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guerra no oriente médio

Sob cerco de Israel, principal hospital de Gaza enterra 179 corpos, incluindo bebês, em valas comuns

Entre os mortos, estão sete bebês prematuros que morreram devido à falta de eletricidade na unidade de saúde de território palestino

Vítimas que foram mortas no bombardeio israelense do lado de fora do hospital Al-Shifa, na cidade de GazaVítimas que foram mortas no bombardeio israelense do lado de fora do hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza - Foto: Dawood Nemer/AFP

O diretor do principal hospital de Gaza, al-Shifa, sob intenso cerco de Israel, informou nesta terça-feira (14) que 179 corpos foram enterrados em uma "vala comum" nas instalações do centro de saúde. Entre os corpos, estão sete bebês prematuros que morreram devido à falta de eletricidade no hospital de território palestino.

"Fomos obrigados a enterrá-los em uma vala comum. Há corpos espalhados pelos corredores do complexo hospitalar e as salas refrigeradas do necrotério não têm mais eletricidade" disse Mohamad Abu Salmiya, diretor do hospital al-Shifa, referindo-se à escassez na Faixa de Gaza devido à guerra e ao cerco imposto por Israel em 9 de outubro.

"Uma mulher e um homem que estavam na UTI morreram" na terça-feira, relatou o médico. No total, sete bebês prematuros e 29 pessoas hospitalizadas na unidade para pacientes graves faleceram desde que a eletricidade foi cortada no sábado.

Um jornalista que colabora com a AFP e está dentro do local afirmou que o cheiro dos corpos em decomposição é insuportável. Os combates e bombardeios continuaram durante toda a noite, segundo o repórter, embora tenham sido menos intensos do que nas noites anteriores.

Tanques israelenses estão nesta terça-feira às portas do hospital de al-Shifa, que, segundo Israel, esconde uma posição de comando estratégica para o Hamas. Embora Israel diga que não tem como alvo os hospitais diretamente, reconheceu "confrontos" em torno da unidade e outras instalações.

Por sua vez, o Hamas e a administração do hospital têm negado recorrentemente a acusação israelense, argumentando que o Estado judeu utiliza a narrativa como pretexto para justificar ataques indiscriminados contra civis.

Segundo a diretora da ONG Assistência Médica aos Palestinos, com base no Reino Unido, Melanie Ward, a situação é "além de horrível":

"A razão pela qual os bebês estão morrendo não é porque não têm incubadoras... O que os está matando é a falta de combustível fornecido ao hospital, pois Israel está impedindo-o de obtê-lo" disse à BBC.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que mais de metade dos hospitais de Gaza, 22 dos 36, estão agora "não funcionais". As Nações Unidas acreditam que milhares, e talvez mais de 10 mil pessoas, entre pacientes, funcionários e civis deslocados, podem estar dentro do al-Shifa e incapazes de escapar devido aos violentos combates nas proximidades.

O conflito eclodiu depois que, em 7 de outubro, comandos do movimento islamista palestino Hamas lançaram um ataque em Israel, deixando 1.200 mortos, segundo as autoridades israelenses. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que já causou mais de 11.200 mortes em Gaza, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, alertando que o número pode ser ainda maior devido às dificuldades de contar os corpos diante dos disparos do Exército israelense contra ambulâncias e funcionários de saúde. (Com agências internacionais.)

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