Sistema de registro de doses de vacina contra Covid têm instabilidade, dizem cidades
Prefeituras encontram dificuldade para usar o login do sistema criado pelo Ministério da Saúde, para registro das doses aplicada
Um novo sistema criado pelo Ministério da Saúde para que municípios possam registrar as doses aplicadas de vacinas contra Covid começou a funcionar na quarta-feira (20), mas tem registrado problemas no acesso.
A situação foi relatada por municípios ouvidos pela reportagem e confirmada pelo Ministério da Saúde.
Segundo as prefeituras, o principal problema ocorre no login do sistema, mas há também outros impasses. Em nota, a pasta admite que há instabilidade e associa o problema "à grande demanda de novos cadastros".
Com a dificuldade em enviar os dados, algumas cidades têm usado anotações em papel ou em uma planilha de Excel até que a situação seja resolvida.
Na prática, com o atraso no registro eletrônico, o país ainda não tem um panorama das doses aplicadas contra a Covid.
A previsão era fazer isso por meio de uma nova versão do SI-PNI, já usado pelo Programa Nacional de Imunizações, de forma que seja possível acompanhar quem já foi vacinado e organizar a oferta de segunda dose.
O início da vacinação, no entanto, ocorreu antes mesmo que a plataforma começasse a funcionar -o que ocorreu a partir de quarta, mas com dificuldades.
A instabilidade é apontada por capitais, como Brasília, por exemplo. "A conexão com a internet nos pontos de vacinação é rápida, mas o sistema está instável e travando", diz em nota a Secretaria de Saúde do Distrito Federal.
Em Maceió (AL), com a instabilidade, o registro das doses aplicadas estava ocorrendo nesta quinta-feira (21) em uma planilha recomendada pelo Ministério da Saúde.
Alternativa semelhante foi adotada em João Pessoa (PB), mas em uma planilha elaborada pela própria Secretaria Municipal de Saúde com as variáveis do sistema, "que não está funcionando adequadamente e possivelmente seja pelo grande número de acessos ao mesmo tempo em todo país", aponta.
Segundo a secretaria, os técnicos que atuam na imunização "estão encontrando dificuldade em fazer o login, devido a instabilidade no sistema (muitas vezes está fora do ar)".
"As informações estão sendo captadas e armazenadas de forma manual, para depois, quando o sistema estiver funcionando normalmente, os dados serão inseridos no sistema", afirma a secretaria municipal.
Em outros lugares, o registro ainda não havia começado por causa do treinamento de técnicos ou era feito em sistemas próprios, que ainda devem ser integrados ao Ministério da Saúde.
É o caso de Salvador (BA) , que criou uma plataforma dentro do sistema Vida+, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde. A ferramenta contabiliza o número de vacinados contra a Covid em tempo real.
O mecanismo trabalha a partir da notificação que o vacinador prescreve na ferramenta online por meio do CPF ou do cartão do Sistema Único de Saúde do paciente imunizado. Também são informados dados do fabricante da vacina e lote.
Segundo a prefeitura, a intenção é que os dados migrem para a plataforma do Ministério da Saúde até domingo (24). Medida parecida deve ocorrer em São Paulo, que também adotou um sistema próprio.
Em meio aos problemas, o Ministério da Saúde colocou no ar um painel no qual devem ser informadas as doses já aplicadas, mas ainda sem todos os dados.
Até a noite desta quinta, a plataforma, chamada de "Brasil Imunizado" -slogan adotado pelo governo para a campanha- apontava apenas 2.535 doses aplicadas.
Técnicos ouvidos pela reportagem e que acompanham o sistema, no entanto, dizem que já há mais de 30 mil registros catalogados, mas que ainda precisam ser incluídos.
O número, no entanto, ainda é muito inferior ao já provavelmente aplicado. Só em São Paulo, por exemplo, o "vacinômetro" criado pelo governo do estado apontava 52.470 vacinados até a noite desta quinta.
Em nota, o Ministério da Saúde diz que o sistema de registro "já está funcionando, porém, o processo de autenticação (login) encontra-se instável, face à grande demanda de novos cadastros/usuários e perfis".
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"A equipe técnica vem atuando para corrigir o problema, a previsão é que nas próximas 24 horas o sistema retorne à estabilidade", afirma.
A pasta acrescentou que estados e municípios que optaram por não usar o sistema do Ministério da Saúde precisam enviar seus registros por meio da plataforma de integração, que foi acordada com governos e prefeituras.
Ainda de acordo com o ministério, "os dados de doses aplicadas e coberturas vacinais serão disponibilizados no LocalizaSUS". O painel, no entanto, ainda está em fase de conclusão e deve entrar no ar nos próximos dias.
"Cabe esclarecer que os dados de doses aplicadas e coberturas vacinais, disponibilizados no LocalizaSUS, dependem dos estados e municípios alimentarem o sistema", afirma a pasta.