quando não há empecilhos, geralmente não é recomendada a extração. Porém, quando o dente traz riscos, pode ser indicada a remoção.

“Muitas vezes, os dentes do siso ficam presos ou encaixados no osso ou simplesmente não saem. Isto pode causar sobreposição ou deslocamento de outros dentes ou levar ao desenvolvimento de cárie dentária localizada. Se o dente erupcionar parcialmente ele pode vir a gerar um quadro infeccioso inflamatório, que é conhecido por pericoronarite, gerando muita dor, inchaço facial, inchaço na gengiva, mau odor e irritação local. Além de todos estes itens, estes dentes ainda podem ser responsáveis por fortes dores faciais e enxaquecas por comprimir os feixes nervosos, dependendo da sua posição dentro dos ossos maxilares”, explica publicação sobre o tema na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde.

Quais os riscos da retirada do siso?
Todos os sisos podem inclusive ser removidos de uma só vez. Mas, como é uma cirurgia, há riscos envolvidos no processo, como sangramentos, lesões nos nervos dos dentes e infecções no local – como ocorreu com os pacientes que morreram em Leme e Fortaleza.

"Toda cirurgia tem risco, uma vez que você abre e expõe o meio interno com o meio externo. Se o paciente precisa fazer o siso e está com a boca contaminada, por exemplo, o risco é muito maior. O que fazemos é, se o paciente está com gengivite, com cárie, nós cuidamos disso primeiro para depois extrair o siso" explica a cirurgiã-dentista Danielly Moura, especialista em implante e prótese pela Universidade Europeia Miguel de Cervantes (UEMC).

Esses riscos de contaminação existem porque a região é exposta, e patógenos como bactérias e vírus podem infectar o local. Se caírem na corrente sanguínea, eles podem ainda levar a infecção para outras partes do corpo, quadro considerado mais grave.

Por isso, algumas pessoas que têm doenças que afetem a coagulação sanguínea, por exemplo, nem podem ser submetidas à cirurgia. Além disso, os especialistas reforçam a importância de o procedimento ser realizado com profissionais da odontologia devidamente capacitados para fazer a extração e em locais adequados, para reduzir o risco.

"Nós garantimos a segurança conhecendo o paciente verdadeiramente. Entendendo que ele é único e, por isso, a avaliação é individual. Então pedimos exames laboratoriais de sangue, radiológicos, algumas vezes até tomografias, para termos certeza com base nesse conjunto de informações que o paciente está apto para naquele momento fazer a extração. Se isso não for feito, é uma bomba relógio, não sabemos o que pode acontecer" diz Danielly, que também é CEO da harmonyface cursos.

Quando acender o alerta?
Normalmente, a dor e o inchaço decorrentes da operação começam a regredir depois de 24 a 48 horas. Mas, em caso de sintomas como febre alta, sangramento excessivo, dor intensa que não passa com medicamentos, dor que irradia para outras regiões da face ou do pescoço e inchaço que não reduz, ou que até mesmo aumenta, depois desse período, a orientação é buscar a avaliação do dentista que pode identificar se é um caso de infecção, e dar início ao tratamento.

Mas, embora os riscos possam soar como um alerta, os especialistas reforçam que, se todos os cuidados forem seguidos, é um procedimento seguro e que as complicações são raras. Entre os cuidados importantes estão realizar a cirurgia com um profissional adequado e no local apropriado, seguir as orientações do pós-operatório, como ingerir os medicamentos recomendados pelo profissional, não fumar, não realizar escovações excessivas ou movimentos bruscos com a boca, evitar esforço físico, manter a área higienizada, fazer compressas de gelo na região para evitar o inchaço, não mastigar comidas duras na região nos primeiros dias, entre outros cuidados.

"O paciente precisa ser cooperativo com o que pedimos. Se dizemos que não pode falar tanto, e ele abre a boca diversas vezes até estourar o ponto, o risco de um problema pós-operatório é aumentado" reforça Danielly.

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